TEXTO ÁUREO
"E disse Sara: Deus me tem feito riso; e todo aquele que o ouvir se rirá comigo"
(Gn 21.6).
VERDADE PRÁTICA
A promessa divina, ainda que pareça tardia, sempre nos sorri no momento certo e na estação apropriada.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 21.1-8
1 - E o SENHOR visitou a Sara, como tinha dito; e fez o SENHOR a Sara como tinha falado.
2 - E concebeu Sara e deu a Abraão um filho na sua velhice, ao tempo determinado, que Deus lhe tinha dito.
3 - E chamou Abraão o nome de seu filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, Isaque.
4 - E Abraão circuncidou o seu filho Isaque, quando era da idade de oito dias, como Deus lhe tinha ordenado.
5 - E era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho.
6 - E disse Sara: Deus me tem feito riso; e todo aquele que o ouvir se rirá comigo.
7 - Disse mais: Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar a filhos, porque lhe dei um filho na sua velhice?
8 - E cresceu o menino e foi desmamado; então, Abraão fez um grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado.
OBJETIVO GERAL
Saber que Deus é fiel e que Ele nos "sorri" e cumpre o que prometeu no momento certo e na estação própria.
INTRODUÇÃO
O Ensinador Cristão nos diz que o nascimento de Isaque é a confirmação da promessa feita por Deus a Abraão, onde a descendência prometida viria do útero de uma mulher estéril, de sua esposa Sara. Embora a história de Isaque e de Jacó fosse contada simultaneamente, pois o relato de Jacó é contado dentro da história de Isaque (25.19-35.29), as promessas de Deus feitas a Abraão são repetidas a Isaque (26.3-5), como também para Jacó (28.13-15).
Igualmente, como aconteceu com Sara, o Senhor abriu a madre da mulher de Isaque, Rebeca, conforme está escrito: "E Isaque orou instantemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu" (Gn 25.21). Rebeca, não concebeu apenas uma vida, mas duas nações.
No capítulo 26, Isaque repetiu o fracasso de seu pai, Abraão, mentindo sobre a sua esposa (26.6,7), pois ao invés de afirmar ser Rebeca a sua esposa, ele disse a Abimeleque que ela era a sua irmã. Entretanto, Deus interviu na história para proteger a descendência do Seu povo e garantir o cumprimento da promessa feita a Abraão, o seu amigo (Gn 26.11,12).
Isaque era o "bem" mais precioso de Abraão. Foi com esse "bem" que o Senhor provou a fé de Abraão. Isaque foi exemplarmente obediente ao seu pai, e não questionou o fato de ser a "oferta" para o sacrifício apresentado por seu pai a Deus.
O convívio com Abraão, seu pai, ensinou Isaque a se relacionar com Deus. Sabendo quem é Deus e o quão importante é viver uma vida que o honre, Isaque foi forjado "aos pés de Abraão", pois ele daria prosseguimento à promessa: conquistar a terra de Canaã.
Perceba que, até aqui, Abraão e Isaque representam aquela fase nômade do povo de Israel. Esse povo não tinha terra, não tinha casa e não tinha raízes. Viver é o grande desafio diário. Entrava numa terra, se estabelecia nela e, logo depois, saía, iniciando esse mesmo ciclo em outro lugar. Mas, em Isaque, esta realidade começa a ser quebrada.
Ele é o filho da promessa. É o filho da livre e não da escrava. Com essa imagem, o apóstolo Paulo fundamentou a doutrina da Graça de Deus: "Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre. [...] Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós; porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz, esforça-te e clama, tu que não estás de parto; porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque" (Gl 4.22,26-28).
Veremos a seguir um complemento muito importante sobre um resumo de toda a história de Abraão e Sara com relação a promessa de Deus e seu filho Isaque.
Achei muito interessante o tema que Paul Hoff, deu para a história da promessa que Deus fez para Abraão e o nascimento de Isaque:
"A Fé em Crise e a Fidelidade de Deus".
Contemplamos na vida de Abraão grandes vitórias e incomparáveis experiências. Igualmente, vimos Deus prometer-lhe ser seu escudo e seu galardão. O
mesmo Deus, responde à preocupação de Abraão quanto à sua descendência renovando
com ele Seu concerto e estabelecendo um pacto. Após está dramática experiência, seria
fácil supor que nunca mais Abraão vacilaria em sua fé. Porém, os crentes realmente
preocupados com os conflitos espirituais da vida cristã sabem que isto não é verdade. O
inimigo de nossas almas lutará para roubar-nos a fé e as promessas enquanto vivermos.
