INTRODUÇÃO:
Se você lê os capítulos 37.2 a 50.26, perceberá que se trata da narrativa mais longa de todo o livro e, principalmente, do gênero literário narrativo de toda a Bíblia. Nesta grande seção narrativa, é possível verificar três interrupções na história: a história de Judá (Gn 38); a genealogia dos filhos de Israel que foram ao Egito com Jacó (Gn 46.8-27); e a bênção de Jacó (Gn 49). São três interrupções que suspenderam momentaneamente a sequência da narrativa, o que é um recurso comum no gênero literário narrativo.
Nesta narrativa da vida de José, visando a preservar o povo judeu, chama atenção a ação interventora de Deus: Ele desfaz o mal maquinado pelos irmãos contra José, permitindo que o filho de Jacó ficasse preso por não pecar deliberadamente, mas, logo depois, o salva e o coloca entre os administradores do Egito por intermédio da habilidade de desvendar sonhos. O capítulo 39, versículos 2, 3, 21 e 23, chama a nossa atenção para a repetição dessa expressão: "O Senhor estava com José".
A história de José tem uma importância enorme quando levamos em conta a história da salvação presente na Bíblia, por intermédio do advento do Senhor Jesus Cristo. Em José, a nação de Israel foi preservada da fome e sobreviveu, garantindo a existência do povo de Deus. O único Deus, o Deus de Israel, guiou a história do Seu povo para preservá-lo de todo o mal, a fim de deixar o caminho livre para o advento do Cristo.
Sobre a conclusão da história de José, podemos constatar que o livro do Gênesis inicia a história bíblica com Deus como o Criador de todas as coisas; os seres humanos como a glória da criação divina, mas caídos por causa do pecado que demonstrou o quanto o mal se internalizou no homem; mas, por meio da eleição de um povo, o Senhor iniciou o Seu projeto de criação redentora que, apesar das falhas do povo, foi adiante e culminou na pessoa bendita de Jesus Cristo (Gl 4.4). O livro de Gênesis é o início de uma história de todos aqueles que creem no Senhor como o Salvador sonham e anelam em ver a consumação de todas as coisas. Que o Senhor nos permita viver nesta esperança até a Sua gloriosa vinda. Amém!
1. Filho da afeição. José
era filho de Raquel, a esposa amada de Jacó (Gn 29.18-20,30). Seu
nascimento foi celebrado por sua mãe (Gn 30.22-24). Em hebraico,
José significa Jeová acrescenta.
José é um dos mais atraentes personagens da Bíblia. Ross observa que era um "idealista prático", que no início de sua vida teve sonhos que o animaram e guiaram pelo resto de sua existência. Ele manifestou, talvez, o caráter mais cristão de todas as pessoas descritas no Antigo Testamento. Nota-se a importância de José no fato de que a ele é dedicado quase tanto espaço no Gênesis quanto a Abraão. José é importante porque foi o elo entre a vida nômade dos hebreus em Canaã e sua vida sedentária no Egito.
Deus havia revelado a Abraão
que sua descendência passaria quatro séculos em terra alheia
(Gênesis 15:13-16). A paciência de Deus esperaria até que a
maldade do amorreu chegasse ao ponto máximo antes de destruí-lo e
entregar Canaã aos hebreus. É evidente também a necessidade de que
Israel fosse para o Egito.
Vemos aqui dois pontos importantes do motivo de Deus ter permitido seu povo passar 4 séculos no egito:
1- A aliança matrimonial de
Judá com uma cananéia e sua conduta vergonhosa descrita no capítulo
38 indicam-nos o perigo que havia em Canaã de que os hebreus se
corrompessem por completo e perdessem seu caráter essencial.
No Egito os
hebreus não seriam tentados a casar-se com mulheres egípcias nem a
misturar-se com os egípcios, pois estes desprezavam os povos
pastores (Gênesis 46:34).
2- Tão logo os cananeus
reconhecessem os planos dos israelitas de estabelecer-se
permanentemente em Canaã e assenhorear-se da terra, tê-los-iam
exterminado.
