domingo, 27 de março de 2016

Lição 1 - A Epístola aos Romanos - 3 de Abril de 2016







TEXTO ÁUREO
"Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego."
(Rm 1.16)


VERDADE PRÁTICA

A Epístola aos Romanos mostra que sem a graça divina todos os nossos esforços são inúteis para a nossa salvação e comunhão com Deus.



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Romanos 1.1-17

1 - Paulo, servo de Jesus Cristo,  chamado  para  apóstolo, separado para o evangelho  de Deus,  
2 - o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras,  
3 - acerca de seu Filho,  que nasceu da descendência de Davi segundo a carne,  
4 - declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, - Jesus Cristo, nosso Senhor,  
5 - pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome, 
6 - entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.  
7 - A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
8 - Primeiramente, dou graças ao meu Deus  por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.  
9 - Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito,  no evangelho de seu Filho, me é testemunha de como incessantemente faço menção de vós,
10 - pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. 
11 - Porque desejo ver-vos,  para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados,  
12 - isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha.  
13 - Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios.  
14 - Eu sou devedor  tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes.
15 - E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma.
16 - Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu  e  também do grego.  
17 - Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé,  como está escrito: Mas o justo viverá da fé.


OBJETIVO GERAL

Apresentar uma visão panorâmica da carta de Paulo aos Romanos, ressaltando a terrível situação espiritual na qual se encontra a humanidade depois da Queda. 


OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos sub tópicos.

Conhecer o autor, o local, data e destinatários da Epístola aos Romanos;
Mostrar a forma literária, conteúdo e propósito da Epístola aos Romanos;
Explicar o valor espiritual da Epístola aos Romanos. 






INTRODUÇÃO

Neste trimestre teremos o privilégio de estudar a Epístola de Paulo aos Romanos. Podemos afirmar que jamais seremos os mesmos depois de uma leitura cuidadosa e um estudo sistemático dessa Epístola. Romanos mostra que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação dos judeus e gentios. Revela também que o homem, perdido nas trevas do pecado, é reconciliado com Deus mediante a sua graça. Essa graça é o que nos justifica e nos qualifica a ter comunhão com Ele. 
Na Epístola aos Romanos aprendemos que a natureza adâmica, que domina o velho homem, é destronada pela fé em Cristo, e que é possível vivermos em novidade de vida através do poder do Espírito Santo que opera em nós. Veremos que esta Carta é um chamado à liberdade cristã. 

O Ensinador Cristão nos diz que a mais famosa epístola do apóstolo Paulo foi escrita aproximadamente entre 57 e 58 d.C, com uma margem de erro de um ou dois anos, de acordo com o estudioso do Novo Testamento, D. A. Carson. O autor é Paulo, embora fora Tércio quem escrevesse a epístola, o amanuense do apóstolo (Rm 16.22). A carta foi destinada aos crentes, judeus e gentios, que constituíam a igreja em Roma (Rm 1.7,15). A maioria dos estudiosos concorda que havia pelo menos dois propósitos na epístola paulina: (1) missionário, o apóstolo se apresentaria à igreja para remover as suspeitas contra ele levantadas pelo partido judaico de Jerusalém a fim de impedi-lo a chegar à Europa, na Espanha; (2) doutrinário, expor os direitos e privilégios da salvação tanto dos judeus quanto dos gentios, pois em Cristo, não haveria mais judeu nem grego, mas uma pessoa somente nascida de novo em Jesus Cristo (Rm 14.1-10). Por isso, o principal texto da epístola aos Romanos é "Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé" (1.17).
Caro professor, estudar bons comentários do Novo Testamento. Associe o conhecimento adquirido a partir do seu estudo introdutório, e sob a perspectiva da visão do todo da carta de Paulo, com o auxílio da tabela de esboço abaixo:

A EPÍSTOLA DE ROMANOS ESTÁ ESTRUTURADA
EM TRÊS GRANDES ÁREAS


Área 1: 
Argumentos da Justificação pela fé(1−8)

1. Prefácio e Saudação (1.1-7); 
2. Paulo deseja ver os romanos (1.8-15); 
3. Assunto: a justiça pela fé (1.16-17); 
4. A depravação dos gentios (1.18-32); 
5. Os judeus e a justiça de Deus (2.1−3.8); 
6. A universalidade do pecado e o poder da graça de Deus (3.9−6.20); 
7. Nova vida e as primícias do Espírito (7.1−8.39).

Área 2: 
A relação de Israel com o Plano de Salvação (9−11)

1. A tristeza de Paulo pela incredulidade de Israel (9.1-5); 
2. A liberdade da graça (9.6-33);
3. A rejeição dos judeus à justiça de Deus (cap. 10); 
4. O futuro de Israel (11.1-32); 
5. Hino de adoração (11.32-36).

Área 3: 
Questões práticas da vida cristã (12−16)



1. Consagração, amor e fervor no uso dos dons (12.1-21); 
3. Submissão à autoridade (13.1-7); 
4. O amor ao próximo, vigilância e pureza (13.8-14);
5. Tolerância, liberdade e amor (cap. 14);
6. O exemplo de Cristo (15.1-13); 
7. O apostolado, o propósito e as recomendações de Paulo (15.14−16.27).


Veremos o que Franklin Ferreira, que é Bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Mestre em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, não levando em questão a visão da graça irresistível, mas, as informações com relação a Epístola aos Romanos. Quanto ao ponto da graça, realmente só estaremos livres do pecado quando estamos debaixo da graça. 

