domingo, 3 de abril de 2016

Lição 2 - A Necessidade Universal da Salvação em Cristo - 10 de Abril de 2016






TEXTO ÁUREO

“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.”
(Rm 3.10)

VERDADE PRÁTICA

O pecado manchou toda a raça humana e somente o sangue de Cristo é suficiente para purificá-la.



LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Romanos 1.18-20,25-27; 2.1, 17-21

Rm 1.18 - Porque do céu se manifesta  a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça;
19 - porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou.  
20 - Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas,  para que eles fiquem inescusáveis;  
25 - pois mudaram a verdade de Deus em mentira e  honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que  é  bendito eternamente. Amém!
26 - Pelo que Deus os abandonou  às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.  
27 - E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
Rm 2.1 - Portanto, és inescusável quando julgas,  ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo.
17 - Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus;  
18 - e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei;  
19 - e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas,  
20 - instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência  e da verdade na lei;  
21 - tu, pois,  que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? 


OBJETIVO GERAL

Mostrar que o pecado manchou toda a raça humana, por isso, todos necessitam de salvação. 



OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Apontar a necessidade de salvação dos gentios;
Mostrar a necessidade de salvação dos judeus;
Explicar a necessidade de salvação da humanidade. 



Adão e Eva pecaram ao desobedecer a Deus. O pecado deles afetou toda a humanidade, por isso, as Escrituras afirmam que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). O castigo para o pecado é a morte, porém Deus por sua infinita graça, amor e misericórdia, enviou seu filhos Jesus Cristo ao mundo para morrer por nossos pecados. O Filho de Deus morreu pelos judeus e gentios, pois ambos necessitam de salvação. Somente Jesus Cristo pode salvar o homem libertando-o do pecado. A salvação não pode ser alcançada pelo cumprimento da Lei ou por qualquer tipo de esforço ou sacrifícios humanos. Somos libertos do poder do pecado unicamente pela graça de Jesus Cristo.


INTRODUÇÃO

Na lição de hoje teremos a oportunidade de compreender que o pecado, em sua universalidade, atingiu os gentios, os judeus e toda a raça humana. Todos ficaram debaixo do impiedoso jugo do pecado. A necessidade de uma salvação universal, na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo é um tema bastante claro na argumentação do apóstolo Paulo em Romanos 1.18 a 3.20. 
Paulo nos mostra em Romanos que tanto os pagãos, que estavam nas trevas do pecado, quanto os judeus, que se orgulhavam de possuir a Lei divina entregue a Moisés no Sinai, estão sob o domínio do pecado. Veremos nesta lição que somente a revelação da justiça de Deus em Cristo Jesus é suficiente para salvar tanto os judeus quanto os gentios.

O Ensinador Cristão nos diz que é fundamental que a organização da estrutura da epístola esteja bem clara em sua mente, sobre: 

Sobre os gentios
Na seção de Romanos 1.18-32 é demonstrada com muita clareza a situação dos gentios diante de Deus. Eles não reconheceram a Deus, que se manifestou por intermédio da criação, fazendo que o Pai Celestial os entregasse "aos desejos dos seus corações, à impureza". Esta expressão é uma das mais importantes no desenvolvimento da explicação de Paulo em relação à situação dos gentios. Os principais estudiosos dessa epístola concordam que a expressão "Deus os entregou" não tem o sentido de uma condição "decretada" por Deus para que os gentios jamais se arrependessem, mas, pelo contrário, seria uma deliberação divina permitindo que o gentio seguisse o seu próprio caminho de futilidade de vida, aprofundando mais no pecado e na imundícia, pois na verdade esta seria uma consequência natural de escravidão do pecado. Segundo o estudioso, C.E.B Cranfield, esta condição não seria um "privilégio" só dos gentios, mas de toda a humanidade, mostrando assim que a sessão 1.18-32 também engloba a realidade dos judeus, que de maneira oculta, repetia o caminho dos gentios (Rm 2.1). Ou seja, ainda assim Deus não perderia de vista a possibilidade do mais vil pecador de se arrepender, pois Ele quer que todo homem seja salvo (1 Tm 2.4).

Sobre os judeus
Ora, a eleição dos judeus como povo de Deus deveria lhes trazer humildade, gratidão e quebrantamento. Mas aconteceu o contrário. A soberba, a ingratidão e a dura cerviz fizeram com que esse povo vivesse de maneira hipócrita perante Deus. Enquanto criticava os gentios, ocultamente vivia os caminhos do ser humano escravo do pecado. Por isso, o homem judeu não tinha a desculpa de ser filho de Abraão, pois na prática era filho do pecado: "Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós" (Rm 2.23,24 cf. vv.17-22).


Postarei um artigo muito interessante do grande Evangelísta John Wesley, que tem como título: "O Caminho Bíblico da Salvação"

'Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus'. (Efésios 2:8)

     É facilmente discernido que essas duas pequenas palavras -  quero dizer fé e salvação - incluem a substância de toda a Bíblia; a medula, como se diz, de todas as Escrituras. Tanto mais devemos tomar todo cuidado possível para evitar todo engano, concernente a elas, e formar um julgamento verdadeiro e correto, concernente a uma, tanto quanto a outra.