Tal coisa não
sucederia em Gósen. Ali, sob a proteção do poderoso Egito, os
hebreus poderiam multiplicar-se e desenvolver-se até chegar a ser
uma nação numerosa.
Deus usou
a José como instrumento para levar a cabo o plano de transferir seu
povo para o Egito.
Em toda a
vida de José destaca-se a providência divina. A palavra providência
deriva do latim—providere: videre significa "ver" e pro,
"antes". De modo que quer dizer "ver com
antecedência" ou "prever". Deus prevê, e com
isso também prepara os passos necessários para realizar tudo aquilo
que ele prevê.
O dicionário
de Aulete define providência como "A suprema sabedoria
atribuída a Deus com que ele governa todas as coisas", e mais
adiante: "O próprio Deus, considerado como supremo árbitro do
universo."
O dicionário
de Aurélio diz: "A suprema sabedoria com que Deus conduz todas
as coisas." E por extensão: "O próprio Deus."
Em nenhum
outro relato da Bíblia brilha mais a providência de Deus do que
nesta história. Ele lança mão dos desígnios distorcidos dos
homens e os converte em meios para efetuar seus planos (Gênesis
50:20). Dispõe todas as coisas para o bem dos que o amam (Romanos
8:28).
2. Filho da decisão. Talvez
o seu nascimento tenha levado Jacó a munir-se de uma firme atitude
diante de Labão, seu sogro: "Deixa-me ir; que me vá ao meu
lugar e à minha terra" (Gn 30.25). O filho do coração mexeu
com a alma do patriarca que, por longos anos, achava-se exilado em
Padã-Arã. Enfim, chegara a hora de retornar à casa de Isaque, seu
pai.
Nas famílias de Abraão e de
Isaque somente uma pessoa foi herdeira das promessas em cada família.
Mas não houve eliminação de pessoas na de Jacó. Todos os filhos
eram herdeiros da promessa e vieram a ser pais das doze tribos.
A escolha de Jacó exemplifica
magnificamente a graça de Deus. A eleição de Jacó narra continuar
a linhagem messiânica e o concerto abrâmico não dependiam do
mérito humano mas da vontade de Deus (Romanos 9:10-12). Era filho
mais novo e tinha graves falhas de caráter. Deus operou na vida de
Jacó revelando-se a ele, guiando-o na casa de Labão (Gênesis
31:13), protegendo-o de Labão (31:24), e por fim transformando-o em
Peniel. Tudo foi feito por graça, para que em José Ele cumprir os
seus propósitos.
3. Filho dos sonhos. Já
deixando a adolescência, José teve dois sonhos. Assim ele relata o
primeiro deles aos irmãos: "Eis que estávamos atando molhos no
meio do campo, e eis que o meu molho se levantava e também ficava em
pé; e eis que os vossos molhos o rodeavam e se inclinavam ao meu
molho" (Gn 37.7). Embora campesinos e rudes, eles não tiveram
dificuldades em interpretar-lhe o sonho: "Tu deveras terás
domínio sobre nós?" (Gn 37.8).
Nem sempre nossos sonhos são
compreendidos. Mas, se procedem de Deus, certamente se cumprirão no
tempo da oportunidade.
O segundo sonho foi ainda mais
significativo: "E eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se
inclinavam a mim" (Gn 37.9). Ao ouvir o relato, indagou-lhe o
pai: "Porventura
viremos eu, e tua mãe, e teus irmãos a inclinar-nos perante ti em
terra?" (Gn 37.10).
Por causa disso, seus irmãos vieram a odiá-lo. Jacó, entretanto,
tudo guardava no coração. Na
qualidade de profeta e sacerdote de Deus, sabia que algo grandioso
estava para acontecer com o filho sonhador.
A
vida de José está dividida em dois pontos: antes de um sonho e
depois do sonho!