A Epístola aos Romanos é a mais rica e abrangente declaração de Paulo sobre o evangelho. Esta carta é também a chave para o entendimento das Escrituras, já que aqui Paulo une todos os grandes temas da Bíblia – pecado, lei, julgamento, destino humano, fé, obras, graça, justificação, santificação, eleição, a obra de Cristo e do Espírito Santo, a esperança cristã, a natureza da igreja, o lugar do judeu e do gentio (não-judeu) nos propósitos de Deus, o significado da mensagem do Antigo Testamento, os deveres do cristão frente ao estado e os princípios de retidão moral. A Epístola aos Romanos abre uma perspectiva para o entendimento de como todas as partes da Bíblia se ajustam de modo claro.

1) A Igreja Cristã em Roma: Talvez a igreja na cidade de Roma tenha sido fundada por convertidos presentes no Pentecostes (At 2.1- 10). O que se sabe é que em 49 d.C. a igreja já estava estabelecida, já tendo havido choques com os judeus (At 18.1-3). A carta foi escrita para uma igreja predominantemente gentílica (Rm 1.5s, 13s; 11.13s), uma comunidade grande e ativa, com boa reputação no mundo cristão mediterrâneo (Rm 1.8; 15.14). Muitos membros provavelmente foram ganhos para o evangelho dentro das sinagogas, fruto da obra missionária entre os judeus. Depois da expulsão dos cristãos de origem judaica, os cristãos de origem gentílica não podiam mais se reunir nas sinagogas, mas somente em casas particulares. O retorno subseqüente dos cristãos judaicos em 54 a.C., com a sua observância segundo a Torah de rituais etnicamente orientados, criou tensão com os cristãos gentílicos agora mais independentes. É em vista dessa situação que se entende a discussão de Romanos 14–15 acerca dos cristãos “fracos” (predominantemente judeus) e os cristãos “fortes” (predominantemente gentios). Esses grupos distintos devem aprender a conviver (15.7s). Os cristãos judaicos não devem insistir em reivindicações baseadas na etnia (Rm 9), mas na finalidade de Cristo em todas as coisas, inclusive na Lei (Rm 10). E os cristãos gentílicos devem humildemente reconhecer a sua dívida para com Israel e crescer no seu apreço (Rm 11). 

2) Data e lugar da escrita: A Epístola aos Romanos foi escrita no tempo da permanência de Paulo na Grécia, ao término da terceira viagem missionária (At 20.2), ditada a Tércio (Rm 16.22). Há uma sugestão de que a carta foi enviada de Corinto, em casa de Gaio, que “hospeda a mim e a toda a igreja” (Rm 16.23, cf. 1Co 1,14-15). Ele está prestes a partir (alguns pensam até que já tivesse partido) para Jerusalém (Rm 15.25-33), levando o produto da coleta que organizara na Macedônia e na Acaia em proveito dos “santos de Jerusalém que estão na pobreza” (Rm 15.25-26). Acabava de passar três meses em Corinto (At 20.3) no fim de sua terceira viagem missionária, no decurso da qual escrevera, alguns meses antes, as epístolas aos Coríntios, aos Gálatas e talvez aos Filipenses. Acha-se, pois, no fim de um dos períodos mais movimentados de sua atividade epistolar e teológica. Ele julga ter cumprido a sua tarefa no Oriente (Rm 15.19-20). Doravante, propõe-se levar o Evangelho ao Ocidente. Ele deseja evangelizar o ocidente, buscando chegar à Espanha (Rm 15.24, 18). Uma data entre o fim de 55 e o começo de 57 d.C. parece encaixar-se bem dentro dos informes conhecidos. A autenticidade paulina desta carta jamais foi posta em dúvida. Somente os dois últimos capítulos levantam uma questão de crítica literária ante as hesitações da transmissão manuscrita a seu respeito.

3) O propósito da Epístola: Paulo escreveu provavelmente para buscar o apoio da igreja em Roma para seu trabalho missionário na Espanha (Rm 15.24). Parece que a carta também foi escrita para solucionar algumas tensões entre os cristãos de origem judaica e os cristãos de origem gentílica. É em vista dessa situação que se entende a discussão de Romanos 14–15 acerca dos cristãos “fracos” (predominantemente judeus) e os cristãos “fortes” (predominantemente gentios). Mas a forma teológica da epístola se parece com um tratado. Então, outra sugestão seria que o apóstolo escreveu aos romanos para, além de prepará-los para uma futura visita, se esta não fosse possível, ainda assim estes receberiam o “evangelho segundo Paulo”.  

4) Seu lugar no Cânon: O mais antigo manuscrito das epístolas paulinas é do segundo século, que contém 10 livros de Paulo (excluindo as cartas “pessoais”) e Hebreus, provindo do Egito (c.180). Romanos vêm em primeiro lugar. No Cânon Muratoriano, de Roma (c.180), Romanos ocupa o último lugar, e foram incluídas Filemon, Timóteo e Tito. Romanos tem lugar de honra por ser a maior epístola e o “Evangelho segundo Paulo”.  