3. Permita-nos inquirir seriamente:

I. O que é salvação?

 II. Qual é está  fé, por meio da qual, somos salvos? E...

III. E como podemos ser salvos por ela?

I

1. Primeiro, nós vamos inquirir, o que é salvação? A salvação, de que aqui se fala, não é o que é freqüentemente entendido por esta palavra, o ir para o céu, e para a felicidade eterna. Não é o ir da alma para o paraíso, denominado por nosso Senhor, 'Seio de Abraão'. Não é uma bênção que se estende do outro lado da morte; ou, como nós usualmente falamos, do outro lado do mundo. As mesmas palavras do texto colocam isto além de toda questão: 'Vocês estão salvos'. Não é alguma coisa distante: é uma coisa presente; uma bênção que, através da livre misericórdia de Deus, vocês agora têm posse dela. Mais ainda, as palavras podem ser interpretadas, e isto com igual propriedade, 'Vocês têm sido salvos': de modo que a salvação de que falamos aqui, pode ser estendida para a inteira obra de Deus; desde o primeiro amanhecer da graça na alma, até que seja consumada na glória.

2. Se nós tomamos isto em sua extensão extrema, ela irá incluir tudo o que é forjado na alma, pelo que é freqüentemente denominado 'consciência natural', mas, mais propriamente, 'graça preventiva'; -- todas as delineações do Pai; os desejos, em busca de Deus, que, se nós nos rendermos a eles, aumentam mais e mais; -- toda aquela luz, por meio da qual, o Filho de Deus 'iluminou todo aquele que veio ao mundo'; demonstrando para cada homem como 'fazer corretamente; amar a misericórdia, e caminhar humildemente com seu Deus'; -- todas as convicções que Seu Espírito, de tempos em tempos, opera em todo filho do homem – embora, seja verdade que a generalidade deles as reprime, tão logo quanto possível, e, depois de algum tempo, esqueça, ou, pelo menos, negue que as teve, afinal.

3. Mas, no momento, nós estamos apenas preocupados com aquela salvação, do qual o Apóstolo está falando diretamente a respeito. E esta consiste em duas partes gerais, justificação e santificação.

            Justificação é uma outra palavra para perdão. É o perdão de todos nossos pecados; e, o que necessariamente implica nisto, nossa aceitação com Deus. O preço, por meio do qual, isto tem sido buscado para nós (comumente denominado 'a causa meritória de nossa justificação'). É o sangue e retidão de Cristo; ou, para expressá-la, mais claramente,  tudo o que Cristo tem feito e sofrido por nós, até que Ele despejou Sua alma pelos transgressores'. Os efeitos imediatos da justificação são, a paz de Deus; 'a paz que ultrapassa todo entendimento', e um 'regozijar-se na esperança da glória de Deus', 'com alegria inexprimível e glória completa'.

4. E, ao mesmo tempo em que somos justificados, sim, naquele mesmo momento, a santificação começa. Naquele instante, somos nascidos novamente; nascido alto; nascido do Espírito: Existe uma mudança real, assim como relativa. Nós somos interiormente renovados pelo poder de Deus. Nós sentimos 'o amor de Deus, espalhando-se pelo nosso coração, através do Espírito Santo, que é dado junto a nós'; produzindo amor a toda humanidade, e mais especialmente, aos filhos de Deus;  expelindo o amor ao mundo; o amor ao prazer, à comodidade; à honra; ao dinheiro; juntos, com o orgulho, a ira, a obstinação, e todos os outros temperamentos pecaminosos; em uma palavra, mudando da mente terrena, sensual, perversa, para a 'mente que estava em Jesus Cristo'.

5. Quão naturalmente, estes que experimentam tal mudança, imaginam que todos os pecados se foram,; que eles estão inteiramente arrancados de seus corações, e que têm não mais lugar nele! Quão facilmente, eles esboçam esta conclusão: 'Eu não sinto pecado; portanto, eu não tenho pecado algum: ele não mais perturba; por conseguinte, não existe: ele não tem movimento; assim sendo, não tem vida!'

6. Mas, raramente, é muito tempo antes que eles não sejam enganados, certificando-se que o pecado estava tão somente suspenso e não destruídos. As tentações retornam, e o pecado revive; mostrando que estavam apenas adormecidos anteriormente, e não mortos. Eles agora sentem dois princípios, em si mesmos, claramente contrários, um ao outro: 'a carne cobiçando contra o Espírito'; a natureza opondo-se à graça de Deus. Eles não podem negar que, apesar de ainda sentirem poder para crer em Cristo, e amar a Deus; e, embora Seu 'Espírito' ainda 'testemunhe com seus espíritos que eles são filhos de Deus'; ainda assim, eles sentem, em si mesmos, algumas vezes, orgulho, ou obstinação; algumas vezes, ira ou descrença. Eles encontram um ou mais desses, freqüentemente agitando seus corações, embora que não conquistando; sim, talvez, 'causando ferida neles para que possam cair'; mas o Senhor é o socorro deles.  

7. Quão exatamente Macário, cento e quatorze anos atrás, descreve a presente experiência dos filhos de Deus: 'O inábil', ou inexperiente, 'quando a graça opera, presentemente imagina que ele não tem mais pecado. Enquanto que aqueles que têm prudência não podem negar que, mesmo nós que temos a graça de Deus, podemos ser molestados novamente. Porque nós temos freqüentemente tido exemplos de alguns, entre os irmãos, que têm experimentado tal graça, como a confirmar que eles não têm mais pecados neles; e, ainda assim, depois de tudo, quando eles se acreditaram inteiramente livres dele, a corrupção que espreitava interiormente, levantou-se renovada, e eles quase foram destruídos'.