Por esta razão, antes de falarmos sobre o cumprimento da promessa, trataremos agora de uma crise de fé, provocada pela aparente demora no
cumprimento das promessas de Deus.
Abraão e Sara criam na promessa de Deus, mas sua fé no cronograma e métodos
de Deus vacilava. Procuravam um modo mais fácil, mais natural, para realizar seu
propósito; como conseqüência, vemos os problemas decorrentes da trama deles. Mas Deus
os amparou mesmo durante estas crises.
O Senhor revelou-se, não apenas a Abraão, mas
a Agar e Sara, fortalecendo-lhes a fé. Além disto, Deus estabeleceu o concerto da
circuncisão e deu a Abraão a oportunidade de expressar a sua fé na obediência. E Deus
também, apareceu algum tempo mais tarde numa visita a Abraão, para indicar que o tempo
do cumprimento da promessa estava se aproximando. Naturalmente, Sara divertia-se com
a possibilidade de dar á luz depois de velha; mas Deus a fez saber que nada é impossível
para Ele!
Todas essas experiências têm importância histórica e relevância espiritual. Que o
Senhor nos ajude a aplicar todas estas lições espirituais à nossa fé. E que aprendamos a
caminhar por fé, e não por vista.
A Fé em Crise (Gênesis 16.1-6; Gálatas 4.21-31)
Quando Sara instou Abraão a tomar Agar como segunda esposa, sequer imaginou
os sofrimentos que traria para si e para outras pessoas. Sara estava dando início a uma
rivalidade que perduraria milhares de anos! O derramamento de sangue e a guerra
marcariam o relacionamento entre os seus descendentes e os descendentes de Agar. Ainda
hoje, os povos árabes, em diversas nações, indicam orgulhosamente sua origem abraâmica
através de Ismael. Há grande amargura entre eles e os judeus (descendentes de Abraão por
meio de Isaque).
Gênesis 16 pode ser dividido em quatro pensamentos principais:
1. Impaciência (Gn 16.1-2)
2. Exploração do próximo (Gn 16.3-4)
3. Reação imprevista (Gn 16.4-6)
4. Um Deus que tudo vê (Gn 16.7-16)
Impaciência
Abraão e Sara já viviam a dez anos em Canaã e ainda não tinham um filho. Nunca
haveria de chegar esse filho prometido? Talvez a lição mais difícil de aprender é esperar
com paciência, confiando diariamente na promessa de Deus, mesmo que as respostas às
orações não sejam imediatas. Neste caso, Deus estava esperando até que a resposta
parecesse humanamente impossível. O povo escolhido remontaria sua existência a um
nascimento milagroso – um ato da graça de Deus.
Provavelmente, Sara estava pensando já haver dado ao Senhor tempo o bastante
para que Ele lhe desse um filho – e o Senhor não o fez! Agora, ela se sente justificada para
ajudar Deus a cumprir sua promessa.
A lei babilônica e os costumes da região de onde provinham ofereceram uma
solução. Caso a esposa estivesse incapacitada de ter filhos, podia dar sua serva, como
segunda esposa, ao marido. Os filhos oriundos desta união podiam ser reivindicados e
adotados pela primeira esposa. O raciocínio humano recomendava esta disposição legal.
Não seria necessário um milagre sobrenatural.
Abraão cedeu diante do raciocínio humano da esposa. Não há qualquer alusão a
oração a este respeito. O apóstolo Paulo indica que a escrava e o filho dela tipificam a
escravidão daqueles que dependem de seus próprios esforços, ou seja, de suas próprias
obras (Gl 4.21-31). Ismael representa aquilo que se opõe à graça e à obra sobrenatural do
Espírito (Gn 21).
Exploração do Próximo
Explorar uma pessoa é fazer uso injusto ou desleal dela ou aproveitar-se dela de
modo desonesto. Sara e Abraão exploraram Agar? É difícil dizer. Ela era uma escrava
egípcia, provavelmente adquirida durante a passagem do casal pelo Egito. É possível que
fosse uma grande honra para ela tornar-se a segunda esposa de Abraão. Ele era rico,
poderoso e respeitado por todos.