5) Estilo: O estilo usado é a “diatribe”, que era uma forma retórica em que o escritor (ou orador) entrava num debate imaginário com um interlocutor, levantando pontos ou fazendo objeções que então eram respondidas no texto (Ralph Martin), como pode ser visto em Rm 2.1, 3, 17; 3.1-4, 9. Basta ler uma tradução vernácula para se ficar impressionado com o incessante emprego que o apóstolo faz da interrogação retórica, da interjeição, da exclamação, da frase incidente ou do parêntese. Em nenhuma outra de suas epístolas ele recorre tanto a processos oratórios, tais como, por exemplo, as fórmulas “Que diremos, pois?”, “Ignorais então?”, “Ó homem, quem quer que sejas”. Joachim Jeremias sugere que o vívido estilo de Paulo em Romanos foi fruto das experiências missionárias do apóstolo – certamente o apóstolo foi interrompido muitas vezes por um ouvinte judeu que levantava uma objeção à sua mensagem, o que o obrigava a dar uma resposta imediata. Ele também usou o método rabínico de argumentação: citação conjunta de passagens do Antigo Testamento (3.10, charaz, “rosário” de citações); pesher: uma adaptação do Antigo Testamento e sua interpretação a outro contexto.  
6) Os temas principais de Romanos: Na epístola inteira o pensamento de Paulo é dominado por seu conceito de Deus.   
a) A justiça de Deus: este é o tema da epístola (Rm 1.17). Em Romanos temos quatro diferentes usos do termo “justiça”: Fidelidade: as promessas de Deus têm de ser cumpridas para estarem de acordo com a natureza divina (Rm 3.3,4). Ira: um aspecto específico da justiça e retidão de Deus, que significa sua aversão ao pecado (Rm 1.17s; 2.5). A manifestação da justiça na morte de Cristo (Rm 3.25): o dom de Deus, que é Cristo como sacrifício propiciatório, manifesta sua justiça. A ligação da justiça e fé: a justiça de Deus é recebida pela fé somente.  
Deus declara justos aqueles que por natureza são inimigos de Deus (Rm 5.10). Este é o significado de justificação: não que os homens são feitos retos, mas antes, que são contados como justos. Segundo João Calvino, a carta inteira é uma exposição da justiça de Deus: “O homem encontra sua justificação única e exclusivamente na misericórdia de Deus, em Cristo, ao ser ela oferecida no evangelho e recebida pela fé”.   

b) A bondade de Deus: A justiça de Deus, que é concebida ativamente na salvação do homem, salienta o amor ligado com santidade. Paulo chama a atenção para a bondade, clemência e paciência de Deus (Rm 2.4). O amor de Deus é salientado no fato de que Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores (Rm 5.8). Coisa alguma pode nos separar do amor de Deus, que nos escolheu e justificou (Rm 8.31-39). Mesmo na rejeição de Israel a misericórdia permanece e Deus não é injusto (Rm 9.15) – ele estendia as mãos todo dia ao povo desobediente de Israel (Rm 10.21).

Deus equilibra severidade e bondade para aqueles que permanecem nele (Rm 11.22). A liberdade de Deus é ressaltada em usar misericórdia (Rm 11.32). Ele é chamado de Deus da “esperança” (15.3), da “constância e do encorajamento” (Rm 15.5), e devemos desenvolver qualidades semelhantes.
   
c) Soberania de Deus: Focalizado principalmente nos capítulos 9 a 11, o apóstolo ilustra o tema apelando para o poder que o oleiro tem sobre o barro demonstrando a soberania de Deus. Ainda assim, a misericórdia é mais ressaltada que o julgamento. Como toda verdade a respeito de Deus, a doutrina da eleição envolve mistério e, às vezes, levanta controvérsia.  
Porém, nas Escrituras, a eleição em Cristo é uma verdade pastoral, que ajuda os cristãos a verem quão grande é a graça que os salva e os move a responder com humildade, confiança e louvor. Em Rm 11.3-36, Paulo se admira perante a sabedoria de Deus, que ele descreve como insondável e inescrutável. Esta é sua âncora diante dos mistérios de Deus.  

d) A graça de Deus: Esta carta é a descrição da atividade salvadora de Deus. Ele tomou a iniciativa, e a obra de Cristo na cruz é vista como um sacrifício objetivo preparado por Deus, por meio do qual os pecados podem ser remidos (Rm 3.24-25). A superabundância da graça jamais deve ser considerada como ocasião para a prática de pecado maior (Rm 6.1). Isto é impossível por causa da união íntima do crente com Cristo.  
O pecado não tem mais domínio sobre nós, porque agora estamos debaixo da graça "Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça".(Rm 6.14). Não obstante, a graça nos tornou escravos de Deus, pelo que uma nova obrigação tomou o lugar da antiga (Rm 6.20ss). A graça é a resposta divina ao fato de que o homem nunca pode satisfazer o padrão de santidade exigido pelo Senhor.
   
e) A lei de Deus: Em Romanos, a lei refere-se a Deus em seu ódio ao pecado, seu juízo e sua ira, sendo completamente ineficaz como meio de salvação, por causa da própria deficiência humana (Rm 7.22). Por outro lado, a lei reflete a santidade do caráter de Deus. Se Ele fosse se privar dela, tornar-se-ia um Deus amoral em vez de um Deus santo. Então, Sua obra de santificação não está divorciada de uma íntima conexão com a lei (Rm 8.1-17).  

Os mandamentos são escritos no coração, mediante a operação do Espírito Santo – que é contrastado com a carne (Rm 8.4ss), proporcionando vida em lugar de morte (Rm 8.11), dando testemunho da filiação cristã (Rm 8.14ss) e intercedendo pelos crentes (Rm 8.26). A vida cristã não é questão de submissão a um código de leis, mas é uma questão de vida controlada pelo Espírito, que envolve qualidades tais como retidão, paz, alegria, esperança e amor (Rm 5.3ss; 12.11; 14.17; 15.13-30). 



PONTO CENTRAL



A Epístola aos Romanos é um chamado à liberdade cristã.


I - AUTOR, LOCAL, DATA E DESTINATÁRIOS

1. O autor. Há um consenso entre teólogos e biblistas de que a Epístola aos Romanos é de autoria de Paulo (Rm 1.1). O argumento que nega a originalidade desse registro não tem credibilidade entre os estudiosos do Novo Testamento. Paulo escreveu essa carta com o auxílio de Tércio, o seu amanuense, escrevente, (Rm 16.22). O costume da época permitia que o amanuense tivesse certa liberdade na redação do documento, agindo como uma espécie de taquígrafo. Com base nesse fato, alguns críticos têm argumentado a respeito da autenticidade de certas passagens da Carta aos Romanos, atribuindo-os a uma autoria não paulina. Todavia o teor de Romanos não deixa dúvidas de que todo o seu conteúdo reflete o estilo de Paulo escrever. 