8. Do momento de nosso nascer de novo, o trabalho gradual da santificação toma lugar. Nós somos habilitados 'através do Espírito, a mortificar as ações do corpo'; de nossa natureza pecaminosa; e, quanto mais estamos mortos para o pecado, mais e mais, estamos vivos para Deus. Nós seguimos, de graça em graça, enquanto cuidamos de 'nos abstermos de toda a aparência do mal', e somos 'zelosos das boas obras', quando temos oportunidade, fazendo o bem a todos os homens; enquanto caminhamos, em todas as Suas ordenanças, sem culpa; neste sentido, adorando a Ele, em espírito e em verdade, enquanto tomamos nossa cruz, e negamos, a nós mesmos, todo o prazer que não nos conduz a Deus.

9. É assim que nós esperamos pela santificação inteira; porque uma salvação completa de todos os nossos pecados, -- do orgulho, obstinação, ira, descrença; ou, como o Apóstolo expressa isto, 'buscar a perfeição'. Mas o que é perfeição? A palavra tem vários sentidos: aqui ela significa amor perfeito. É o amor eu exclui o pecado; amor preenchendo o coração, dedicando-se a toda capacidade da alma. É o amor 'regozijando-se, sempre mais; orando, sem cessar; e em todas as coisas dando graças'. 

II

Mas o que é a fé, por meio da qual somos salvos? Este é o segundo ponto que deverá ser considerado. 

1. A fé, em geral, é definida pelo Apóstolo como uma evidência; a evidência e convicção divina (a palavra significa ambas) das coisas que não são vistas; não visíveis; não perceptíveis, tanto pelas vistas, quanto por qualquer outro sentido externo. Isto implica ambas em uma evidência de Deus, e das coisas de Deus; uma espécie de luz espiritual, exibida para a alma, e um panorama ou percepção supernatural disto. De acordo com o que as Escrituras falam de Deus, fornecendo, algumas vezes, luz; algumas vezes, poder de discerni-la. Assim, Paulo diz: 'Deus que ordenou que a luz brilhasse na escuridão, tem brilhado em nossos corações, para nos dar a luz do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo'. E, em outra parte, o mesmo Apóstolo fala a respeito dos 'olhos' de nosso 'entendimento sendo abertos'. Através da dupla operação do Espírito Santo, tendo os olhos de nossa alma, ambos abertos e iluminados, nós vemos as coisas que 'os olhos'  naturais 'não vêem, nem os ouvidos ouvem'. Nós temos um prospecto das coisas invisíveis de Deus; nós vemos o mundo espiritual, que está em volta de nós, e ainda assim, não mais discernido, através de nossas faculdades naturais, do que se ele não tivesse existido. E nós vemos o mundo eterno; penetrando, através do véu que se estende entre o tempo e a eternidade. Nuvens e trevas, então, não mais repousam sobre ele, porque agora já podemos ver a glória que deverá ser revelada. 

2. Tomando a palavra, em um sentido mais particular, a fé é uma evidência e convicção divina, não apenas de que 'Deus está em Cristo, reconciliando o mundo para Si Mesmo', mas também, que Cristo me amou, e deu a Si Mesmo por mim. É através da fé (quer nós a denominemos essência, ou antes, uma propriedade desta) que nós recebemos Cristo; que recebemos a Ele, em todos os Seus ofícios; como nosso Profeta, Sacerdote e Rei. É, através disto, que 'Deus O faz sabedoria, retidão, santificação e redenção, junto a nós'.

3. 'Mas esta é a fé da convicção, ou fé da lealdade?'.

As Escrituras não mencionam tal distinção. O Apóstolo diz, 'Existe uma fé, e uma esperança de nosso chamado'; um cristão, uma fé salvadora; 'assim como existe um Senhor', em quem acreditamos, e 'um Deus e Pai de todos nós'. E é certo que essa fé implica necessariamente uma convicção (que aqui é apenas uma outra palavra para evidência, ficando difícil dizer a diferença entre elas) de que Cristo me amou, e deu a Si Mesmo por mim. Porque 'aquele que crê', com a verdadeira fé viva, 'tem testemunho em si mesmo': 'O Espírito Santo testemunha com seu espírito que ele é filho de Deus'.  'Porque ele é um filho, Deus enviou o Espírito de Seu Filho, ao seu coração, clamando, Aba, Pai';  dando a ele uma convicção de que ele é assim, e uma confiança inocente Nele. Mas que seja observado que, pela mesma natureza da coisa, a convicção vem antes da confiança. Porque um  homem não pode ter uma confiança pueril em Deus, até que ele saiba que ele é filho de Deus. Portanto, convicção, confiança, esperança, lealdade, ou o que mais possa ser chamado, não é a primeira, como alguns supõem, mas a segunda ramificação ou ato da fé.

4. Através da fé, somos salvos, justificados, e santificados; tomando a palavra em seu sentido mais sublime. Mas como nós somos justificados e salvos por ela? Esta é nossa terceira indagação. Sendo o ponto principal na questão, e um ponto de extraordinária importância; e não será impróprio dar a ela a mais distinta e particular consideração.

III

1. E, primeiro, como nós somos justificados pela fé? Em que sentido isto deve ser entendido? Eu respondo, a Fé é a condição; a única condição da justificação. É a condição: ninguém é justificado, a não ser aquele que crê: sem a fé, nenhum homem é justificado. E é a única condição: esta, tão somente, é suficiente para a justificação. Todos os que crêem são justificados, o que quer que tenham ou não tenham. Em outras palavras: nenhum homem é justificado, até que creia; todos os homens, quando crêem, são justificados.