Antes do sonho era um
menino, querido pelo pai e pela mãe. Dividia a casa com muitos
irmãos. E que, antes do sonho, era por todos amado e respeitado.
A
situação mudou depois
do sonho, pois os seus
irmãos sentiram uma inveja mortal devida a profundeza da revelação
do sonho que Deus lhe dera. A
história é conhecida, porque depois do sonho ele sofreu as
piores lutas da sua tenra existência:
1)
Foi lançado dentro de uma cova, pelos seus irmãos;
2)
Foi vendido como escravo;
3)
Foi revendido como escravo no Egito, para um certo Potifar;
4)
Foi acusado de atentado ao pudor, contra a mulher de seu
senhor;
5)
Foi lançado dentro da masmorra do palácio real.
Vale a pena sonhar, mas dura coisa
é pagar o preço pelo sonho. Você está preparado para ser lançado
dentro da cova pelos seus próprios irmãos? Cova cheia de
insetos peçonhentos, sanguessugas, cova profunda e malcheirosa?
E, de lá mesmo, clamar pelo Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, e
este Deus responder assim: Psiuuuuu! Silêncio!...
1. O preço de um jovem.
Os
irmãos de José venderam-no a uns mercadores ismaelitas por vinte
siclos de prata (Gn 37.28).
Avaliaram-no abaixo da cotação do
mercado para a compra de um escravo (Êx 21.32).
Muito antes do tempo de Jesus, já se usava 30 moedas como o preço de um escravo.
Era comum usar unidades de peso
como medida de valor. Entretanto, pela falta de medidas oficiais
universais – como acontece hoje no caso do dólar ou do quilo, por
exemplo –, uma moeda poderia valer X em uma cidade e 2X em outra.
Impossível ser preciso.
De acordo com os historiadores, um
siclo valia entre 11 e 15 gramas. Ou seja, tendo Judas sido subornado
por 30 siclos, ele aceitou entre 330 e 450 gramas de prata.
Hoje em dia, cada grama de prata
vale cerca de R$ 1,60. Então, em números frios, as 30 moedas de
Judas valeriam entre 528 e 720 reais.
As pessoas
socialmente aviltantes não tinham muito valor.
O valor de José,
entretanto, excedia ao do próprio ouro. Tinha um valor incalculávelpara Deus.
José vendido por seus irmãos:
O primeiro passo para situar José no Egito foi ser ele vendido como escravo por seus irmãos invejosos (Capítulo 37). Seus irmãos odiavam-no por vários motivos:
a) José comunicou a seu pai o mal que se propalava a respeito de seus irmãos. Aos dezessete anos foi enviado a seus irmãos para aprender a pastorear ovelhas.
A irreverência e a baixa moralidade deles escandalizaram-no. Os filhos mais velhos de Jacó haviam cedido a certas práticas pagas, fato que se vê na conduta de Judá relatada no capítulo 38. Parece que entre os filhos de Jacó somente José manteve em alta conta as elevadas normas da fé no Senhor. Se José tivesse participado das conversações imundas e da conduta mundana, eles o teriam aceitado como um deles.
b) Jacó amava-o mais do que a seus outros filhos, pois José nasceu na velhice de Jacó e era o primogênito de sua esposa predileta, Raquel. Expressou abertamente seu favoritismo presenteando a José com uma túnica de cores que
lhe chegava até aos calcanhares e margas que iam até às palmas das mãos. Este tipo de vestimenta era usado pelos governantes, sacerdotes e outras pessoas de distinção que não tinham de trabalhar manualmente.
lhe chegava até aos calcanhares e margas que iam até às palmas das mãos. Este tipo de vestimenta era usado pelos governantes, sacerdotes e outras pessoas de distinção que não tinham de trabalhar manualmente.