Segundo os costumes daqueles dias, não havia nada de ilegal neste acordo. O plano
de Sara também envolvia abnegação. Talvez Abraão tenha admirado Sara por abrir mão
dos seus direitos exclusivos de esposa. À luz da revelação posterior dos padrões morais,
no entanto, diríamos que era moralmente errado. Por quê? Sem considerarem sentimentos, usaram Agar para levar adiante seus propósitos particulares. O casal
tornou-se indiferente em função do conceito que tinha dos escravos. Abraão e Sara
não reconheciam a dignidade do indivíduo, independentemente de sua condição
social.
Reação Imprevista
Abraão e Sara não demoraram em lastimar sua decisão. Agar não era tão passiva e
submissa como imaginavam. Quando a serva engravidou, começou a desprezar sua
senhora. Afinal das contas, Deus não dera a Agar aquilo que negou a Sara? Sara, por sua
vez, amargurada pela altivez e desprezo de Agar, culpou seu marido por aquilo que ela
mesma sugerira!
De novo, Abraão e Sara agiram segundo as disposições legais do tempo em que
viviam, e não segundo a vontade de Deus. A lei babilônica dava à serva em semelhantes
circunstâncias a condição legal de esposa. Se, porém, tentasse assumir a categoria de
primeira esposa, sua senhora, segundo o código de Hamurabi, podia “reduzi-la à
escravidão, e contá-la entre as demais servas” (Vos, pág. 76). E assim, Abraão procurou
solucionar o problema ao dizer a Sara que podia usar a autoridade dela como senhora
de Agar. Feito isto, Sara estava dentro dos seus direitos legais ao tratar Agar com
severidade.
De quem era a culpa? Vemos falhas em todas as três pessoas. Quando Agar ficou
grávida, seu orgulho levou-a a agir imprudentemente. É possível que sua nova posição lhe
tenha permitido expressar seu ressentimento pela suas experiências passadas como escrava.
Seja como for, certo espírito de obstinação levava-a repudiar a correção. Abraão, por sua
vez, parece submeter-se muito facilmente às exigências de sua mulher. Ao invés de
procurar melhorar os relacionamentos entre suas duas esposas, ele optou pela saída fácil.
Sara, por sua vez, era demasiadamente severa no modo como tratava sua serva. Assim são
os caminhos daqueles que abandonam as veredas do Senhor para caminhar segundo seu
próprio coração!
Revelando o Futuro
A promessa de um filho e seus descendentes inumeráveis deve ter sido motivo de
satisfação permanente para Agar. O nome de seu filho Ismael (Deus ouve) seria a
lembrança constante de como Deus ouviu o clamor dela na hora da aflição.
O Senhor revelou, também, as características principais do filho que ainda nasceria.
Ismael seria amante da liberdade, independente, nômade e viveria em rixa com seus
parentes. Esta predição foi cumprida de modo notável nos descendentes de Israel – o povo
árabe.
Comparar uma pessoa ou um povo com algum animal não era uma ofensa nos
tempos bíblicos. A descrição “Ele será como um jumento bravo” (Gn 16.12) nos lembra
as palavras de Jó a respeito deste animal: “Ao qual dei o ermo por casa e a terra salgada
por moradas. Ri-se do arruído da cidade: não ouve os muitos gritos do exator” (Jo 39.6-
7). Alguém notou que desde o início até o tempo presente os árabes têm mantido a sua
independência e Deus os conserva como monumento perpétuo dos seus cuidados
providenciais. Fornecem provas incontestáveis da veracidade da revelação divina.
ACEITAÇÃO DO CONCERTO (GÊNESIS 17)
Passaram-se treze anos entre os capítulos 16 e 17 de Gn. A medida que você lê o
capítulo 17, note como Deus age para fortalecer a fé do seu servo fiel, Abraão. Note,
também, como Deus age de modo diferente daquilo que faríamos. Procure imaginar como
você se sentiria no lugar de Abraão e Sara.
Preparação Para Receber o Plano (Gênesis 17.1-2)
Vinte e cinco anos se passaram desde que Abraão partira de Harã – vinte e cinco anos andando pela fé. A cada tropeço do patriarca, Deus o colocava de pé e o conduzia pelo caminho, um passo após o outro. Repetidas vezes, Deus aparecera a Abraão: primeiramente em Ur; depois em Harã; e posteriormente em Canaã. A cada vez, Ele acrescentara mais algum detalhe à promessa e fortalecera a fé de Abraão. Deus e Abraão haviam feito um concerto. Deus tinha estipulado todas as condições do concerto e passado sozinho entre os animais sacrificiais para demonstrar que Ele cumpriria a sua promessa.