2. 'Mas Deus não nos ordena que nos arrependamos também? Sim, que  produzamos os frutos do arrependimento – cessando, por exemplo, de fazermos o mal, e aprendendo a fazermos o bem? E, tanto um quanto o outro, da mais extrema necessidade; considerando que, se nós negligenciamos, prontamente um, nós não podemos razoavelmente esperar sermos justificados, afinal? E, se for assim, como podemos dizer que a fé é a única condição de justificação?'.

Deus, indubitavelmente, nos ordena a tanto nos arrependermos, quanto a produzirmos os frutos do arrependimento; o que se prontamente negligenciamos, nós não poderemos razoavelmente esperar sermos justificados, afinal: Conseqüentemente, o arrependimento e os frutos produzidos por ele são, em algum sentido, necessários para a justificação. Mas eles não são necessários, no mesmo sentido, para a fé; não no mesmo grau; porque esses frutos são apenas necessários, condicionalmente; se existe tempo e oportunidade para eles. Por outro lado, um homem pode ser justificado, sem eles, como foi o caso do ladrão na cruz (se nós podemos chamá-lo assim; porque um recente escritor descobriu que ele não era um ladrão, mas uma pessoa muito honesta e respeitável!), mas ele não poderia ser justificado, sem fé; isto é impossível; já que a fé é imediatamente necessária para a justificação. Permanece que a fé é a única condição, imediatamente e proximamente necessária para a justificação.

3. 'Mas você acredita que nós somos santificados pela fé? Nós sabemos que você acredita que somos justificados pela fé; mas você não acredita, e, portanto, ensina que nós somos santificados pelas nossas obras?'.

E assim tem sido redondamente e veementemente afirmado, durante esses vinte e cinco anos: mas eu tenho constantemente declarado justamente o contrário, e isto, de todas as maneiras possíveis. Eu tenho continuamente testificado, em público ou privado, que nós somos santificados, assim como justificados, através da fé. E, de fato, uma dessas grandes verdades, ilustra grandemente a outra. Exatamente como nós somos justificados pela fé, nós somos santificados pela fé. A fé é a condição; e a única condição da santificação, exatamente como é da justificação. É a condição: ninguém, é santificado, a não ser aquele que crê; sem a fé, nenhum homem é santificado. E esta é a única condição: apenas esta é suficiente para a santificação. Todos que crêem são santificados, o que quer que tenham ou não. Em outras palavras, nenhum homem é santificado, até que ele creia: todo homem que crê é santificado.

4. "Mas não existe um conseqüente arrependimento sobre isto, tanto quanto um arrependimento prévio para a justificação?  E não é incumbência de todos que são justificados, serem 'zelosos das boas obras?'. Sim, e essas não são assim necessários, de modo que se um homem prontamente negligenciá-las, ele não poderá razoavelmente esperar que possa ser, alguma vez, santificado, em seu sentido completo; ou seja, perfeito no amor? Mais do que isto, ele pode crescer, afinal, na graça, no conhecimento amoroso de nosso Senhor Jesus Cristo? Sim, pode reter a graça que Deus já deu a ele? Pode continuar na fé, que recebeu, ou no favor de Deus? Você mesmo não admite e continuamente afirma tudo isto? Mas, se assim for, como se pode dizer que esta é a única condição de santificação?".

5. Eu admito tudo isto, e mantenho continuamente, como a verdade de Deus. Eu admito que exista um arrependimento, como conseqüência, tanto quanto o arrependimento prévio para a justificação. É incumbência de todo aquele que é justificado ser zeloso das boas obras. E existe tal necessidade, porque, se um homem prontamente as negligencia, ele não poderá razoavelmente esperar que seja, alguma vez, santificado; ele não poderá crescer na graça, na imagem de Deus; na mente que estava em Jesus Cristo; mais ainda, ele não poderá reter a graça que recebeu; ele não poderá continuar na fé; no favor de Deus. Qual é a inferência que devemos traçar, daqui a diante? Uma vez que tanto o arrependimento, corretamente entendido, quanto a prática de todas as boas obras, -- obra de devoção, assim como obras de misericórdia  (agora, propriamente assim chamada, já que elas brotaram da fé) são, em algum sentido, necessários à santificação.

6. O arrependimento conseqüente à justificação, é largamente diferente daquele que a antecede. Isto implica, em nenhuma culpa, no sentido de condenação; nenhuma consciência da ira de Deus. Ele não admite qualquer dúvida do favor de Deus, ou algum 'temor de ter tormento'. É uma convicção razoável, forjada pelo Espírito Santo, do pecado que ainda permanece em nossos corações; da mente carnal, que 'ainda perdura' (como nosso igreja fala) 'mesmo naqueles que são regenerados'; embora ela não reine por muito tempo; ela não tenha agora domínio sobre eles. É uma convicção de nossa predisposição ao mal; de um coração inclinado à apostasia; da tendência ainda contínua da carne de cobiçar contra o espírito. A menos que vigiemos e oremos continuamente, ela se entrega ao orgulho; algumas vezes, à ira; algumas vezes, ao amor do mundo, ao amor às facilidades; ao amor à honra; ao amor ao prazer, mais do que amor a Deus. Trata-se de uma convicção ou tendência de nosso coração à obstinação, ao ateísmo, ou à idolatria; e, acima de tudo, à descrença; por meio da qual, por milhares de caminhos, e debaixo de milhares de pretextos, nós estamos sempre partindo, mais ou menos, do Deus vivo. 
           