A túnica dos operários e Pastores não tinha mangas e mal chegava até ao joelho. Os irmãos teriam perguntado entre si:
"Não se dará o caso de que nosso pai entregue a primogenitura a José, fazendo-o nosso chefe no culto e na guerra?" Jacó provocou, pois, a inveja de seus filhos mais velhos.
c) Ingenuamente José contou os sonhos que profetizavam que o restante de sua família se inclinaria diante dele da mesma forma que as pessoas prestavam homenagem aos reis naquele tempo. Em geral, não convém contar tais revelações até que se veja de que forma Deus as executará ou até que Deus mostre que devem ser contadas (ver Mateus 7:6).
c) Ingenuamente José contou os sonhos que profetizavam que o restante de sua família se inclinaria diante dele da mesma forma que as pessoas prestavam homenagem aos reis naquele tempo. Em geral, não convém contar tais revelações até que se veja de que forma Deus as executará ou até que Deus mostre que devem ser contadas (ver Mateus 7:6).
Qual foi o propósito de Deus ao dar-lhe esses sonhos? Os sonhos deram a José a convicção de que Deus tinha algum alto propósito para a sua vida e mais tarde esses sonhos o sustentariam em seus longos anos de prova.
Ao enviar José a fim de obter informação acerca do bem-estar de seus irmãos, Jacó deu a estes a oportunidade que esperavam. Percebe-se, porém, que a mão de Deus o guiava mesmo no meio das más paixões de seus irmãos.
Haviam-se transferido de Siquém até Dota, situada dezoito quilômetros ao norte. Dota é uma palavra que significa "poços gêmeos" e existe até hoje em Dota excelente abastecimento de água. A importância da transferência deles reside em que Dota estava na rota das caravanas que se dirigiam ao Egito. Rúben se interpôs com a intenção de salvar a José dos planos assassinos de seus irmãos. Como filho mais velho era responsável pela vida de José e parece haver tido maior consideração por seu pai do que os demais. Não obstante, por contemporizar com seus irmãos, Rúben perdeu a oportunidade de salvar a José. Os ismaelitas chegaram no momento oportuno. Desta forma Deus operou usando homens maus para levar José ao Egito.
A forma pela qual os irmãos atuaram mostra como a inveja e o ódio podem endurecer a consciência humana. Passaram por alto a angústia e os rogos do jovem (42:21), sentaram-se tranqüilamente para comer pão depois de lançar José na cisterna. Depois de vendê-lo, felicitavam a si mesmos, sem dúvida, por sua misericórdia e bom tino para negócios.
Mais tarde enganaram cruelmente a seu velho pai. Ao apresentar a túnica manchada de sangue, disseram-lhe insensivel-mente: "Conhece agora se esta será ou não a túnica de teu filho", como se José não fosse irmão deles. O fato de que as Escrituras relatem com franqueza os detalhes feios dos fundadores das tribos de Israel é evidência de sua autenticidade e inspiração.
As lendas de outros povos sempre atribuem a seus fundadores características heróicas, porém não reconhecem falhas neles.
A angústia inconsolável do velho pai não está à altura de um homem que havia lutado com Deus e havia prevalecido. Embora não seja errado expressar o pesar, pois o próprio Jesus chorou (João 11:35), a recusa de ser consolado revela falta de submissão à providência de Deus. Parece que Jacó se esqueceu dos sonhos de José
Não buscou o consolo divino. Pelo contrário, Jacó sentiu a perda do único filho que havia prezado o espiritual e que o havia consolado com sua presença e amor após a trágica morte de sua querida esposa Raquel.
2. A
pureza de um jovem. Quem serve a Deus prospera até mesmo na
servidão. Não sabemos o preço que Potifar ofereceu por José. Mas logo
descobriria ter adquirido um bem mui valioso, pois tudo o que o jovem hebreu
punha-se a fazer prosperava (Gn 39.6,7). Quem serve a Deus prospera em qualquer
circunstância (Sl 1.3).
Por ser um jovem formoso, não demorou a
ser cobiçado pela esposa de seu amo (Gn 37.7). José, porém, temia a Deus, e
guiava-se por uma ética superior. Por isso, respondeu à sua senhora:
"Como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?" (Gn
39.9). Os Dez Mandamentos ainda não haviam sido decretados, mas a lei de Deus
já estava gravada em seu coração (Rm 2.14).
