sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

O Tentador - Conhecendo as Estratégias do Inimigo












Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.


Em Gn 3, vemos o tentador como uma serpente. O NT identifica Satanás como o tentador, pois lemos a respeito da antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo (Ap 12.9). Compare isso com João 8.44, Mateus 13.38-39 e I João 3.8. Tratavase de uma serpente literal, ou meramente a forma que Satanás assumiu para ganhar a confiança de Eva? A maldição pronunciada contra a serpente propriamente dita, comparando-a com outros animais (Gn 3.14) indicaria que era uma serpente literal. Neste caso, Satanás deve ter tomado posse dela para usá-la como instrumento para tentar a Eva. Isto estaria em harmonia com o método geral de Satanás, que é usar outros como seus agentes (Mt 16.23; At 5.3; II Co 11.14-15). Mas como uma serpente poderia falar? Assim como falar era um milagre divino para a jumenta de Balaão (Nm 22.28), a fala da serpente era um milagre satânico.

A serpente é um símbolo apropriado do diabo. No Éden, a serpente é descrita como mais astuta do que todos os animais do campo (Gn 3.1). Ora, a maneira dela deslizar furtivamente sugere o modo sutil e enganoso como Satanás sussurra suas tentações e planta dúvidas na mente das pessoas quanto a bondade de Deus e à veracidade da Sua Palavra.

Como explicamos o mal que há em Satanás? Seu livre arbítrio, dado por Deus, possibilitou tornar-se maligno. Podia optar entre obedecer a Deus ou rebelar-se contra Ele. Optou por desobedecer, e assim caiu da alta posição que Deus lhe dera. É um anjo caído pela sua própria escolha. II Pedro 2.4 e Judas 6 falam de anjos que pecaram. No decurso dos séculos, a igreja tem visto um relato velado da queda de Satanás nas palavras pronunciadas contra o rei da Babilônia em Isaías 14.12-21.

A Tentação 

Conhecer a estratégia do inimigo nos ajudará a resistir aos seus ataques. Satanás continua usando a mesma tática geral que ele aplicou a Adão e Eva. Tenhamos consciência dela, portanto e advirtamos aos outros a respeito dos seus planos malignos.


Tentar quando a pessoa está sozinha 

Satanás não buscou tentar Adão e Eva quando os dois estavam juntos. As pessoas que amam a Deus ajudam-se mutuamente a resistir a tentação. Satanás optou por tentar a mulher quando Adão não estava por perto; talvez por julgá-la um alvo mais fácil.

Usar outros para apresentar a tentação 

Satanás não apareceu pessoalmente para tentar Adão e Eva. Usou a serpente para tentar a mulher; e, a seguir, usou-a para tentar Adão. A tentação é mais forte quando provém de entes queridos ou de pessoas em quem confiamos. O próprio Satanás se disfarça como anjo da luz (II Co 11.13-15).

Questionar a proibição divina 

Satanás não começou com uma contradição da Palavra de Deus. Uma mentira descarada poderia ter levado Eva a reagir contra ele. Ele apenas sugeriu que a proibição não seria realmente da parte de Deus: “É assim que Deus disse?” (Gn 3.1). Implantou na mente de Eva a idéia de que o Deus bom não faria semelhante proibição. 

Lutero entende que a pergunta foi dirigida contra a veracidade da Palavra de Deus. Se a pessoa duvida da inspiração divina da Bíblia e da sua veracidade, metade da sua batalha contra a tentação já foi perdida. A incredulidade moderna nega que Deus tenha estabelecido um código absoluto de conduta em Sua Palavra. Os altos críticos até mesmo negam a existência da Palavra de Deus autêntica. Trata-se de um ataque contra o próprio âmago da moralidade. Sem um padrão absoluto de certo e errado, deixamos a porta escancarada para a tentação; cada um faz aquilo que é bom aos seus próprios olhos (Jz 21.25).

Questionar a bondade e o amor de Deus 

O método de Satanás era plantar suspeita e dúvidas na mente de Eva a respeito do caráter de Deus, ou seja: questionar sua bondade e seu amor. É possível que tivesse fingido surpresa ao falar: “É assim que Deus disse: Não comerei de toda a árvore?” (Gn 3.1). Com efeito, estava dizendo: “É possível que um Deus bom impediria a vocês de comer do fruto de alguma árvore? Deus realmente pode amar vocês, se Ele os limita assim?”. 

Desta maneira, o Maligno desviou a atenção de Eva da multidão de bênçãos recebidas do Criador e focalizou seus pensamentos na única proibição. Esta foi exagerada até parecer uma restrição pesada e malquista. Duvidar do amor de Deus e de sua bondade é romper as barreiras contra a tentação. Satanás opera continuamente para nos levar a duvidar do amor de Deus e da sua solicitude por nós. Os agentes de Satanás dão a entender que o padrão divino é severo demais, e que o Deus da Bíblia é demasiadamente exigente. 

Eva, inocente e sem suspeitas, não era páreo para o enganador astucioso. Ela procurou defender o caráter de Deus, mas menosprezou seus privilégios ao omitir a palavra toda na permissão dada por Deus (Gn 2.16). Além disso, exagerou a exigência de Deus ao acrescentar as palavras: nem dele tocareis (Gn 3.3). É possível que ela já começasse a acreditar que Deus era severo demais.