Abraão e Sara, no entanto, tinham elaborado um plano segundo o qual Agar pudesse dar à luz o filho prometido por Deus. A partir de então, não houve nenhuma revelação direta de Deus a Abraão, pelo que saibamos. Agora, Ismael estava com treze anos. Abraão o amava, porque Ismael era sua carne e seu sangue. O patriarca pensava que realmente Deus poderia cumprir Suas promessas por meio de Ismael.
Deus, no entanto, ainda tinha seu plano original e chegara a hora de preparar Abraão para recebê-lo. Posto que Abraão agora estava com 99 anos e Sara com 90, ficara humanamente impossível terem filhos. Logo, o estado deles era apropriado para que Deus demonstra-se em seus corpos Sua intervenção milagrosa a fim de lhes dar o filho que Ele prometera.
A essas alturas, o Senhor apareceu a Abraão a fim de fortalecer a fé e a devoção. Yahweh se revelou como El Shaddai, “Deus Todo-Poderoso” – o Deus que tinha a capacidade de cumprir tudo quanto prometera. Era como se o Senhor dissesse: “Não olhe para você mesmo, nem para as circunstâncias, mas fixe seu olhar no meu poder ilimitado”.
Com a garantia da presença e do poder infinito de Deus, Ele dá um mandamento que doutra forma seria impossível: “Anda em minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1). “Anda na minha presença” nos mostra como podemos experimentar a própria presença real de Deus (Leupold pág. 514). Todas as nossas atividades diárias devem ser realizadas na Sua presença. Todos os nossos passos e todas as nossas decisões devem ser orientadas por Ele. À medida que Deus Todo-Poderoso anda conosco, sermos perfeito é o resultado natural.
Deus estava repreendendo gentilmente seu servo idoso por ter confiado nos métodos naturais de própria escolha ao invés de esperar o cumprimento sobrenatural da promessa? Abraão se tornara tão satisfeito com as bênçãos materiais que negligenciava andar com Deus? “Sê perfeito” (Gn 17.1) refere-se a ser completo, sem faltar nada do que seja necessário a uma vida piedosa. O Senhor estava dizendo: “Vive na minha presença e você não precisará racionalizar a promessa até ela se conformar com as possibilidades. Seja inculpável; não se entregue à auto-gratificação e à satisfação terrestre. Seja aquilo para o qual você foi chamado”.
Assim como a justiça pela fé era necessária para estabelecer o concerto, assim também uma vida inculpável na presença de Deus era exigida a fim de desfrutar das suas disposições. Kidner indica que Gn 15 (justificação pela fé) estabelece o padrão de fé – crer. E o capítulo 17 demonstra as implicações da fé verdadeira – a fé que se demonstra na dedicação total (pág. 119).
Promessas Acrescentadas a Abraão (Gênesis 17.2-22)
Já notamos que Deus acrescentava novas promessas todas às vezes que aparecia a Abraão. Desta vez, Ele renovou o concerto em termos tão amplos e magníficos que Abraão deve ter visto mais claramente do que nunca seu papel muito especial na providência de Deus. Reis e nações seriam seus descendentes. Sara seria mãe deles. Dentro de um ano, nasceria o herdeiro do concerto. O concerto seria eterno para seus descendentes. O Senhor seria Deus de Abraão e Deus de seus filhos para todo o sempre.
Abraão não podia resistir o impulso de rir quando lhe foi dito que Sara seria mãe do filho prometido! Alguns expositores acreditam que ele riu de surpresa e de alegria. Mas, a julgar por seu raciocínio, por sua petição e pela resposta de Deus, parece que sua risada provinha mesmo da incredulidade. Ainda assim, Deus iria cumprir a Sua promessa. E ele disse a Abraão que o filho seria chamado Isaque (riso). A risada incrédula de Abraão seria ecoada posteriormente na risada de Sara (Gn 18.12). Quando, porém, Isaque nascesse, a risada da incredulidade cederia lugar à risada da alegria! Sara diria: “Deus me tem feito riso; todo aquele que o ouvir, se rirá comigo” (Gn 21.6).
A sugestão substitutiva de Abraão – “Oxalá que viva Ismael diante de teu rosto!” – demonstra quão profundamente ele amava o filho de Agar. Sua oração era válida e um exemplo para todos os pais, em certo aspecto. Noutro aspecto, demonstra uma falha comum. Quantas vezes queremos que Deus aceite nosso substituto pela sua vontade! Pedimos que o Senhor aprove nossos planos, ao invés de nós aceitarmos o plano dEle e confiarmos em Sua vontade para cumprir todos os pormenores. A verdadeira oração não é levar nossos desejos a Deus e persuadi-lo a cumpri-los. Pelo contrário, devemos descobrir qual é a vontade de Deus e colocar a nossa vontade em harmonia com ela. Então, poderemos orar com confiança, pedindo tudo quanto é necessário para a realização da vontade de Deus.