José na casa de Potifar: Capítulo 39:1-20. Os midianitas não venderam José a uma pessoa desconhecida que vivia em um lugar obscuro e distante da civilização. Ao invés disso, levaram-no à própria capital do Egito e o venderam a Potifar, capitão da guarda real, pessoa de influência na corte de Faraó. Assim José foi colocado onde se lhe ofereciam as melhores oportunidades de conhecer os costumes dos egípcios, de ser iniciado na arte de governar e, sobretudo, de ser introduzido na presença de Faraó.
A sorte que um escravo corria era muito dura, pois uma vez feito escravo, permanecia escravo para sempre. À
parte disto, José teria sofrido dolorosamente a saudade da casa e a falta do carinho de seu pai. Não obstante, uma vez levado, não deu sinais de protesto. Consagrou-se de boa vontade a cumprir seus deveres de escravo. Destacou-se como jovem consciencioso, industrioso e digno de confiança.
parte disto, José teria sofrido dolorosamente a saudade da casa e a falta do carinho de seu pai. Não obstante, uma vez levado, não deu sinais de protesto. Consagrou-se de boa vontade a cumprir seus deveres de escravo. Destacou-se como jovem consciencioso, industrioso e digno de confiança.
Quatro vezes se diz no capítulo 39: "o Senhor estava com José." F. B. Meyer observa: "O sentido da presença e proteção do Deus de seu pai penetrava em sua alma e a tranqüilizava, e o guardava em perfeita paz." Reconhecendo que Deus fazia José prosperar, Potifar fê-lo administrador de sua casa.
A integridade que José manteve diante da tentação apresentada pela esposa de Potifar contrasta notavelmente com a conduta de Judá registrada no capítulo anterior. Judá era livre e de sua própria vontade incorreu no pecado em um lugar que ele pensava ser um santuário cananeu. (Por sua parte, escravo, longe do lar, José tinha todo o pretexto para ceder à tentação, porém lançou mão de duas armas: a divina e a humana. "Como pois faria eu este tamanho mal, e pecaria contra Deus?" Considerou esse ato de imoralidade como pecado contra seu senhor, contra a senhora, contra seu próprio corpo e, sobretudo, contra seu Deus. Também usou a arma humana ao afastar-se dela e por fim fugiu quando a tentação se tornou forte. Ao ser caluniado, não reagiu acusando a mulher, nem ainda defendendo-se a si próprio. Parece que Potifar havia duvidado da verdade da acusação e se irou principalmente porque havia perdido um escravo tão bom. Em vez de matá-lo, que seria o castigo correspondente ao delito, Potifar impôs a José a pena mais leve possível em tais circunstâncias.
3. A prisão de um jovem.
Embora muito o assediasse, a mulher de Potifar não conseguiu arrastá-lo ao
pecado. Certo dia, porém, estando apenas os dois em casa, ela o agarrou pelas
roupas. Ele, desvencilhando-se, deixou-lhes as vestes nas mãos, e fugiu nu (Gn
39.10-12). Só um homem revestido da graça de Deus é capaz de semelhante reação.
Vendo-se rejeitada, a mulher acusa-o de
querer forçá-la. Quanto a Potifar, a fim de salvar as aparências, manda-o à
prisão, onde eram apenados os oficiais do rei (Gn 39.20). O egípcio poderia ter
executado o hebreu. Todavia, apesar de sua ira, preferiu não matá-lo.
Apesar do cárcere, José é bem-sucedido.
Por isso, o carcereiro-mor entrega-lhe o cuidado dos outros presos, pois
"tudo o que ele fazia o Senhor prosperava" (Gn 39.23).
Capítulos 39:2—40:23. Depois de haver trabalhado com tanto afinco, sem queixas, e de haver chegado a um lugar de Prestígio incomparável, José foi objeto de calúnias e caiu ao ponto mais baixo e com menos esperança que a de um escravo. Mas José guardou silêncio confiando sua causa às mãos de Deus e trabalhando serena e diligentemente.
