O NASCIMENTO DO REDENTOR
Os Evangelhos começam com a revelação da vinda do redentor de Israel. Nosso
estudo focalizará maneiras de revelação no NT. A Sua vinda cumpriu as profecias do
AT. Passaremos, portanto, a examinar as verdades teológicas envolvidas na vinda do
Messias.
O alicerce no AT
As narrativas do nascimento do Redentor, registradas nos Evangelhos,
podem ser divididas em dois grupos, sendo que ambos têm suas raízes no AT. O
primeiro grupo consiste nas várias proclamações feitas pelos anjos antes do
nascimento do Messias. O segundo grupo consiste no testemunho de vários
indivíduos quanto à chegada do Messias. Essas proclamações foram um alicerce
sólido para a Teologia messiânica do NT. Remontam até ao passado no AT, e
também esperam para o futuro próximo o cumprimento do plano divino da
redenção
O anjo disse a Zacarias que o filho deste viria
no poder e no ministério de Elias (Lc 1.11-22). A Maria foi dito que seu filho seria
chamado “filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai” (Lc
1.32). A promessa dada no AT de um rei vindouro para reinar no trono de Davi seria
cumprida no Filho de Maria.
Concluímos, portanto, que os nascimentos de João Batista e de Jesus eram
cumprimentos das profecias do AT.
Cumprimento na redenção
Deus tinha mantido Sua revelação da redenção suspensa por quase 400 anos.
Agora, através do ministério do Espírito Santo, bem como em proclamações por
anjos, Ele revelou o cumprimento iminente de Sua promessa da redenção na chegada
do Redentor. Por que o anjo disse a José que o filho seria chamado “Jesus”?
O anjo
responde à nossa pergunta: “[...] porque ele salvará o Seu povo dos seus pecados”
(Mt 1.21). Este nome redentor para o Messias indicava que algo antigo e novo estava
para acontecer em Israel. Era algo antigo porque estava em harmonia com a promessa
da redenção que se acha no AT. Jeremias declarou a promessa de Deus: “[...] porque
lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados” (Jr
31.34). Era algo novo porque Israel tinha perdido de vista a necessidade para a
redenção do pecado. A nação passara a se preocupar exclusivamente com seu
livramento de Roma.
A profecia de Zacarias a respeito de seu próprio filho, João, também dizia a respeito
da redenção: “[...] hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos, para dar
ao Seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados” (Lc 1.76-77).
Conforme comentou certo escritor a respeito do impacto da profecia de Zacarias:
João não podia salvar as pessoas. Nenhum homem poderia fazer isso.
Mas podia chamar as pessoas ao arrependimento e contar-lhes a
respeito daquele que as podia, de fato, salvar.
A graça e a misericórdia de Deus
A graça não começou com o NT. Desde o início do AT, a graça de Deus era o
princípio fundamental para o relacionamento entre o homem e Deus. A tragédia é que
Israel perdeu de vista esta verdade e substituiu-a por um relacionamento baseado na
Lei, conforme definida nos pormenores minuciosos da tradição oral. A tradição legal
teve licença de eclipsar a graça de Deus. Veja, porém, como começa o NT!
Mais uma vez, a misericórdia e a graça de Deus são reveladas desde as
primeiras páginas. Deus não esperou até que Israel merecesse ser liberto dos seus
inimigos (o que era ensinado pelos rabinos). Pelo contrário, desde o próprio início
as ações de Deus para com Israel baseavam-se no princípio inalterável de sua
graça e misericórdia. Maria, por exemplo, reconheceu este princípio no seu cântico.
Duas vezes, ela ligou a atividade redentora de Deus com a Sua misericórdia. Leia
o que ela cantou: “E a sua misericórdia é sobre os que o temem”; “Auxiliou a
Israel seu servo, recordando-se de sua misericórdia” (Lc 1.50; 1.54). De acordo
com Zacarias, a graça e a misericórdia de Deus estavam evidentes no nascimento
de seu filho João Batista (Lc 1.72). Reconhecia, também, que a derradeira
consequência da graça de Deus seria o livramento de Israel e sua redenção do
pecado (Lc 1.78).