7. Com esta convicção do pecado, permanecendo em nossos corações, existe uma clara convicção do pecado remanescendo em nossas vidas; ainda aderindo-se a todas as nossas palavras e ações. No melhor desses, nós agora discernimos uma mistura do mal no espírito, tanto no conteúdo, quanto na maneira deles; alguma coisa que não poderia resistir ao julgamento reto de Deus, fosse ele extremado para marcar o que é feito erroneamente. Onde menos suspeitamos, nós encontramos uma faísca de orgulho ou obstinação; de descrença ou idolatria; de maneira que estamos agora mais envergonhados das nossas melhores obrigações, do que anteriormente de nossos piores pecados: e conseqüentemente, nós não podemos deixar de sentir que esses estão longe de terem alguma coisa meritória neles; sim, tão longe de serem capazes de permanecer na vista da justiça divina, que, por causa desses também seríamos culpados diante de Deus, não fosse pelo sangue do redentor.

8. A experiência mostra que, junto com esta convicção do pecado, permanecendo em nossos corações, e aderindo-se a todas as nossas palavras e ações; tanto quanto a culpa que, por causa disto, nós poderíamos incorrer, não fôssemos constantemente borrifados com o sangue redentor; uma coisa mais é subtendida neste arrependimento; ou seja, a convicção de nosso desamparo; de nossa extrema incapacidade de termos um bom pensamento; ou formamos um bom desejo; e muito menos, falarmos uma palavra correta; ou executarmos alguma boa ação, a não ser, através da Sua graça Onipotente; primeiro nos prevenindo, e, então, nos acompanhando todo momento.

9. 'Mas que boas obras são essas, cuja prática você afirma ser necessária para a santificação:'.

Primeiro, todas as obras de devoção; tais como oração pública; oração familiar; e orando em seus aposentos; recebendo a Ceia do Senhor; buscando as Escrituras; ouvindo, lendo, meditando, e usando tal medida de jejum ou abstinência, como nossa saúde corpórea permite.  

10. Em Segundo Lugar, todas as obras de misericórdia, quer se refiram aos corpos ou às almas dos homens; tais como alimentar o faminto; vestir o despido; entreter o estranho; visitar aqueles que estão na prisão, ou doentes, ou afligidos de maneira variada; tais como se esforçar para instruir o ignorante; acordar o pecador estúpido; estimular o desinteressado; confirmar o oscilante; confortar o fraco de espírito; socorrer o tentado; ou contribuir, de alguma maneira, para salvar as almas da morte. Este é o arrependimento, e esses são 'os frutos encontrados nele', e que são necessários para a completa santificação. Este é o caminho que Deus tem indicado aos Seus filhos, em sua busca pela salvação completa.

11. Conseqüentemente, pode aparecer o extremo absurdo daquela opinião, aparentemente inocente, de que não existe pecado em um crente; que todo pecado está destruído, raiz e ramificação, no momento em que o homem é justificado. Não existe lugar para o arrependimento naquele que crê que não existe pecado, quer em sua vida, ou em seu coração: assim sendo, não existe lugar, para que ele seja perfeito no amor, para o qual aquele arrependimento, é indispensavelmente necessário.

12. Por esta razão, pode igualmente aparecer, que não existe possivelmente perigo nesse esperar pela salvação completa. Porque, supondo-se que estejamos enganados; supondo-se que tal bênção nunca foi, ou nunca poderá ser obtida, ainda assim, nós não perdemos coisa alguma; mais do que isto, esta mesma expectativa nos estimula a usar todos os talentos que Deus nos tem dado; sim, a aperfeiçoá-los; de modo que, quando nosso Senhor vier, Ele receberá o que é seu com crescimento. 

13. Mas para retornar: Embora seja permitido que ambos esse arrependimento e seus frutos sejam necessários para a completa salvação; ainda assim, eles não são necessários, tanto no mesmo sentido, quanto no mesmo grau, para a fé:

-- Não, no mesmo grau; porque esses frutos são apenas necessários, condicionalmente, se houver tempo e oportunidade para eles; se, por um lado um homem pode ser santificado, sem eles; por outro, ele não poderá ser santificado, sem a fé. Ou seja, um homem tenha muito desse arrependimento, ou muito das boas obras, ainda assim, isto tudo não será de proveito algum, afinal: porque ele não será santificado até que creia. Mas, no momento em que crer, com ou sem esses frutos; sim, com, mais ou menos, desse arrependimento, ele será santificado.

-- Não, no mesmo sentido; porque esse arrependimento e esses frutos são apenas remotamente necessários, -- necessários, com o objetivo da continuidade de sua fé, assim como, do crescimento dela; considerando que a fé é imediatamente e diretamente necessária para a santificação. Assim sendo, a fé é a única condição que é imediatamente e proximamente necessária para a santificação.

14. 'Mas que fé esta, por meio da qual somos santificados, --salvos do pecado, e perfeitos no amor?'.

É a evidência e convicção, divinas; primeiro, do que Deus tem prometido nas santas Escrituras. Até que estejamos totalmente satisfeitos com isto, não teremos movido um passo adiante sequer. E alguém poderia imaginar que não seria necessária uma única palavra mais, para convencer um homem razoável disto, do que a promessa antiga: (Deuteronômio 30:6) "E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas". Quão claramente, isto expressa o ser perfeito no amor! – quão fortemente, implica o ser salvo de todo pecado! Porque, por quanto tempo o amor tomar todo o nosso coração, que espaço existirá para o pecado, nele?