Por que Deus permitiu que José fosse encarcerado?
Ali aprenderia muito dos altos personagens que compartilhavam a prisão com ele. Também o pesar e a privação, o jugo levado na juventude, tudo contribuiu para formar um caráter firme, paciente e maduro a fim de que José prestasse grandes serviços a Deus e aos homens quando chegasse o momento oportuno. Por último, sua estada no cárcere e sua faculdade de interpretar sonhos puseram-no em seu devido tempo em contato com Faraó.
Como deve ter brilhado o caráter de José no meio dos presos ressentidos e desanimados!
Ele tinha consciência de que Deus o acompanhava e este era o segredo de seu êxito. O chefe da prisão notou sua industriosidade e sua responsabilidade e o encarregou do cuidado de toda a prisão e dos presos. No caso dos dois funcionários do rei, presos, vemos que José não permitiu que sua triste situação pessoal despojasse seu coração de solicitude por outros ou o cegasse para as necessidades deles. Por sua comunhão com um Deus amoroso, estava cheio de compaixão. Interrogou o copeiro e o padeiro, que estavam perturbados, e então lhes afirmou que Deus tinha a interpretação de seus sonhos.
Embora as interpretações divinamente dadas a José se cumprissem ao pé da letra, viu ele frustradas as suas esperanças de que o copeiro intercedesse por ele perante Faraó. A demora é, com freqüência, parte da disciplina divina. Por isso Deus demorou também a libertação de José para proporcionar-lhe um cumprimento maior dos sonhos que lhe dera muitos anos antes.
Embora as interpretações divinamente dadas a José se cumprissem ao pé da letra, viu ele frustradas as suas esperanças de que o copeiro intercedesse por ele perante Faraó. A demora é, com freqüência, parte da disciplina divina. Por isso Deus demorou também a libertação de José para proporcionar-lhe um cumprimento maior dos sonhos que lhe dera muitos anos antes.
José não se limitava a sonhar; também
interpretava sonhos. O seu ministério era parecido com o de Daniel.
1. O
intérprete de sonhos. Na prisão, José foi designado a cuidar
pessoalmente de dois assessores de Faraó (Gn 40.4). E, certa manhã, ao
ouvir-lhes os sonhos, interpretou-os fidedignamente. De acordo com as suas
palavras, o copeiro-mor foi restituído ao cargo; o padeiro-mor, enforcado (Gn
40.6-22).
Quem sonha não despreza os sonhos alheios.
José, porém, atribuía este poder não a si, mas ao Senhor: "Não são de Deus
as interpretações?" (Gn 40.8). Quando atribuímos a glória a Deus, não nos
tornamos arrogantes e jamais seremos esquecidos.
José chega ao posto de primeiro-ministro: Capítulo 41. Ao contar trinta anos de idade e depois de treze anos de disciplina e preparação (37:2 e 41:46), Deus permitiu que José chegasse ao lugar onde podia honrá-lo.
O Senhor deu a Faraó sonhos tais que nem os magos, nem os sábios versados na antiqüíssima sabedoria egípcia podiam interpretar. Então o principal copeiro lembrou-se de que José havia interpretado seu sonho na prisão. Faraó mandou chamar a José. E de notar que José se negou a atribuir-se mérito algum na interpretação de sonhos; pelo contrário, testificou abertamente acerca de Deus perante Faraó. Apesar de José não ter visto ainda o cumprimento de seus próprios sonhos e de haver passado longos e difíceis anos como escravo e preso, não havia perdido sua confiança em Deus. Interpretou o sonho de Faraó como uma predição de sete anos de boas colheitas seguidos de sete anos de fome.
2.
Um economista de excelência. Passados dois anos completos, Faraó
teve dois sonhos bem agropecuários. No primeiro, viu que sete vacas gordas eram
devoradas por outras sete magras e feias. E, no segundo, observou que sete
espigas boas e graúdas eram igualmente devoradas por outras sete mirradas e
queimadas pelo vento oriental (Gn 41.2-7).