Esta Teologia da graça era o inverso total da so total da Teologia judaica eologia judaica daqueles dias.
Certo escritor expressou o contraste entre a ideia judaica contemporânea da graça e
apresentação da graça no NT, como segue:
A sequência judaica é: Israel deve primeiro cumprir a Lei, e
então, à guisa de recompensa, O Messias aparecerá.
A nova
sequência é: o Messias aparecerá primeiro, como dádiva da graça divina e, por meio dele, Israel será capacitado a prestar a
obediência apropriada.
A vinda do Senhor e a vinda do Messias
Havia duas linhas proféticas no AT. Uma delas previa a vinda do próprio
Senhor em uma teofania suprema (Is 40.3-5; Ml 3.1-3). A outra esperava a vinda do
Messias no ato do livramento final para Israel (Zc 9.9-10; Mq 5.2).
Os Evangelhos combinam essas duas linhas de profecias, na vinda do Redentor
Messiânico. Examine as palavras do anjo dirigidas a Maria: “[...] e o Senhor Deus lhe
dará o trono de Davi seu pai” (Lc 1.32). Considere, agora, as palavras de Isabel a
Maria: “[...] E donde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu
Senhor?” (Lc 1.43). Finalmente, Zacarias disse ao seu filho recém-nascido: “[...] porque
hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos” (Lc 1.76).
Podemos combinar essas duas correntes proféticas nas referências acima como
alusões ao mesmo evento: a vinda do Redentor Messiânico. A promessa da vinda do
Senhor e a da vinda do Messias foram igualmente cumpridas no nascimento de Jesus.
Essa verdade também é ilustrada para nós nos dois nomes dados ao Messias quando
foi anunciado o seu nascimento vindouro. Em primeiro lugar, há o nome Jesus que lhe
foi dado porque Ele salvaria os homens dos pecados deles. Em segundo lugar, há o
nome Emanuel que, como se sabe, significa Deus conosco (Mt 1.21 e 23).
O Espírito Santo na missão da redenção
O ministério do Espírito Santo ficara oculto a Israel durante o período
intertestamentário. Agora, já nas páginas introdutórias do NT, há uma renovada
atividade do Espírito. Por exemplo, tanto Isabel quanto Zacarias estavam cheios do
Espírito Santo quando profetizaram (Lc 1.41,67). Mais uma vez, assim como no AT, a
mensagem profética estava associada ao ministério do Espírito Santo. O papel principal
do Espírito no período inicial do NT foi o nascimento do Redentor. É claro que
consideraremos este fato com maiores detalhes quando estudarmos o nascimento
virginal do Messias. Leia, por enquanto, as seguintes referências: Mt 1.18-20 e Lc 1.35.
A missão universal da redenção
A literatura apocalíptica deleitava-se em antegozar a destruição das nações
gentílicas por Deus. A Assunção de Moisés registra que: “o altíssimo se levantará [...]
e aparecerá para castigar os gentios [...] e então tu, ó Israel, estarás feliz”. Nada
poderia ter ficado mais longe da mentalidade judaica do que a mensagem da redenção,
porque seria aplicada tanto aos judeus quanto aos gentios. No entanto, é exatamente
isso, que vemos nas palavras de Simeão quando tomou nos braços a criancinha que era
o Messias. Declarou que Jesus seria “Luz para alumiar os gentios” (Lc 2.32). Citava de
Is 42.6 e 49.6 que indicam a missão redentora universal do Messias vindouro.
Você deve ter notado que nosso resumo da revelação que diz respeito à chegada
do Messias tem se concentrado no elo entre a promessa no AT e o cumprimento no NT.
O fundamento teológico do NT é a verdade sólida do AT. Passaremos, agora, para o ministério e a mensagem de João Batista. Tem sido dito que ele era o último profeta do
AT e o primeiro profeta do NT. É de se esperar, portanto, que acharemos nele uma
continuação da ligação entre a mensagem do Antigo e o Novo Testamento.