2. Local e data. Paulo escreveu aos romanos provalvelmente entre os anos 56 e 57 d.C, quando se encontrava na próspera cidade de Corinto, capital da província romana de Acaia, no território da Grécia. Paulo permaneceu pelo menos três meses na Grécia por ocasião da sua última visita a Jerusalém (At 20.3). O livro de Atos nos mostra que foi em Corinto, cidade grega, que Paulo montou seu centro de atividades missionárias. Em Corinto, Paulo ficou hospedado na casa do seu fiel amigo Gaio.




3. Destinatários. Alguns intérpretes ao escreverem a respeito da Epístola aos Romanos a classificam como sendo de natureza atemporal. Eles não estão errados, visto que ela foi inspirada pelo Espírito Santo e como tal transcende as barreiras do tempo.  Romanos 1.7 nos mostra, de modo bem claro, o destinatário da epístola: "A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo". Quem seria, pois, esses "todos que estais em Roma?" Há uma disputa sobre os reais destinatários desta carta. Alguns argumentam que Paulo escreveu para os judeus radicados em Roma, enquanto outros defendem os cristãos gentílicos como sendo esses destinatários. Porém, Paulo escreveu à igreja de Roma. Uma igreja formada tanto por judeus como por gentios.




SÍNTESE DO TÓPICO I

Paulo é o autor da Epístola aos Romanos. Ele escreveu esta carta entre os anos de 56 e 57 d.C., tendo como destinatário a igreja em Roma.


SUBSÍDIO DIDÁTICO

Professor, explique aos alunos que "quando Paulo escreveu a carta à Igreja de Cristo em Roma, ainda não havia estado nesta cidade, mas já havia anunciado o evangelho 'desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico' (Rm 15.19). O apóstolo planejou visitar e pregar em Roma; esperava continuar a levar o evangelho ao ocidente, à Espanha" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Rio de Janeiro: CPAD, p. 1550). 
Para que o aluno tenha uma compreensão melhor da localização de tais cidades e acontecimentos onde Paulo esteve, reproduza o mapa abaixo, distribua para os alunos e o utilize antes da explicação do primeiro tópico.


CONHEÇA MAIS

*Data e autoria da Carta aos Romanos
"A igreja primitiva e até mesmo os críticos da atualidade concordam com os  versículos de abertura da carta. Esta é a carta do apóstolo Paulo aos romanos. Muitos comentaristas creem que Paulo a escreveu em 56 e 57 d.C., enquanto estava em Corinto. Febe, das cercanias de Cencreia, levou a carta (Rm 16.1,2); e Gaio (16.23), foi o mais proeminente convertido de Paulo em Corinto (1 Co 1.14). Assim, a carta de Paulo chegou a Roma vários anos antes de sua vinda à cidade, como prisioneiro, para ser julgado pelo tribunal de César (At 28)". 
Para conhecer mais leia Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p. 735. 


II - FORMA LITERÁRIA, CONTEÚDO E PROPÓSITO



1. Forma literária. A Epístola de Paulo aos Romanos segue o modelo de outros documentos do primeiro século da era cristã. O esboço obedece à ordem desse tipo de documento, tendo sempre uma saudação e uma oração (Rm 1.1,7,8,16). Uma forma literária bastante comum nos dias de Paulo era a escrita em forma de diálogo. Platão, filósofo grego, por exemplo, escreveu dezenas deles. Todavia, como bem observou o especialista em Novo Testamento, Brodus D. Hale, essa forma literária dificilmente se ajusta ao modelo paulino. O que podemos observar na leitura de Romanos é o uso de diatribes por parte do apóstolo. Nesse modelo literário, que era um recurso muito usado pelos filósofos estoicos e cínicos, o autor valia-se de uma exposição crítica a respeito de alguma obra. 





2. Conteúdo. O conteúdo de Romanos trata de alguns temas bem específicos, como por exemplo, a pecaminosidade do homem, a salvação de Deus, a justificação pela fé e a graça divina. Logo depois das palavras de saudação observamos a seção que trata sobre a manifestação da justiça de Deus mediante a fé (Rm 1.18-4.25). Paulo mostra a necessidade espiritual que os gentios, judeus e toda a humanidade têm da salvação de Deus. Paulo também mostra nos capítulos 5 a 8 (5.1- 8.39), a ação santificadora do Espirito Santo no processo da salvação. É destacado aqui o resultado prático do Evangelho na salvação do crente. Através do Espírito Santo o crente experimenta a paz com Deus. Nos capítulos 9 a 11 encontramos a teologia paulina a respeito do tratamento de Deus para com Israel, o seu povo. São revelados três aspectos do tratamento de Deus para com Israel - passado, presente e futuro. Na última seção Paulo mostra o lado prático do Evangelho na transformação de vidas (12 a 15.13). A conclusão da carta, tratando do empreendimento missionário do apóstolo e algumas recomendações finais, estende-se do capítulo 15.14 ao 16.27. 


3. Propósito. Uma leitura cuidadosa de Romanos nos mostra que essa carta não possui apenas um único propósito, mas vários. O principal, segundo a Bíblia de Estudo de Aplicação Pessoal é "apresentar Paulo aos romanos e sintetizar a mensagem do apóstolo, antes de sua chegada a Roma". Todavia, podemos também destacar os seguintes propósitos: o apóstolo deseja fazer da igreja romana uma base missionária a fim de que ele pudesse chegar até a Espanha (Rm 15.24,28); fica evidente também que o apóstolo está imbuído da defesa do Evangelho que ele pregava.  Assim, as acusações de que Paulo promovia um anti-judaísmo não procedem, pois a carta também tem um propósito apologético e pastoral, como podemos verificar nos capítulos 14 e 15. 


