Três esclarecimentos que dizem respeito ao relacionamento
entre o AT e o NT. Relacionam-se com o meio da salvação, o nível da inspiração do AT
e a natureza de Deus. Nenhuma destas coisas é diferente entre um Testamento e outro.
A salvação sempre se baseava na morte de Cristo e vem somente pela fé. Só
que o conteúdo daquela fé mudou entre o AT e NT. O crente do AT nunca foi salvo
mediante a oferta de sacrifícios. Hebreus nos informa que nenhum único pecado foi
removido ou coberto por esses sacrifícios (Hb 10.4). Eram meras sombras que
preparavam o caminho para o único sacrifício eficaz – Cristo (Hb 10.10). O crente do
AT expressava a sua fé através desses sacrifícios simbólicos, mas certamente não era
salvo por eles. Assim como participar da Santa Ceia é um ato dos fiéis, para lhes
relembrar o sacrifício passado de Cristo, assim também os sacrifícios antigos eram
atos dos fiéis para lembrar-lhes do sacrifício futuro de Cristo.
Em segundo lugar, o fato de que boa parte do AT já se cumpriu e que algumas
leis já não se aplicam aos cristãos, não subentende que o AT é menos inspirado ou
menos importante do que o NT. Nem subentende que já não é proveitoso para o
crente contemporâneo. Uma boa compreensão do AT não somente é necessária para
ver o plano global de Deus através dos século, mas também para sabermos que “toda
a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para
corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito e
perfeitamente instruído para toda a boa obra” (2Tm 3.16,17). Para você saber mais sobre a inspiração da Bíblia, leia o Segundo Credo das Assembleia de Deus, publicado neste blog.
Certo estudioso ilustrou o relacionamento entre o AT e o NT como se fossem os
primeiro e segundo atos de uma peça de teatro. O primeiro ato é tão importante quanto
o segundo para compreender a totalidade. Sem o II Ato o I Ato é incompleto e não
satisfaz; mas, sem o I Ato o segundo fica incompreensível e inviável. Da mesma forma, os eventos no I Ato prenunciam o II Ato e assumem relevância à luz deste; e os eventos do
II Ato relembram eventos no I Ato e são esclarecidos por este. Mas no fim, a peça inteira
deve ser finalmente entendida à luz da sua conclusão (Bright 1986, 202).
Em terceiro lugar, devemos lembrar que Deus não passou por uma mudança
desde o período do AT até àquele do NT. Deus não é mais gracioso agora do que o
era no AT, nem é menos justo ou menos santo. A vinda de Cristo, simplesmente,
permitiu uma manifestação mais plena da graça de Deus. Deus não muda de geração
em geração, nem de um Testamento para outro; ele é o mesmo ontem, hoje e para
sempre (Hb 13.8).
RIVALDO NASCIMENTO.
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