15. Em Segundo Lugar, é a evidência e convicção, divinas, de que o que Deus tem prometido, Ele é capaz de realizar. Admitindo, portanto, que 'com os homens é impossível extrair coisa limpa da sujeira'; purificar o coração de todo o pecado, e  cultivá-lo com toda santidade; ainda assim, isto não cria dificuldade no caso, vendo que 'com Deus, todas as coisas são possíveis'. E, certamente, ninguém imaginou que isto fosse possível a qualquer outro poder menor do que aquele do Altíssimo! De maneira que, se Deus fala, isto deverá ser feito. Deus diz: 'Haja luz; e houve luz!'

16. Em Terceiro Lugar, é uma evidência e convicção de que Ele é capaz e está disposto a fazer isto já. E por que não? Um momento para Deus, não é o mesmo que mil anos? Ele não pode querer mais tempo, para executar qualquer que seja a vontade Dele. E não pode necessitar ou esperar por mais merecimento ou aptidão nas pessoas, as quais Ele se agradou de honrar. Nós podemos dizer, por conseguinte, a qualquer tempo, 'Agora é o dia da salvação!'. 'Hoje, se você ouvir a voz Dele, não endureça seu coração!'. 'Observe que todas as coisas já estão prontas; venha para o casamento!'.

17. Para esta confiança de que Deus é tanto capaz, quanto de boa vontade nos santifica agora, é necessário que acrescentemos uma coisa mais, -- a evidência e a convicção, divinas, de que Ele faz isto. De que naquela hora é feita: Deus diz, no mais profundo da alma: 'De acordo com tua fé, que ela seja junto a ti!'. Então, a alma é purificada de toda mancha do pecado; é limpa 'de toda iniqüidade'. O crente, então, experimenta o profundo significado daquelas palavras solenes: 'Se caminharmos na luz, como Ele está na luz, nós teremos camaradagem, um com o outro, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos limpará de todos os pecados'.

18. 'Mas Deus opera está grande obra em nossa alma, gradualmente ou instantaneamente?'. Talvez, em alguns, ela possa ser forjada gradualmente; eu quero dizer, neste sentido, -- eles não atentam para o momento particular, em que o pecado cessa de existir. Mas seria infinitamente desejável, fosse da vontade de Deus, que isto pudesse ser feito instantaneamente; que o Senhor pudesse destruir o pecado, 'através do respirar de Sua boca'; de repente, num piscar de olho. E assim, Ele geralmente faz; um fato claro de que existe evidência suficiente para satisfazer qualquer pessoa sem preconceito. Portanto, busque por ela, todo momento! Busque por ela, no caminho acima descrito; em todas essas boas obras, para o que você 'foi renovado em Jesus Cristo'. Não existe nisto, então, perigo: você não poderá ser pior, se você não for melhor, para esta espera. Porque mesmo que você fosse desapontado em sua esperança, ainda assim, não teria perdido coisa alguma. Mas você não será desapontado em sua esperança: ela virá, e não tardará. Busque por ela, então, todos os dias, todas as horas, todos os momentos! Por que não nesta hora, neste momento? Certamente você pode buscá-la agora, se você acredita que é, através da fé. E, através desse sinal, você pode certamente saber, se você a está buscando pela fé, ou pelas obras. Se pelas obras, você necessita que alguma coisa seja feita, primeiro, antes que você seja santificado. Você pensa: eu devo primeiro ser ou fazer assim e assim. Então, você a está buscando, através das obras, até o momento. Se você a busca pela fé, você pode esperar por ela, como você está; e esperá-la agora. É importante observar que existe uma conexão inseparável entre esses três pontos, -- esperá-la pela fé; esperá-la, como você está; e esperá-la agora! Negar um deles, é negar a todos eles; permitir um deles, é permitir a todos. Você crê que nós somos santificados pela fé? Então, seja verdadeiro para com seus princípios; e busque por essa bênção, exatamente como você é, nem melhor, nem pior; como um pobre pecador, que, ainda assim, não tem coisa alguma a pagar; nada a pleitear, a não ser a 'Cristo morto'. E se você buscar por isto, como você é, então, aguarde por ela agora. Por nada mais; por que você deveria? Cristo está pronto, e Ele é tudo que você necessita. Ele está esperando por você: Ele está à porta! Consinta que o mais profundo de sua alma clame:

Entra, entra, convidado celestial!
Não se remova daqui novamente;
Mas ceia comigo, e que o banquete
Seja o amor eterno.



PONTO CENTRAL

O pecado afetou toda a raça humana, por isso, todos precisam de salvação.


I - A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DOS GENTIOS (Rm 1.18-32)

1. A rejeição. Ao dar início a sua argumentação em Romanos 1.18-32, o apóstolo tem em mente a triste situação na qual se encontra o mundo gentílico. Esse estado de insensibilidade frente à realidade das coisas espirituais foi proporcionado pela ignorância na qual eles viviam. O pecado os havia lançado para longe de Deus. Quanto mais distante do Criador, mais o pecado manifesta os seus tentáculos e ganha força. Essa atitude de rebelião contra Deus culmina na idolatria, ou seja, coloca a criatura em lugar do Criador. O homem, com suas paixões e concupiscências, e não Deus, se torna o centro da existência: "E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis" (Rm 1.23). A ignorância espiritual conduz à idolatria religiosa.