Aconselhou também que se escolhesse uma pessoa prudente para fazer os preparativos necessários a enfrentar a fome, mas não sugeriu que fosse ele o escolhido; provavelmente não suspeitava que o designado seria ele.
De imediato Faraó nomeou a José como vizir ou primeiro-ministro do Egito. Apoiava-o com a plena autoridade real colocando em seu dedo seu próprio anel de selo com o qual todos os decretos e documentos oficiais eram legalizados e entravam em vigor.
Ordenou que todos se ajoelhassem diante de José como se tratasse do Próprio Faraó. Para que José tivesse posição social, Faraó concedeu-Ihe um nome egípcio e lhe deu por esposa a filha do sacerdote de On (Heliópolis), o centro do culto ao Sol, cujo sacerdócio tinha grande importância política, para se cumprir: O segundo sonho: "E eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se
inclinavam a mim" (Gn 37.9). Foi assim que José se aparentou com a mais alta nobreza do Egito.
3. O
salvador de seu povo. Foi como primeiro-ministro do Egito que
José acolheu a família. Não somente perdoou as ofensas aos seus irmãos, como
proveu-lhes toda a subsistência. Ele soube como interpretar as adversidades
pelas quais passara. Diante da perplexidade de seus irmãos, declarou-lhes:
"Deus me enviou diante da vossa face, para conservar vossa sucessão na
terra e para guardar-vos em vida por um grande livramento" (Gn 45.7).
Após encontrar-se com o velho pai, Jacó,
instala seus familiares na terra de Gósen, onde os sustenta. E, ali, distante
da influência dos cananeus e dos egípcios, os hebreus puderam desenvolver-se
até se tornarem uma grande e poderosa nação (Êx 1.6,7). Aquele isolamento seria
benéfico a Israel.
José não se envaideceu de sua posição nem se aproveitou pessoalmente de sua autoridade; antes, reconheceu que foi levado para desempenhar um trabalho em benefício de outros, trabalho que ele empreendeu imediatamente. Pensava mais em sua responsabilidade do que em sua dignidade. Primeiro percorreu toda a terra do Egito para inspecionar seus recursos e organizar o trabalho. Depois cumpriu de
maneira sistemática as instruções prudentes que Deus lhe havia dado.
maneira sistemática as instruções prudentes que Deus lhe havia dado.
Os nomes que José deu a seus filhos indicavam que Deus lhe havia mostrado seu favor. O nome Manasses (o que faz esquecer) demonstra que José havia vencido a amargura. Era um testemunho de que Deus o havia feito esquecer-se de todo o trabalho dos longos anos de provação e de saudade de seu lar em Canaã. Foi, talvez, a maior vitória de sua vida. Depois chamou a seu segundo filho "Efraim" (fértil). Deus faz que frutifiquem os que sabem perdoar e esquecer. Anos mais tarde Jacó declarou que José era como um ramo frutífero junto a uma fonte (49:22). José podia frutificar porque tinha suas raízes em Deus, mantendo-se mediante a comunhão com ele.
CURIOSIDADE:
Os críticos liberais têm duvidado do fato que Faraó elevasse ao posto de primeiro-ministro do Egito um escravo estrangeiro, sob condenação e sem prestígio algum. Mas o relato deixa claro que Faraó e seus servos foram de grande maneira impressionados pelo fato de que o Espírito de Deus residia em José, de modo que a sabedoria do jovem hebreu não era humana mas uma operação sobrenatural de Deus (41:38).
Supõe-se que a ascensão de José foi facilitada porque também nesse período ocupava o trono do Egito uma dinastia de reis asiáticos, os hicsos ou reis-pastores. Os hicsos invasores tomaram o trono do Egito em 1720 a. C. e reinaram aproximadamente 140 anos. Eram semitas e às vezes nomeavam semitas para ocupar postos importantes. Seria natural que um rei dos conquistadores do Egito acolhesse os hebreus e os colocasse no melhor da terra.