SÍNTESE DO TÓPICO II

A Epístola aos Romanos foi escrita em forma de diálogo. Ela trata de temas bem específicos e não possui apenas um único propósito, mas vários 


 Uma leitura cuidadosa de Romanos nos mostra que essa carta não possui apenas um único propósito, mas vários.

SUBSÍDIO DIDÁTICO

Reproduza o quadro abaixo, e utilize-o para apresentar de forma sucinta algumas informações que são essenciais para a compreensão da Epístola aos Romanos

EPÍSTOLA AOS ROMANOS


PROPÓSITO
Apresentar Paulo aos romanos e sintetizar a mensagem do apóstolo, antes de sua chegada a Roma.

AUTOR
Paulo.

DESTINATÁRIOS
Os cristãos em Roma e em todo o mundo.

DATA
Provavelmente foi escrita em 57d.C., em Corinto quando Paulo preparava sua visita a Jerusalém.

VERSÍCULO-CHAVE
“Sendo, pois, justificados, pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (5.1).

PESSOAS-CHAVE
Paulo e Febe.

LUGAR-CHAVE
Roma


Extraído da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, CPAD, p. 1548.



III - VALOR ESPIRITUAL 



1. Fundamentação doutrinária. A Epístola aos Romanos é considerada a mais teológica dentre todas as outras escritas por Paulo. O forte conteúdo doutrinário desta carta é sem dúvida o mais completo do Novo Testamento. Romanos trata de alguns dos temas mais profundos do Cristianismo - as doutrinas da chamada eleição, da predestinação, da justificação, da glorificação e da herança eterna. 
Paulo mostra à igreja que o pecador pode encontrar a redenção na poderosa mensagem do Evangelho que é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê. A Carta aos Romanos revela que é por intermédio da graça de Deus, manifestada na pessoa bendita de Jesus Cristo, que o homem pode ver corrigido o seu relacionamento com o Criador. A velha natureza é subjugada na cruz e o Espírito Santo faz com que o poder da cruz agora emane na vida do crente. 




2. Renovação espiritual. Não há dúvida de que a igreja de Roma, a quem a Epístola aos Romanos foi endereçada, experimentou uma tremenda renovação espiritual mediante a sua leitura. Todavia, o renovo espiritual advindo da leitura desta carta pode ser visto na vida de muitos crentes ao longo da história da Igreja. Tomemos como exemplo Agostinho, bispo de Hipona, que teve sua vida mudada quando leu Romanos 13.13. Por outro lado, Matinho Lutero, o grande reformador alemão, foi desafiado a romper com a tradição católica quando também leu a Carta aos Romanos. John Wesley também testemunhou forte renovação em sua vida através da leitura do comentário dessa Carta, escrita pelo Reformador. 


SÍNTESE DO TÓPICO III

O valor espiritual da Epístola aos Romanos é imenso. Ela é considerada a mais teológica dentre todas as outras escritas por Paulo. 


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

 "Paulo destaca alguns aspectos principais na carta aos Romanos. A doutrina da salvação é apresentada dentro de alguns itens especiais: o teológico (1.18-5.11); o antropológico (5.12-8.39); o histórico (9.1-11.36) e o ético (12.1-15.33). Esse plano alcança toda a obra e contém verdades incontestáveis e irremovíveis. 
Na esfera teológica. Paulo apresenta a condição perdida dos homens, sem a mínima possibilidade de salvação por méritos próprios. Logo depois, Cristo é a solução, visto que, por meio de sua morte, todos podem ser justificados da condenação. O pecador é justificado mediante a obra expiatória de Jesus Cristo.
Na esfera antropológica. A ilustração do primeiro e segundo Adão, coloca o crente de frente a uma nova realidade espiritual. O primeiro Adão foi vencido pelo pecado, mas o segundo o venceu por todos os homens. Em Cristo, o homem assume um novo regime de vida sob a orientação do Espírito Santo" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 8.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 17).




CONCLUSÃO

Uma visão panorâmica da carta de Paulo aos Romanos permite-nos vislumbrar a terrível situação espiritual na qual se encontra a humanidade depois da Queda. É algo desesperador. Todavia, a Carta mostra, de forma clara, que Deus por intermédio do seu amor gracioso, que ultrapassa todo o entendimento, veio ao encontro dos pecadores para oferecer-lhes perdão e restauração através de Jesus Cristo, seu bendito Filho. É Ele que, através de seu sacrifício vicário, tirou a raça humana das trevas do pecado e deu a oportunidade ao pecador de viver uma nova vida no poder do Espírito Santo.


RIVALDO NASCIMENTO

- Ensinador Cristão Nº 66 do 2º trimestre de 2016

Ferreira, Franklin - A Epístola aos Romanos.


- O texto bíblico aqui empregado é o da "Bíblia de Estudos", tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, publicada por Editora Vida.

- Imagens: www.escola-dominical.com.br  

sexta-feira, 25 de março de 2016

Lição 13 - O Destino Final dos Mortos - 27 de Março de 2016



TEXTO ÁUREO

"Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens."
(1 Co 15.19)


VERDADE PRÁTICA

Os salvos, que  morrerram em Cristo, aguardam a ressurreição no céu e os ímpios a esperam no Hades, em sofrimento indizível. 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Lucas 16.19-26

19 - Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente.
20 - Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele.
21 - E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas.
22 - E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado.
23 - E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio.
24 - E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
25 - Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, somente males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado.
26 - E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá.