A MENSAGEM DE JOÃO BATISTA
Não há dúvida que João Batista despertou a consciência religiosa de Israel.
Mateus registra: “Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província
adjacente ao Jordão” (Mt 3.5). Ele não era, portanto, um agitador. Não viera a Israel
com uma mensagem política, mas com uma que pretendesse fazer voltar o coração do
povo a Deus. A mensagem de João Batista oão Batista dizia respeito ao juízo divino vindouro e à
necessidade do povo de Israel arrepender-se a fim de escapar a esse julgamento.
Um julgamento vindouro (Mt 3.7-12)
Já notamos como os judeus antegozavam o dia em que Deus julgaria as nações
gentílicas. Acreditavam que esse julgamento seria tanto rápido quanto definitivo. João
Batista, por outro lado, anunciou que esse julgamento vindouro também afetaria Israel.
Segundo ele, a descendência física de Abraão não é uma salvaguarda contra o
julgamento divino (Mt 3.9). Por isso, o Batista conclamou o povo a preparar-se para o
julgamento vindouro.
Como Israel devia se preparar para o julgamento divino vindouro? Diz-se que
os escritos apocalípticos, que influenciaram tão grandemente a teologia judaica, não
continham qualquer ensinamento ético. Não havia nenhum apelo para que a nação se
posicionasse firmemente a favor da retidão. Afinal de contas, os escritos apocalípticos
ensinavam que ser membro da nação de Israel bastava para garantir a bênção de Deus.
Mas bastava mesmo? A resposta de João Batista foi um Não! decisivo. A única
maneira do povo poder preparar-se para esse julgamento era através de uma
reconciliação com Deus mediante o arrependimento pessoal.
A necessidade de arrependimento (Mt 3.2)
Não tenha dúvidas quanto a isso: o arrependimento está no âmago da
mensagem do Evangelho. Isso fica claro pelo fato que João Batista anunciou a
necessidade do arrependimento já no início de Seu ministério a Israel. Podemos entender melhor o impacto de João Batista sobre Israel examinando o pano de fundo
da Teologia do arrependimento. Para fazer isso, daremos uma outra olhada
retrospectiva no AT, e, em seguida no conceito de arrependimento que os judeus
tinham nos dias do NT.
Arrependimento no AT
Em muitas ocasiões, os profetas conclamavam a nação de Israel a
arrepender-se de seu pecado. O arrependimento envolvia um processo duplo.
Primeiro, o pecado deveria ser abandonado deliberadamente. Conforme disse
Ezequiel: “Convertei-vos, e deixai os vossos ídolos; e desviai os vossos rostos de
todas as vossas abominações” (Ez 14.6). Em segundo lugar, o arrependimento
devia envolver uma volta deliberada a Deus. Isaías combinou essas duas ideias na
sua chamada a Israel: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus
pensamentos, e se converta ao Senhor [...]” (Is 55.7). Deve ser enfatizado que os
profetas não falavam do arrependimento como simplesmente um ato externo ou uma
cerimônia religiosa. Pelo contrário, o arrependimento exigia a dedicação interior da
totalidade do coração. Conforme disse Joel a Israel: “[...] rasgai o vosso coração, e
não os vossos vestidos” (Jl 2.13).
O arrependimento nos livros apócrifos
De acordo com os livros apócrifos, não havia nenhuma necessidade para Israel
arrepender-se. As bênçãos de Deus eram obtidas por meio da obediência à Lei. Os atos
de obediência deviam pesar mais do que os atos de desobediência, na balança da justiça
de Deus. Enquanto os atos de obediência pesavam mais do que os atos de desobediência,
não havia necessidade de arependimento. Já vimos que o AT era específico na sua
chamada para Israel arrepender-se. Israel, no entanto, perdeu esta verdade de vista. O
mandato de João Batista era fazer voltar à verdade do arrependimento genuíno.