2. A revelação. Se o mundo está em trevas, Deus não pode ser responsabilizado por isso. Esta é a argumentação de Paulo aos romanos. Deus sempre se revelou aos homens ao longo da história. Aqui fica evidente que o Senhor se deu a conhecer através das coisas criadas (Rm 1.20). Essa revelação natural, também denominada na teologia bíblica de "revelação geral", é uma testemunha contra a falta de sensibilidade da criatura diante do seu Criador. Embora o homem não possa conhecer a Deus perfeitamente através da revelação natural ou geral, conhecimento que só se torna possível através da revelação especial de Deus, Jesus Cristo, todavia ele deveria se sentir despertado para a realidade espiritual através das coisas criadas (Rm 1.21). 

3. A punição. Os versículos 22 até o 32 do capítulo primeiro de Romanos revelam as consequências do pecado na vida dos homens. Eles tiveram a oportunidade de glorificar a Deus, mas não o fizeram (Rm 1.21), e agora colhem os maus frutos dessa obstinação. A expressão "Deus os entregou" não tem o sentido de causalidade, o que demonstra que Deus não é o responsável por essa obstinação humana. Ele apenas permitiu que os homens, como consequência de suas próprias ações e escolhas, andem nos seus próprios caminhos. Todavia, precisam saber que serão responsabilizados por isso. E de fato o foram. Paulo destaca que essa atitude reprovada cegou os homens, lançando-os na insensatez da idolatria, pois trocaram o Criador pela criatura (Rm 1.23). Depois os levou ao desvio da sexualidade (Rm 1.26,27) e, por último, fez com que eles adotassem uma diversidade de vícios morais e sociais (Rm 1.28-32). 



SÍNTESE DO TÓPICO I

Os gentios necessitam de salvação, pois também foram afetados pela Queda.


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Paulo retratou claramente a inevitável decadência em direção ao pecado. Primeiro, as pessoas rejeitaram a Deus; em seguida, elaboraram seu conceito de como Ele deveria ser; depois cedem a toda espécie de iniquidades: ganância, ódio, inveja, crimes, lutas, engano, malícia; finalmente, chegam a odiar a Deus e a encorajar os outros a fazerem o mesmo. Mas Ele não é o agente dessa progressão em direção ao mal. Quando as pessoas o rejeitam, Deus permite que elas vivam como desejam. Permite que experimentem as consequências naturais dos pecados que praticam. Uma vez preso nesse movimento descendente rumo ao pecado, ninguém poderá libertar-se por suas próprias forças. Os pecadores devem confiar somente em  Cristo para libertá-los da destruição" (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Rio de Janeiro: CPAD, p. 1553).


CONHEÇA MAIS



*A comunidade da aliança do Antigo Testamento
"Todo menino judeu era circuncidado ao 8º dia de nascimento. Assim, estava unido à comunidade da aliança do Antigo Testamento, a quem Deus concedera a sua Lei. Possuir a Lei, entretanto, era inexpressivo, salvo se a pessoa a guardasse. Em breve Paulo irá demonstrar que não há quem possa cumprir às exigências de sua própria consciência, quanto mais as mais elevadas obrigações determinadas pela Lei de Deus". Para conhecer mais leia Guia do Leitor da Bíblia, CPAD, p. 738. 



 Era uma alta honra ter sido escolhido dentre todas as nações para ser despenseiro dos mistérios de Deus.

II - A NECESSIDADE DE SALVAÇÃO DOS JUDEUS (Rm 2.1-3.8)

1.Os judeus em relação aos gentios. Paulo valeu-se do método de diatribe na carta aos Romanos, pois tal recurso permitia que ele dialogasse com os leitores. É de imaginar que um judeu, quando lesse o que Paulo dissera anteriormente sobre o mundo gentílico, ficasse eufórico pelo tom duro adotado no discurso de Paulo. Os gentios, de fato, encontravam-se numa situação deplorável diante de Deus. Entretanto, os judeus moralistas não estavam em melhor situação (2.1-16). Eles também eram igualmente condenáveis diante de Deus (Rm 2.1-3). Eles condenavam os gentios, mas praticavam pecados semelhantes. Por isso, eram carentes da graça de Deus da mesma forma. 

2. Os judeus em relação à Lei. Outro aspecto da argumentação do apóstolo em relação aos judeus encontra-se nos versículos 17-29 do capítulo 2 de Romanos. Paulo sabia que todo judeu se orgulhava da Lei que lhes fora outorgada no Sinai (Rm 2.17,18). Ao contrário dos gentios que possuíam apenas a revelação natural, a eles fora dado também a Lei. Contudo, havia uma incongruência entre o conhecer a Lei e o praticá-la. Apenas o conhecimento da letra da Lei, sem a devida interiorização das suas normas e preceitos, conduziu o judaísmo a um moralismo estéril e farisaico. Nesse aspecto, de nada adiantava conhecer a Lei e não vivê-la (Rm 2.28,29). O judeu se tornara tão culpável quanto o gentio. Infelizmente, é ainda exatamente assim que muitos cristãos agem.

3. Os judeus em relação à aliança. A pergunta que todo judeu faria Paulo fez para logo depois dar a resposta: "Qual é, logo, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas" (Rm 3.1,2). Mesmo tendo afirmado anteriormente que o que vale mesmo é a circuncisão do coração, o apóstolo não nega os privilégios de pertencer ao povo de Deus (Israel). Isso é mostrado no privilégio que eles tiveram de serem os despenseiros dos mistérios de Deus. A palavra grega logion, traduzida aqui como "palavras de Deus", significa oráculo. A expressão refere-se é a revelação da Lei que Deus deu a Israel no Sinai. Era uma alta honra ter sido escolhido dentre todas as nações para ser despenseiro dos mistérios de Deus. Todavia, como bem observou F. F. Bruce, essa alta honra levava consigo uma grande responsabilidade. Se se mostrassem infiéis à confiança depositada neles, seu caso seria pior do que o das nações as quais Deus não se tinha revelado. 