OBJETIVO GERAL

Mostrar que os salvos vão aguardar a ressurreição no Paraíso de Deus e os ímpios a esperam no Hades.


INTRODUÇÃO

Na lição de hoje estudaremos o destino final dos ímpios e dos salvos em Jesus Cristo.
A Palavra de Deus nos garante que não será em vão a nossa esperança em Jesus Cristo, pois pela fé já temos assegurado um futuro glorioso ao seu lado. Para os ímpios, que não se arrependeram, é reservado o sofrimento e a condenação eterna, pois suas escolhas enganosas os levaram a desprezar a salvação de Deus. 

A vida após a morte dá margem para muitas especulações. Na religião, essas especulações chegaram a graus absurdos. Para se ter ideia das especulações que proliferaram ao longo da história da humanidade, dê uma olhada na tabela abaixo, sugiro que o prezado professor a reproduza para introduzir o assunto, o Estado Intermediário, no primeiro tópico:

Purgatório

Uma doutrina católica que afirma que mesmo os mais fiéis passarão por um processo de purificação antes de tornarem-se aptos para entrar na presença de Deus.

Reencarnação / Espiritismo

Ensina que é possível comunicar-se com espírito de pessoas falecidas por intermédio de um médium.

Sono da alma

É a crença de que a alma permanece em um estado inconsciente até a ressurreição.

Após apresentar essas teorias, exponha o que a Bíblia diz sobre o estado chamado de “intermediário”, conforme está na lição: situação após a morte, que não significa um estado de purificação, ou retorno “eterno” ou de uma inconsciência sem fim. A Palavra de Deus diz que quando nos encontrarmos com o Senhor estaremos imediatamente com o Ele num estado de descanso (Ap 14.13), de serviço (Ap 7.15) e de santidade (Ap 7.14).   
O Estado Eterno
As Escrituras mostram com clareza que na morte não termina a vida; se inicia outra. Há uma crise humana em lidar com a morte e a finitude da vida. Inconscientemente, o ser humano tem a “consciência” da eternidade. Portanto, ouçamos a pergunta de Jesus, na parábola do rico insensato, e meditemos: “Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus” (Lc 12.20,21; cf. 12.13-21).
O Destino dos ímpios
São os perversos em natureza, sem amor no coração, que vivem a vida com o objetivo de fazer o mal e a perversidade para o outro, para a tristeza eterna, ouvirão do Senhor: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41; cf. 25.42-46; Dn 12.2; Ap 20.12; 21.8; 22.15). O Destino dos Justos Mas aqueles que pela fé foram alcançados pela graça de Deus, deram lugar a uma nova natureza, com o amor no coração, vivendo com o objetivo de fazer o bem para o outro, ouvirão do Senhor: “Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34; cf. 25.35-40; Dn 12.2; Ap 21.5-7; 22.12-14).


I - O ESTADO INTERMEDIÁRIO


1. O que é? É o estado entre a morte física e a ressurreição, tanto dos salvos, como dos ímpios. Os salvos terão um destino diferente dos ímpios: "Não vos maravilheis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz.  E  os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação" (Jo 5.28,29). A Palavra de Deus afirma que não existe purgatório  e que também não há o "sono da alma", nem tampouco a reencarnação, como creem alguns. Depois da morte segue-se o juízo divino. 







2. O Sheol e o Paraíso. Sheol é um termo hebraico que pode significar sepultura ou "lugar ou estado dos mortos". Em o Novo Testamento, Sheol é traduzido por Hades. Normalmente o Hades é visto como um lugar destinado aos ímpios. Deus livra o justo do Sheol ou da sepultura (Sl 49.15). O Sheol (inferno) é lugar de punição para os ímpios que não se arrependeram dos seus pecados e não entregaram suas vidas a Jesus Cristo (cf. Sl 9.17).
 O vocábulo "paraíso" é de origem persa e significa um parque ou jardim de paz e harmonia. Foi usado pelos tradutores da Septuaginta para significar o Jardim do Éden (Gn 2.8). Aparece apenas três vezes no Novo Testamento (Lc 23.43; 2 Co 12.4; Ap 2.7). 




3. O lugar dos mortos. Os Teólogos entendem que "o lugar dos mortos", o Hades, estava dividido em duas partes. Estes tomam como base o texto de Lucas 16.19-31, no texto que se refere a Lázaro e ao rico. O primeiro, fiel a Deus, foi levado para o "Seio de Abraão", ou ao Paraíso, estando em repouso e felicidade. O rico, orgulhoso e incrédulo foi para o Hades, onde experimenta angústia e sofrimento atroz. Myer Pearlman diz que Cristo desceu ao Sheol (Sl 16.10; 49.15), "ao mundo inferior dos espíritos" (Mt 12.40; Lc 23.42,43), e libertou os santos do Antigo Testamento levando-os consigo para o paraíso celestial (Ef 4.8-10). O lugar ocupado pelos justos que aguardam a ressurreição foi trasladado para as regiões celestiais (Ef 4.8; 2 Co 12.2). Desde então, os espíritos dos justos sobem para o céu e os espíritos dos ímpios descem para a condenação (Ap 20.13,14). Segundo os textos bíblicos, o Paraíso estaria em cima (Pv 15.24a) e o Hades embaixo (Pv 15.24b). 

SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO

"Seol
O Antigo Testamento usa a palavra hebraica Seol 65 vezes para descrever a residência dos mortos. A Septuaginta traduz esta palavra em grego como 'hades', e o Novo Testamento refere-se a isto diversas vezes (Lc 16.23). Nas traduções do Antigo Testamento para o inglês, a palavra aparece variadamente como 'inferno', 'cova' e 'sepultura'. Seol pode ter diferentes significados, em diferentes contextos, trazendo alguma confusão e diferentes interpretações a respeito da natureza exata do seu significado. Seja a sepultura ou o mundo dos mortos, Seol fala das mais das profundezas, a antítese dos mais altos céus (Jó 11.8; cf. Pv 9.18). Seol também se refere a um lugar de punição do qual somente Deus tem o poder de libertar" (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.417).



* Purgatório
"Os católicos romanos ensinam que todos, menos alguns santos e mártires especiais, precisam passar pelo purgatório (uma condição mais do que um local) a fim de serem preparados para entrar no céu. Agostinho introduziu essa ideia no século IV, mas a palavra 'purgatório' não foi usada a não ser no século XII. Essa doutrina não foi elaborada completamente a não ser no Concílio de Trento no século XVI. A doutrina do purgatório revelou ser lucrativa para a Igreja Católica Romana, mas dava a aparência de que Deus estaria demonstrando favoritismo aos ricos, cujos parentes não teriam dificuldade em pagar as missas exigidas para tirá-los rapidamente do purgatório". Leia mais em Teologia Sistemática: 
Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, p.623.





II - A SITUAÇÃO DOS MORTOS 

Qual é a real situação daqueles que já morreram? O texto de Lucas 16 nos mostra a diferença entre o estado dos ímpios e dos justos após a morte. Vejamos:








Onde estão os que morreram em Cristo Jesus? Considerando que, de acordo com Eclesiastes 12.7, “... o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu”, todas as pessoas, sem distinção, salvas ou perdidas, ficam sob o controle de Deus (Mt 10.28). Contudo, no caso dos salvos, não ficam apenas sob o controle divino; quedam-se aos cuidados do Todo-Poderoso e são levados ao Paraíso, no Céu (Fp 1.23; 2 Co 5.8; 1 Pe 3.22). Quanto aos ímpios, vão para o Hades (gr. hades e hb. sheol), um lugar de tormentos (Ef 4.8-10; Sl 139.8; Pv 15.24).

Os salvos em Cristo, portanto, estão no Paraíso, no Terceiro Céu, uma ante-sala do lugar de gozo pleno (Lc 23.43; 2 Co 12.1-4). Trata-se de um lugar onde os salvos se encontram na condição espírito+alma, isto é, o “homem interior” (2 Co 4.16). No caso desses mortos em Cristo, o seu “homem interior” encontra-se em um estado intermediário, aguardando o Arrebatamento da Igreja. Naquele grande Dia, os salvos, que aguardam no Paraíso, se unirão aos seus corpos, na terra (1 Ts 4.16,17). E, na condição espírito+alma+corpo, ingressarão no Céu final, definitivo.

Em 1 Tessalonicenses 3.13 está escrito: “que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos”. Essa passagem mostra que os santos de todas as épocas virão com Cristo, no Arrebatamento. Em outras palavras, o “homem interior” (espírito+alma) deles se juntará aos seus corpos, na terra, para a ressurreição, num abrir e fechar de olhos (1 Co 15.50-52).

Apesar de os mortos em Cristo se encontrarem na presença de Deus, ainda não foram transformados. Isso só acontecerá na ressurreição (1 Co 15.51). Seu estado é similar ao daqueles mártires que morrerão na Grande Tribulação, mencionados em Apocalipse 6.9-11. Esta passagem e a de Lucas 16.25 indicam que, no Paraíso, os salvos são consolados, repousam, estão conscientes e se lembram do que aconteceu na terra (cf. Ap 14.13). Contudo, após o Arrebatamento, estarão — no sentido pleno — “sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17).

Nos tempos do Antigo Testamento, Paraíso e Hades ficavam na mesma região; eram separados por um abismo intransponível (Lc 16.19-31). Quando Jesus morreu, desceu em espírito a essa região e transportou de lá os salvos para o Terceiro Céu — para entender essa transição claramente, faz-se necessário estudarMateus 16.18, Lucas 23.43, Efésios 4.8,9 e 2 Coríntios 12.1-4, nessa ordem. Quanto aos ímpios, permanecem numa espécie de ante-sala do Inferno final, o Hades, que não deixa de ser “um inferno”, um lugar de tormentos (Lc 16.23).

Quanto aos testemunhos de pessoas que pensam ter ido ao Céu e ao Inferno, é preciso ter cuidado, pois a Palavra de Deus é clara ao dizer que a glória futura ainda “... há de ser revelada” (Rm 8.18, grifo meu; 1 Pe 5.1; Dt 29.29). E o Senhor não contraria a sua Palavra.


1. O estado intermediário dos salvos. Na história do rico e Lázaro (Lc 16), vemos o estado intermediário dos salvos. O justo ao morrer é conduzido pelos anjos até o Paraíso (v. 22). Que privilégio, que honra têm os salvos ao morrer, e serem recepcionados pelos anjos. Ao ladrão da cruz Jesus disse: "Hoje estarás comigo no Paraíso" (Lc 23.42,43). O espírito e a alma deixam o corpo e permanecem no lugar de espera (Paraíso), aguardando a ressurreição na Vinda de Jesus.









2. Os justos são recebidos pelo Senhor. É o próprio Senhor Jesus quem recebe o espírito dos justos após a morte. Tomemos como exemplo o caso de Estevão que está narrado em Atos 7.59. Para espanto dos ímpios, eles verão Jesus recepcionar gloriosamente os que o aceitaram como Salvador.
Os que morreram em Cristo, bem como os ímpios, vão manter sua identidade pessoal, sua personalidade e consciência depois da morte. Moisés, tendo sido sepultado por Deus, aparece, falando com Jesus no Monte da Transfiguração (Mt 17.3; Lc 9.30-32), ao lado de Elias, que foi arrebatado. Note-se que são os mesmos nomes, Moisés e Elias. 
A despeito de tudo o que foi dito, devemos lembrar que, para o salvo, a morte é um ganho: "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho". Paulo tinha o "desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor" (Fp 1.21,23). 