A teologia do arrependimento de João Batista
Da mesma maneira que seus antecessores no AT, João Batista rejeitava a ideia de
que Israel possuísse um saldo credor de retidão diante de Deus. Sua mensagem era
nítida e clara. O arrependimento era a única maneira de escapar do julgamento divino
vindouro. Além disso, a sinceridade desse arrependimento devia ser demonstrada em
uma atitude ética e conduta radicalmente nova (Mt 3.8 e 10). João incluiu todos os
níveis da sociedade judaica na sua chamada ao arrependimento:
as multidões > Lc 3.7
os publicanos > Lc 3.12,13
os soldados > Lc 3.14
os líderes religiosos > Mt 3.7-9
É nesse contexto do julgamento vindouro e do arrependimento necessário que
agora voltaremos nossa atenção à significância teológica do rito do batismo de João.
O batismo do arrependimento (Mt 3.6 e 11; Mc 1.4 e 5; Lc 3.2 e 3)
Israel acreditava ter a bênção de Deus simplesmente porque era o povo
escolhido. Os gentios convertidos ao judaísmo, por outro lado, tinham que submeterse
a uma forma de purificação cerimonial nunca aplicada aos membros da nação de
Israel. João Batista veio com uma mensagem diferente. Pregava também que os judeus
precisavam submeter-se a um batismo de arrependimento. O que talvez seja mais
surpreendente é que a mensagem de João Batista foi rapidamente correspondida nos
corações de muitos (Mc 1.5). Israel tinha consciência de sua carência espiritual? Sabia
aquele povo que sua identidade nacional e sua submissão à escravidão legalista
religiosa o deixara totalmente insatisfeito? Acho que a resposta a essas duas perguntas
é positiva.
Qual era a significância do batismo de João? O batismo de João visava ser a
expressão externa do arrependimento interno que restaura o relacionamento com
Deus mediante o perdão do pecado. Este perdão não é concedido mediante a
submissão ao ato exterior do batismo de João. Pelo contrário, o batismo era para ser
a demonstração exterior e pública do perdão que já fora recebido por causa de um ato
interior de arrependimento, já realizado.
Como João Batista apresentou Jesus a Israel
como Messias. Veremos, também, que João reconhecia a vinda doutra forma de
batismo, o batismo messiânico. Examinaremos, ainda, como João interpretava a missão
do Messias.
APRESENTANDO O REDENTOR A ISRAEL
João Batista tinha a responsabilidade incomparável de apresentar o Redentor
Messiânico ao Seu povo (Mt 3.3; Mc 1.2,3; Lc 3.2-6). Como João cumpriu essa
responsabilidade à nação? Como apresentou ao povo o Messias, que era esperado
desde muito tempo?
As respostas a estas duas perguntas acham-se naquilo que João Batista disse ao
povo a respeito do Messias. Sua apresentação do Messias é de importância vital para
nosso estudo da Teologia do NT. A interpretação teológica do Messias na Sua Pessoa
e na Sua missão, que aparece posteriormente no NT, segue o padrão estabelecido por
João Batista. Nosso estudo será dividido em duas áreas: o batismo messiânico e a
missão messiânica.
O batismo messiânico (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16)
As pessoas dirigiam a João a pergunta importante: “És tu o Messias?”.
Respondendo, dirigia a atenção delas para longe de si mesmo, para outro, cuja
característica distintiva seria um batismo no fogo e no Espírito Santo. Tem havido
muito debate a respeito daquilo que João queria dizer com este batismo no fogo e no
Espírito Santo. Cremos que podemos distinguir dois elementos centrais neste batismo
messiânico.
Um batismo de bênção
Precisamos voltar de novo ao AT a fim de ver melhor como deve ser
interpretado este batismo. Segundo as profecias do AT, este batismo envolverá um
derramamento do Espírito Santo sobre a nação de Israel (Is 32.15; 44.3-5; Jl 2.28,29).
Este derramamento do Espírito Santo sempre se associava com a vinda do
Messias. O AT ensinava que quando vier o Messias, Israel experimentará uma
transformação espiritual levada a efeito pelo ministério direto do Espírito Santo sobre
a nação. Ezequiel, por exemplo, disse que essa transformação espiritual seria como
uma ressurreição nacional (Ez 36.25-29). Este ministério do Espírito Santo que
acompanhará a chegada do Messias envolverá, também, um processo de purificação.