Deus respondeu à oração de Abraão em favor de Ismael. Deus o abençoaria e o faria pai de doze príncipes e de uma grande nação. O Senhor, no entanto, não deixou em dúvida quem seria a mãe do povo escolhido: através de Sara e de Isaque as promessas seriam cumpridas (Gn 17.19-21).
O cumprimento do concerto começaria com Isaque, mas seu cumprimento seria em Jesus e Seu Reino Eterno. Reis e nações surgiriam de Abraão por meio de Isaque e também de Ismael. Além disto, milhões de pessoas de todas as nações se tornariam filhos de Abraão por meio da fé (Rm 4.9-18; Gl 3.29). De igual modo, a promessa da linhagem real começou a ser cumprida nos reis de Judá e de Israel no AT. Mas seu cumprimento maior é no Leão da Tribo de Judá, o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Somente por meio dele é que o concerto podia ser eterno (Mt 1.1; Gl 3.16; II Pe 1.11; Ap 5.5-10; 11.15; 17.14).
A promessa do Deus Todo-Poderoso: “Ser-lhes-ei o seu Deus” (Gn 17.8), é repetida no Novo Concerto (Jr 31.33). Esta promessa nos mostra que o concerto é essencialmente pessoal. Assim como o “sim” da cerimônia de casamento, a promessa que Deus faz de dar-se a Si mesmo ao Seu povo sobrepuja em muito quaisquer benefícios individuais do concerto (Kidner, pág. 120). Ao mesmo tempo, o povo do concerto devia aceitar o Senhor como Seu único Deus. Esta aceitação era fundamental para sua existência como nação e para desfrutarem das bênçãos do concerto. MacLaren observa que esta promessa apresenta “a verdade profunda de que, reciprocamente, Deus pertence a nós, e nós, a Ele” (pág. 122).
Sinais de Confirmação
(Gênesis 17.5, 9-22) Deus deu a Abraão dois sinais para confirmar o concerto: a mudança de nomes e a circuncisão. Os sinais no AT, assim como os sacramentos no NT, visavam fortalecer a fé daqueles que recebiam as promessas de Deus. A mudança dos nomes foi o selo da aprovação de Deus para confirmar a sua parte no concerto. A circuncisão foi o selo de Abraão e seus descendentes, um sinal de que aceitavam as obrigações do concerto.
Novos Nomes
O nome Abrão (pai exaltado) foi mudado para Abraão (pai de uma multidão). A mudança de Sarai (contenciosa) para Sara restaurou seu significado original de princesa. Ao mesmo tempo, Deus incluiu Sara como parte do concerto por direito próprio (Gn 17.16,19). Diferentemente de algumas religiões, o concerto de Deus reconhece tanto homens quanto mulheres como herdeiros.
Quando Deus muda o nome de uma pessoa, trata-se de um sinal de mudança de caráter, de relacionamento ou de entrar numa nova fase de vida: Sarai, a contenciosa passou a ser Sara, a princesa. Quando do Novo Concerto, o pecador que vem a Deus é santificado (Rm 1.7); e, nascido de novo, recebe um novo nome. Passa a ser um cristão (semelhante a Cristo ou pertencente a Cristo), um filho de Deus (At 11.26; I Jo 3.1). Seu nome está escrito no livro da vida do Cordeiro (Ap 21.22-27).
Depois, quando o novo cristão entrar na sua herança total, receberá seu novo nome como um vencedor (Ap 2.17).
Circuncisão
A circuncisão foi dada a Abraão como. sinal tríplice:
1. selo externo do concerto;
2. sinal de pertencer ao povo de Deus;
3. lembrança das obrigações segundo a aliança.
A circuncisão não era um rito novo no Oriente Médio. Em algumas das nações vizinhas, marcava-se assim a admissão do jovem à categoria de adulto na tribo (Alexander, pág. 138). Não devemos ficar surpresos com isso, pois Deus, freqüentemente, transforma objetos ou costumes existentes em sinais para seu povo. Já notamos este fato quando Ele e Abraão “cortaram” o concerto.