Supõe-se que a ascensão de José foi facilitada porque também nesse período ocupava o trono do Egito uma dinastia de reis asiáticos, os hicsos ou reis-pastores. Os hicsos invasores tomaram o trono do Egito em 1720 a. C. e reinaram aproximadamente 140 anos. Eram semitas e às vezes nomeavam semitas para ocupar postos importantes. Seria natural que um rei dos conquistadores do Egito acolhesse os hebreus e os colocasse no melhor da terra.
Não há que estranhar que não se encontre menção alguma de José nos monumentos existentes no Egito, pois os egípcios odiavam aos hicsos. Ao expulsá-los do Egito, os egípcios procuraram erradicar toda marca de ocupação estrangeira de seu país, a tal ponto que os arqueólogos têm tido dificuldade para reconstruir os detalhes dos hicsos. Contudo, a Arqueologia confirma que muitos pormenores mencionados no relato acerca de José concordam com os costumes daquele tempo. Por exemplo, encontraram-se os títulos de "chefe dos copeiros" e "chefe dos padeiros" (40:2) em escritos egípcios. Outro dado confirmado é que se conheceram tempos de fome no Egito.
Um Faraó, segundo um escrito da época ptolomaica (2700 a. C.) disse: "Estou desolado porque o rio Nilo não transborda em um período de sete anos, faltarão, os campos estão secos e o alimento escasseia." Desde a antigüidade era o celeiro de Canaã em tempo de escassez.
Na pedra Roseta há um escrito que indica que Faraó tinha o costume de Dôr em liberdade alguns presos no dia de seu aniversário, tal como o fez no caso do copeiro-mor (40:20). Outro dado é fornecido pelas figuras egípcias nos monumentos antigos porque indicam que os homens não usavam barba e assim explicam a razão pela qual José se barbeou antes de comparecer perante Faraó (41:14). A cena da investidura de José é nitidamente egípcia. Faraó deu a José seu anel de selo, fê-lo vestir-se com roupa de linho finíssimo e pôs um colar de ouro em seu pescoço (41:42), as três coisas mencionadas nas inscrições egípcias que descrevem investiduras. Além disso, os nomes Zafnate-Paneá, Asenate (pertencentes à deusa Neit) e Potífera (presente do deus Sol, Rá), são nomes egípcios.
Se
fizermos a vontade de Deus, até as adversidades redundarão em bênçãos e
livramentos aos que nos cercam. Todavia, não nos impacientemos se os sonhos que
nos dá o Senhor demoram a se cumprir. Para tudo há um tempo determinado. Há
tempo para sonhar e também para que cada sonho se realize. Que tudo ocorra,
pois, de acordo com a vontade de Deus.
RIVALDO NASCIMENTO
- Ensinador Cristão, 4º Trimestre - 2015. Marcelo Oliveira de Oliveira.
- Hoff, Paul B. Gênesis : manual de estudo independente / Paul B. Hoff ; desenvolvido em colaboração com a Global University Staff ; Especialista de desenvolvimento de instrução L. Jeter Walker ; ilustrações Rick Allen, Jarry McCollough e Faith McCollough ; tradução Gordon Chown. - Campinas, SP : FAETAD, 2005.
- Hoff, Paul B. Gênesis : manual de estudo independente / Paul B. Hoff ; desenvolvido em colaboração com a Global University Staff ; Especialista de desenvolvimento de instrução L. Jeter Walker ; ilustrações Rick Allen, Jarry McCollough e Faith McCollough ; tradução Gordon Chown. - Campinas, SP : FAETAD, 2005.
- Hoff, Paul B. - O Pentateuco - Editora Vida, Deerfield, Florida 33442 - 8134 — E. U. A.
O texto bíblico aqui empregado é o da "Bíblia de Estudos", tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, publicada por Editora Vida,
- Imagens: www.escola-dominical.com.br
Muito Bom! Uma ótima apresentação da história!
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