Note as palavras de Is 4.4: “Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e
limpar o sangue de Jerusalém do meio dela, com o espírito de justiça, e com o espírito
de ardor”. Agora, procure na sua Bíblia, Ml 3.1-3. Note como estes versículos se
relacionam com um processo de refinamento ou purificação.
João Batista aplicou essas profecias à chegada de Jesus, o Messias. O Messias,
conforme João diz, aplicará o processo purificador do Espírito Santo àqueles que
aceitarem Seu ministério e mensagem e, naquele processo de refinação, os tornará
súditos condignos do reino messiânico.
Um batismo de julgamento
A vinda do Messias será uma bênção para aqueles que O aceitarem como seu
Redentor Messiânico. Mesmo assim, a Sua vinda também marcará o julgamento divino
contra aqueles que O rejeitarem.
Vemos esse julgamento vindouro vividamente retratado por João Batista em
Mt 3.1-12. Você notará, ao ler esses versículos, um relacionamento específico entre
o quadro do fogo e do julgamento vindouro. Por exemplo, o v. 10 nos diz que:
“toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo”. No
v. 12, João Batista afirma que: “[O Messias] queimará a palha com fogo que nunca
se apagará”.
De conformidade com João, portanto, a vinda do Messias terá consequências tanto
para os que O aceitarem quanto para os que rejeitarem. Isto pode ser percebido melhor
por meio de combinar entre si as duas ideias associadas com o batismo messiânico.
Já vimos em nossa primeira seção que a bênção messiânica envolverá uma
bênção espiritual para aqueles que aceitarem o Messias. Experimentarão o ministério
purificador do Espírito Santo, que os transformará em povo escolhido para o Reino de
Deus. Por outro lado, conforme vimos em nossa segunda seção, o batismo messiânico
envolverá um julgamento definitivo de fogo que será derramado sobre todos aqueles
que rejeitarem o Messias.
A missão messiânica (Jo 1.29 e 36)
“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Com estas palavras
estarrecedoras, João Batista apresentou o Messias a Israel. Como Israel interpretaria
esta proclamação feita por João?
Sabemos pelo AT que o povo estava acostumado à ideia de um cordeiro
sacrificial. Afinal de contas, um cordeiro era oferecido nos sacrifícios matutinos e
vespertinos (Êx 29.38-42). Quem poderia contar o número dos cordeiros que eram
oferecidos em todas as Páscoas? Mas, com todos estes sacrifícios, nunca havia uma
remoção dos pecados, mas apenas uma lembrança deles e uma provisão do derradeiro
sacrifício vindouro que seria providenciado pelo próprio Deus (Gn 22.8; Is 53). João
Batista lançou mão deste fundo histórico do AT e aplicou-o à chegada de Jesus como
o Messias. É notável que ele foi diretamente contra as expectativas judaicas do Messias.
Aquele que, segundo o conceito popular, viria como guerreiro vencedor, veio, pelo
contrário, como Cordeiro Sacrificial. Levemos essa proclamação de João um passo
adiante: ele aplicava a bênção do perdão, não somente ao povo de Israel, mas também
ao povo de todas as nações. Jesus veio como o Cordeiro de Deus que levaria os
pecados do mundo inteiro.
Chegamos ao auge da mensagem e do ministério de João. Quando chegou o
Messias, a obra de João Batista terminou. Conforme disse o próprio Batista: “É necessário
que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). Conforme temos visto nesta lição, as
revelações do AT e do NT se reuniram nos primeiros anos da narrativa dos Evangelhos.
Os quatrocentos anos do silêncio profético vieram ao fim com a chegada iminente do
Messias. João Batista conclamou a nação a preparar-se para sua chegada próxima:
“Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2).
PORTA, Paul;
Teologia do Novo Testamento : manual de estudos independente por Paul Porta ; ilustrações Gunar Berg de
Andrade. -- Campinas, SP : FAETAD, 2009.