O concerto estava aberto a quaisquer gentios que quisessem aceitar as suas condições e não somente para os descendentes de Abraão. O próprio Deus disse que os servos também deviam receber o sinal do concerto (Gn 17.12-13).
A Bíblia ensina claramente que a circuncisão em si mesma não pode produzir o relacionamento certo com Deus. Jeremias disse com franqueza aos seus compatriotas que embora fossem circuncidados na carne, eram incircuncisos de coração (Jr 9.25-26). Esta falta de dedicação interior tornou Judá tão passível de castigo como as nações pagãs. Esperava-se que os membros do concerto demonstrassem pertencer a Deus mediante a obediência a Ele: “Anda em minha presença e sê perfeito” (Gn 17.1). Dessa maneira, a circuncisão, assim como o batismo cristão, deveria ser um sinal exterior de relacionamento interior com Deus.
Em Dt 10.15-22; 30.6; Jr 4.4 e Cl 2.11-13 vemos a grande importância espiritual no rito da circuncisão. Simboliza quatro coisas:
1. A purificação ou a remoção do mal.
2. Uma mudança de sentimentos.
3. Uma mudança de atitude.
4. Dedicação de si mesmo a Deus, para amá-lo e ao Seu povo.
O relacionamento entre a circuncisão e a área reprodutiva do corpo sugere a necessidade de purificar a vida na sua própria fonte originária. Relembra ao homem que a impureza moral deve ser removida a fim de existir comunhão com o Deus santo. Finalmente, a circuncisão aponta “para a frente, para aquele que por meio de quem toda esta purificação deve ser efetuada” – o Messias nascido de uma mulher (Leupold, pág. 521).
Fé Obediente Para Receber o Concerto (Gênesis 17.23-27)
A fé ativa sela o concerto. A pronta obediência de Abraão ao circuncidar todo membro masculino da sua casa “naquele mesmo dia” (v. 23, 27) demonstra que agora ele acreditava completamente na promessa de Deus. A fé e a obediência eram as condições necessárias para receber o filho prometido e as demais bênçãos do concerto.
Sem dúvida, muitos sorriram incredulamente, ou mesmo zombaram, quando Abraão anunciou seu novo nome. Pai de uma multidão! Que piada! Pensavam que era mera fantasia de um velho e não um sinal do céu. Os incrédulos também podem rir hoje, quando os cristãos são chamados santos (sagrados, dedicados a Deus), mas é assim que Deus nos chama! Desde Atos até o Apocalipse os crentes são chamados santos. Somos chamados para sermos santos (Rm 1.7). Assim como Deus possibilitou o cumprimento do nome de Abraão, Ele também tem a capacidade de fazer de nós os santos que Ele nos chamou para ser (I Co 1.8-9; I Ts 5.23-24).
VISITADO POR ANJOS (GÊNESIS 18.1-15)
No capítulo 18 revelou que o Senhor e Seus anjos podem assumir a forma humana; podem comer para comprovar sua presença e amizade; e também são conhecedores de nossos pensamentos mais secretos (Lc 24.35-43). Alguns comentaristas até mesmo sugerem que os três visitantes eram as três Pessoas da Trindade. Mas a diferença entre o Senhor e os dois “varões” (anjos) com Ele fica clara em Gn 18.13, 22 e 19.1.
O novo aparecimento do Senhor no capítulo 18 tinha um duplo propósito: estabelecer a fé de Sara; e anunciar a destruição de Sodoma e Gomora.
Abraão, com a típica hospitalidade oriental, deu as boas-vindas aos três estranhos. Hebreus 13.2 provavelmente se refira ao seu exemplo gracioso como um daqueles que deram hospitalidade a estranhos e, ao fazer assim, hospedaram anjos sem o saber. Ele, Sara e os servos se apressaram para preparar uma refeição especial. Depois dessa revelação, não haveria mais dúvida se a promessa era real, ou simplesmente o produto da imaginação de Abraão. Como sinal de respeito, Abraão permanecia de pé enquanto seus hóspedes se alimentavam. Por detrás dele, Sara estava escutando, para dentro da porta da tenda.
Não há qualquer registro de uma aparição anterior da parte de Deus a Sara. Anos antes, ela perdera a sua fé na promessa de que ela seria mãe do filho prometido. Parece que precisava de uma revelação pessoal de Deus a fim de restaurar a sua fé e prepará-la para seu papel no plano de Deus. Quando Abraão lhe contara a respeito da revelação que ele recebera pouco antes, ela se recusara a crer na promessa de que ela se tornaria mãe dentro de pouco tempo.