SÍNTESE DO TÓPICO II

Os judeus, embora fosse o povo escolhido de Deus, também necessitam de salvação.


A humanidade em seu estado natural, separada de Cristo, portanto, sob o domínio do pecado, é incapaz de libertar-se por si mesma.

SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade" (Rm 2.2). Que podemos entender nessa declaração? O julgamento de Deus é instituído aqui em razão dos pecados do paganismo e do falho moralismo dos judeus em condenar os gentios. A questão da condenação do pecado é uma só para todos. Uma vez que tenha pecado, qualquer um incorre na condenação de Deus. Paulo declara que os gentios pecaram (1.18-32) e os judeus também pecaram (2.17-3.8). Portanto, uma vez que, tanto judeus como gentios pecaram, todos carecem da justiça de Deus (3.9-20).
O judeu cria que possuía privilégio especial, e por isso poderia escapar do juízo já conhecido para os gentios, mas a realidade era que o juízo seria 'segundo a verdade'. Esta expressão 'segundo a verdade' significa que o julgamento divino seria conforme a culpa de cada um, baseada nos pecados cometidos por cada um. O judeu interpretava erradamente a misericórdia, pois imaginava como um ato de tolerância divina com o pecado. 
[...] Deus demonstrou aos judeus sua 'bondade, tolerância e longanimidade', a fim de que eles deixassem o pecado e se arrependessem. Mas não fizeram caso dessa 'riqueza' (2.4) e, por isso, por sua 'dureza e impenitência' (falta de arrependimento), e por julgarem negativamente o propósito divino, entesouraram para si 'ira para o dia da ira' (2.5).  Qual é o dia da ira? É o dia do ajuste de contas. É o dia quando a balança julgadora de Deus vai pesar nossos atos e, mediante seu peso, serão julgados. É o dia da retribuição ao pecado e da sua inevitável punição" (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho da Justiça de Deus. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, pp.39-40).


III - A NECESSIDADE DA SALVAÇÃO DA HUMANIDADE (Rm 3.9-20)

1. A universalidade e o jugo do pecado. A argumentação de Paulo em Romanos 3.9-20 é que tanto os gentios como os judeus sem Cristo estão debaixo da condenação do pecado (Rm 3.9). A raça humana sem Cristo está sob o domínio do pecado. A expressão grega hüpo hamartían, traduzida como "debaixo do pecado", tem o seguinte sentido: no poder de, debaixo da autoridade de. Essa mesma construção gramatical ocorre em Mateus 8.9. Nessa passagem encontramos o centurião dizendo: tenho soldados hüpo emautón (por debaixo de mim), que em português tem o sentido de às minhas ordens. A ideia de Paulo é mostrar que a humanidade em seu estado natural, separada de Cristo, portanto, sob o domínio do pecado, é incapaz de libertar-se por si mesma. 

2. Valores e comportamentos. Outras duas verdades que podemos perceber na argumentação de Paulo em Romanos 3.10 a 18, estão relacionadas com o caráter e a conduta. O pecado distorceu valores e comportamentos na sociedade. Valores invertidos são marcas de uma humanidade caída. Somente em Cristo eles podem ser reorientados. 


SÍNTESE DO TÓPICO III

Todos, judeus e gentios, pecaram e necessitam da salvação que só pode ser encontrada em Jesus Cristo.


SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO

"Não há um justo, nem um sequer (3.9-18). Paulo havia argumentado que tanto os judeus quanto os gentios haviam pecado, e não alcançaram a glória de Deus. Agora ele prova essa observação citando vários Salmos. Seus leitores judeus poderiam rejeitar seu argumento, mas dificilmente rejeitariam o veredicto das palavras que eles sabem que são palavras de Deus.
'Tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus' (3.19,20). A palavra bupodikos foi usada no sentido legal de 'passível de punição'. A lei moral, na qual esperam o judeu e o gentio de boa moral, provou não ser uma fonte de esperança, e sim o padrão pelo qual  foi estabelecido o insucesso deles. Assim, a lei não é marco de estrada nos direcionando à recompensa divina, mas espelho que, quando usado corretamente, nos revela nossos pecados" (RICHARDS, Lawrence. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 7.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p. 292).


CONCLUSÃO

A universalidade do pecado, isto é, que todos os homens estão debaixo da condenação eterna, é uma doutrina claramente demonstrada na Epístola aos Romanos. Por outro lado, o universalismo, doutrina herética que afirma que todos os homens, independentemente se acreditam em Cristo ou não, no fim de tudo, serão salvos, é claramente rejeitada nessa mesma carta. 
Cabe a nós, portanto, conhecedores desses fatos, viver essa bendita salvação e compartilhá-la com quem ainda não a possui.


RIVALDO NASCIMENTO

- Ensinador Cristão Nº 66 do 2º trimestre de 2016

- O texto bíblico aqui empregado é o da "Bíblia de Estudos", tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, publicada por Editora Vida.

- Imagens: www.escola-dominical.com.br  

- O Caminho Bíblico da Salvação - Editado por Anne-Elizabeth Powell, Bibliotecária na  Point Loma Nazarene College, com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

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