3. O estado intermediário dos ímpios. Eles vão para o Sheol ou Hades, ou seja, o inferno, que é o seu destino final (Sl 9.17). Nesse "estado intermediário", aguardam seu julgamento final. 
O Hades é um lugar "embaixo", ou seja, oposto ao céu ("seio de Abraão"). O rico "ergueu os olhos", vendo "ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio" (v. 23): "Para o sábio, o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo" (Pv 15.24).
Fato é que os ímpios sofrerão e estarão conscientes. O rico ímpio estava em "tormentos" (v. 23) e clamava pedindo misericórdia (v. 24). Os ímpios que morreram sem Cristo estão "em prisão" (1 Pe 3.19) e ali eles vão se lembrar dos que ficaram na Terra (v. 28). As Escrituras Sagradas afirmam que estes não podem ser consolados por ninguém: "E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá" (v. 26).  
Fica, pois, evidente que aqueles que descem ao Hades não podem se comunicar com os vivos. Eles são lembrados de que em vida tiveram oportunidade de ouvir as Escrituras, mas desprezaram as suas advertências (v. 27-31).





SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO

"O Estado Final dos Ímpios
A Bíblia descreve o destino final dos ímpios como algo terrível e que vai além de toda a imaginação. São as 'trevas exteriores', onde haverá choro e ranger de dentes por causa da frustração e do remorso ocasionados pela ira de Deus (Mt 22.13; 25.30). É uma 'fornalha de fogo' (Mt 13.42,50), onde o fogo pela sua natureza é inextinguível. Causa perda eterna, ou destruição perpétua (2 Tm 1.9), e 'a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre' (Ap 14.11; cf. 20.10). Jesus usou a palavra Gehenna  como termo aplicável a isso. 
Depois do juízo final, a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo (Ap 20.14), pois este, que fica fora dos novos  céus e da nova terra (cf. Ap 22.15), será o único lugar onde a morte existirá. É então que a vitória de Cristo sobre a morte, como o salário do pecado, será final e plenamente consumada (1 Co 15.26). Mas nos novos céus e terra não haverá mais morte (Ap 21.4)" (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 642,43).


III - O DESTINO FINAL DOS MORTOS

Após passarem pelo "estado intermediário", os mortos ressuscitarão. Os salvos irão para a "vida eterna" e os ímpios, "para desprezo eterno" (Jo 5.28,29). 



1. O estado final dos salvos. Após a primeira ressurreição (Rm 8.11), os salvos vão para as Bodas do Cordeiro, passarão pelo Tribunal de Cristo, e viverão com Deus por toda a eternidade. Esse é o destino final dos salvos. Seus corpos ressuscitarão e se tornarão incorruptíveis (cf. 1 Co 15.42-44). O mesmo corpo que morreu será transformado por Deus e ressuscitará "em glória", semelhante ao corpo de Jesus ao ressuscitar (Fp 3.21). 




2. O estado final dos ímpios. Os ímpios ressuscitarão para "vergonha e desprezo eterno" (Dn 12.2). Seu destino final é o lago de fogo (Ap 20.15), onde "haverá pranto e ranger de dentes" (Mt 22.13).  Ali os ímpios desfrutarão da companhia do Diabo, do Anticristo e do Falso Profeta (Ap 20.10; 21.8). Atualmente, muitos ímpios ficam impunes, mas no inferno estes receberão o castigo eterno por tudo o que fizeram de mal (2 Ts 1.9).


SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO

"O Estado Final dos Ímpios
A Bíblia descreve o destino final dos ímpios como algo terrível e que vai além de toda a imaginação. São as 'trevas exteriores', onde haverá choro e ranger de dentes por causa da frustração e do remorso ocasionados pela ira de Deus (Mt 22.13; 25.30). É uma 'fornalha de fogo' (Mt 13.42,50), onde o fogo pela sua natureza é inextinguível. Causa perda eterna, ou destruição perpétua (2 Tm 1.9), e 'a fumaça do seu tormento sobe para todo o sempre' (Ap 14.11; cf. 20.10). Jesus usou a palavra Gehenna  como termo aplicável a isso. 
Depois do juízo final, a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo (Ap 20.14), pois este, que fica fora dos novos  céus e da nova terra (cf. Ap 22.15), será o único lugar onde a morte existirá. É então que a vitória de Cristo sobre a morte, como o salário do pecado, será final e plenamente consumada (1 Co 15.26). Mas nos novos céus e terra não haverá mais morte (Ap 21.4)" (HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, pp. 642,43).



CONCLUSÃO

O estudo da Escatologia é um dos mais edificantes para a Igreja em todos os tempos, principalmente no presente século, quando muitos sinais dão a entender que a vinda de Jesus poderá acontecer a qualquer momento. 
Que você possa prosseguir com o estudo da Escatologia Bíblica. Leia a Palavra de Deus, ore, jejue e esteja aguardando o maior acontecimento escatológico de todos os tempos: O arrebatamento da Igreja do Senhor Jesus Cristo.


RIVALDO NASCIMENTO

Ensinador Cristão Nº 65 do 1º trimestre de 2016. Marcelo Oliveira de Oliveira.

- O texto bíblico aqui empregado é o da "Bíblia de Estudos", tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, publicada por Editora Vida,
 
- Imagens: www.escola-dominical.com.br  

- Slides: Projetados por Rivaldo Nascimento.