Sara deve ter ficado muito surpresa quando ouviu um dos estranhos perguntar: “Onde está Sara, tua mulher?” (Gn 18.9). Como este estranho sabia o nome dela? Ele empregara o nome novo que, segundo dissera Abraão, Deus dera a ela! Como o estranho sabia a respeito? Vem à nossa memória aquilo que o Senhor disse a Adão: “Onde estás?” (Gn 3.9) e “Agar [...] para onde vais?” (Gn 16.8). Deus nos descobre onde estamos e nos revela a nossa condição a fim de que Ele possa satisfazer a nossa necessidade. Sara riu consigo mesma quando ouviu que daria a luz a um filho. Ela sabia que isso lhe era fisicamente impossível na idade que ela tinha. Por isso, riu consigo, silenciosamente na incredulidade.
Então, o Senhor deixou Sara atônita ao repreendê-la com conhecimento dos pensamentos secretos dela! Além disso, ele repetiu a profecia que Abraão dissera que o Senhor fizera a ele. Sara teria um filho dentro de um ano! Deus estava confirmando a ela a revelação que Ele dera a Abraão! Este conhecimento divino foi para ela um sinal que Deus operaria o milagre ainda maior de renová-la fisicamente e sarar sua esterilidade. Deus se revelara a Abraão como El Shaddai, o Todo-Suficiente, o Deus Todo-Poderoso. Agora, ele pergunta a Sara: “Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR?” (Gn 18.14).
Finalmente, Sara fica convicta. As dúvidas desaparecem quando Deus fala conosco pessoalmente! E “pela fé também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber, e deu à luz já fora da idade; porque teve por fiel aquele que lho tinha prometido” (Hb 11.11). Há traduções que interpretam: “Pela fé – sendo Sara estéril – (Abraão) recebeu a virtude de ser pai, e ela deu à luz [...]” De qualquer forma, o que fica certo é que tanto Abraão quanto Sara ficaram convictos que nada é difícil demais para o Senhor!
I. ISAQUE, O SORRISO TÃO ESPERADO
Da promessa ao nascimento de Isaque, passou-se um ano (Gn 18.10). Para quem já havia esperado tanto tempo, aqueles meses correram rapidamente.
1. O nascimento do "riso". No tempo apontado pelo Senhor, eis que Sara dá à luz o seu unigênito. Na tenda do patriarca, ouve-se agora o choro do filho da promessa, através do qual viriam heróis, reis e o próprio Cristo (Mt 1.1,2). Ao embalar o filhinho, Sara comenta: "Quem diria a Abraão que Sara daria de mamar a filhos, porque lhe dei um filho na sua velhice?" (Gn 21.7).
2. Isaque e Ismael. Se Isaque era o filho da promessa, Ismael estava ali na conta do filho da desesperança e do arranjo carnal. Por isso, o filho de Abraão com Agar, sentindo-se enciumado com a chegada do meio-irmão, põe-se a zombar dele. A situação ficou tão insustentável que, quando do desmame de Isaque, Sara diz ao esposo: "Deita fora esta serva e o seu filho; porque o filho desta serva não herdará com meu filho, com Isaque" (Gn 21.10).
Embora a palavra de Sara fosse-lhe dura, Abraão, orientado por Deus, despede a escrava e seu filho. O Senhor, no entanto, já tinha um plano para Agar e Ismael. Afinal, aquele menino também era descendência do patriarca (Gn 21.15-21).
II. ISAQUE, O BEM MAIS PRECIOSO DE ABRAÃO
Em Moriá, o Senhor não somente provou a fidelidade de Abraão, como também introduziu Isaque na dimensão da fé confessada por seu pai.
O patriarca, todavia, tinha absoluta certeza de que retornaria do Moriá com o filho, pois aos servos ordenou claramente: "Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós" (Gn 22.5; Hb 11.17-19).
2. O encontro de Isaque com Deus. Não há dúvida de que o Senhor queria provar a fé do patriarca. Todavia, era sua intenção também levar o jovem Isaque a um encontro pessoal e fortemente experimental com o Deus de seu pai.
A primeira lição que Isaque aprende é que Deus proverá todas as coisas (Gn 22.8). Por isso, deita-se e deixa-se amarrar pelo pai ao altar do holocausto (Gn 22.9). No momento certo, o Senhor haveria de intervir, como de fato interveio. Deus tinha planos para Isaque, e mostraria ao jovem que Ele cumpre suas promessas. O Deus de Abraão seria também o Deus de Isaque.
III. O CASAMENTO DE ISAQUE
Se Isaque quisesse, poderia ter se casado com uma das jovens daquela terra. Entretanto, ele sabia que as cananeias eram idólatras e dadas ao pecado. Por isso, resolveu confiar no Deus que tudo provê.
1. Uma esposa para Isaque. Sabendo que Isaque era um homem espiritual e seletivo, Abraão encarregou seu mais antigo servo para buscar uma esposa na Mesopotâmia para seu filho (Gn 24.1-7).
Na cidade de Naor, o mordomo orou ao Eterno: "Seja, pois, que a donzela a quem eu disser: abaixa agora o teu cântaro para que eu beba; e ela disser: Bebe, e também darei de beber aos teus camelos, esta seja a quem designaste ao teu servo Isaque" (Gn 24.14).
A moça que assim procedesse revelaria as seguintes virtudes: espiritualidade, gentileza, respeito, disposição e amor ao trabalho. Eis que aparece Rebeca, bela e formosa virgem, preenchendo todos esses requisitos.
2. O casamento de Isaque. Tendo consultado sua família e recebido o consentimento desta, Rebeca acompanha Eliezer até chegarem onde Isaque morava. O encontro de Isaque com Rebeca foi singular e romântico. Ele saíra a orar, à tarde, quando avistou a jovem na feliz comitiva. Depois de ouvir o servo do pai, ele a conduz à tenda da mãe e a toma por esposa (Gn 24.67). Assim Isaque foi consolado da perda de sua mãe, Sara.
3. Os filhos que não vinham. Rebeca também era estéril. Isaque, todavia, ao invés de arranjar um herdeiro através de um ventre escravo, como haviam feito seus pais, foi buscar a ajuda de Deus. Ele orou insistentemente ao Senhor por sua mulher (Gn 25.21). Isaque se casou com Rebeca quando tinha quarenta anos (Gn 25.20), e foi pai aos sessenta anos (Gn 25.26). Pela Palavra de Deus, entendemos que Isaque orou por vinte anos, até ter sua oração respondida. Ele era um homem de oração, e não se deixou abater pelo passar do tempo, pois tinha uma promessa de Deus para sua família. E Deus lhe deu dois filhos: Esaú e Jacó.
IV. ISAQUE, O BENDITO DO SENHOR
Desde a sua experiência no Moriá, Isaque fez-se ousadíssimo na fé. As bênçãos sobre a sua vida multiplicaram-se de tal forma, que ele já era visto pelos reis de Canaã como um príncipe de Deus.
1. Príncipe de Deus. Embora não fosse rei, Isaque tornou-se tão grande que chegou a incomodar até mesmo o poderoso Abimeleque, rei de Gerar (Gn 26.16). Este, vendo que o patriarca já lhe era superior em bens e força, pediu-lhe uma aliança chamando-o de "bendito do Senhor" (Gn 26.29).
Naquela época, tal título equivalia a ser chamado de príncipe de Deus.
2. Profeta de Deus. A bênção de Isaque impetrada sobre os gêmeos, antecipa profeticamente o destino de cada um deles. Mesmo Jacó havendo-o enganado, fingindo ser Esaú a fim de roubar a primogenitura do irmão, o patriarca não pôde anulá-la, pois suas palavras eram, na verdade, de Deus. Por isso, diante dos rogos de Esaú, foi categórico: "Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois, agora a ti, meu filho?" (Gn 27.37).
Naquele momento, Isaque profetizou não acerca de Jacó e Esaú, mas dos povos que estes representavam.
CONCLUSÃO
A história de Isaque não é uma simples biografia. É um relato de fé e de superações no campo pessoal, doméstico e nacional. Do monte Moriá, onde se encontrou pessoal e experimentalmente com Deus, até a sua morte, ele viveu como um príncipe de Deus.
Portanto, não se deixe abater pelas provações. Exerça a sua fé no campo das impossibilidades.
RIVALDO NASCIMENTO
- Ensinador Cristão, 4º Trimestre - 2015. Marcelo Oliveira de Oliveira.
- Hoff, Paul B. Gênesis : manual de estudo independente / Paul B. Hoff ; desenvolvido em colaboração com a Global University Staff ; Especialista de desenvolvimento de instrução L. Jeter Walker ; ilustrações Rick Allen, Jarry McCollough e Faith McCollough ; tradução Gordon Chown. - Campinas, SP : FAETAD, 2005.
- Imagens: www.escola-dominical.com.br
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