Negar as conseqüências fatais do pecado Em primeiro lugar, Satanás desafiou a proibição da lei de Deus e falou: “Certamente não morrereis” (Gn 3.4). Em seguida, adiantou-se ousadamente e negou que haveria castigo, dando a entender que Deus era mentiroso. O homem moderno que nega o julgamento divino está negando, de modo semelhante, a revelação divina da Bíblia (Mt 13.40-42; Ap 20.11-15). Negar a existência do castigo enfraquece o efeito da lei de Deus nas vidas dos homens e deixa a porta escancarada para todos os tipos de mal.

Deturpar valores para despertar o desejo Satanás acusou Deus de reter algo que era bom para as suas criaturas: “Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn 3.5). O tentador acusa Deus de egoísmo e de falta de disposição em dar às suas criaturas algo que as tornaria semelhantes a Ele. MacLaren nota que o diabo usa estas duas mentiras para nos lograr e nos levar a pecar: “Não lhes fará nenhum mal”, e “Vocês estão sendo roubados de algum bem ao não fazê-lo”.

Deus quer que seus filhos sejam semelhantes a Ele. Mas a semelhança a Deus não provém de comer o fruto proibido. Se nos desviarmos da vontade de Deus e nos exaltarmos para sermos juízes daquilo que é bom e daquilo que é mau, estamos caminhando para a desgraça. Satanás distorce o senso de valores que as pessoas têm e levaas a desejar aquilo que é ruim para elas (Is 5.20-21). É somente mediante a obediência a Deus e a dependência Dele que podemos ter o verdadeiro conhecimento, a semelhança de Deus e a satisfação. 

Intensificar o apelo em vários níveis 

As mentiras de Satanás abalaram a fé que Eva tinha na Palavra de Deus e no seu caráter. Ao invés de fugir da tentação (II Tm 2.22) ou de conversar com Deus ou com Adão a respeito da tentação, o desejo dela a atraiu à fruta proibida (Tg 1.14-15). Quanto mais ela olhava para o fruto, tanto maior era seu desejo de comê-lo. A tentação apelava a todas as partes da sua natureza: seu apetite físico, seu desejo intelectual do conhecimento e sua ambição espiritual (I Jo 2.16-17). Eva cometeu o engano de aceitar a avaliação feita pelo diabo e não aquela de Deus. Dependeu dos seus próprios sentidos e raciocínio ao invés de depender da Palavra de Deus enquanto olhava para o fruto proibido. E, finalmente, foi vencida pela tentação. Por um ato específico da sua vontade, por uma escolha deliberada, “tomou do seu fruto, e comeu” (Gn 3.6).

Adaptar a tentação à pessoa 

Satanás emprega métodos diferentes de apresentar a tentação. No caso de Eva, ele usou a serpente e arrazoou com ela. Para tentar a Adão, fez uso de Eva. Não sabemos os detalhes. O registro simplesmente diz: “E deu também a seu marido, e ele comeu com ela” (Gn 3.6). Por quê? A Bíblia diz que Adão não foi enganado (I Tm 2.14), mas prestou atenção à sua esposa ao invés de obedecer a Deus (Gn 3.17). Parece que amava seu cônjuge/criatura mais do que ao seu Deus-Criador. Quantas vezes Satanás procura atrair os cristãos para longe de Deus mediante o convite dos seus companheiros não-salvos para participar do modo de vida deles/delas! O primeiro casal humano optou deliberadamente por dar ouvidos a Satanás, por não dar crédito a Deus, por agradar ao próprio-eu e por rebelar-se contra seu criador. Freqüentemente nos referimos a este pecado com suas respectivas conseqüências como “a queda do homem” ou, simplesmente, “a Queda”.

As Conseqüências (Gênesis 3.7-24) 

As conseqüências fatais da Queda precipitaram-se sobre Adão e Eva como um dilúvio: “Foram abertos os olhos de ambos” (Gn 3.7). A palavra hebraica traduzida por “foram abertos” (pãkah) sugere um milagre repentino. Mas quão grande foi a decepção deles! Examinemos os resultados da queda deles.

Conheciam o mal por experiência própria A promessa de que conheceriam o bem e o mal foi cumprida, mas ao invés de torná-los semelhantes a Deus, foi maculada a imagem de Deus neles. MacLaren diz que “conhecer o mal era provavelmente um passo para frente intelectualmente; mas conhecê- lo pela experiência e como parte deles mesmos, necessariamente transformou sua inocência ignorante em amargo conhecimento com uma consciência que foi despertada para repreendê-los”.

Ficaram cheios de certo senso de vergonha quando se descobriram nus. Fizeram para si cintos de folhas para lhes servirem de aventais para se cobrirem. As folhas, no entanto, não podiam cobrir sua nudez interior causada pela remoção da sua pureza de alma. 

Há algo maligno no corpo humano? No princípio, Deus o criou bom. O mal está na mente das pessoas que corrompe, perverte e usa erroneamente as coisas que, em si mesmas, são boas e puras. Uma natureza caída faz com que o corpo, embora seja bom em si mesmo, seja o alvo da concupiscência e da violência. E assim, ao despertar a consciência de Adão e Eva, Deus lhes deu certo senso protetor de modéstia.

Foi rompida a comunhão com Deus 

O senso de culpa e de medo tomou o lugar da confiança e do amor que eles sempre sentiram diante de Deus. Os novos sentimentos impulsionaram Adão e Eva a se esconderem. O pecado sempre rompe a comunhão entre o homem e o seu Criador e faz o pecador fugir da presença de Deus. Teologicamente, romper a comunhão com Deus é morte espiritual. Deus é a fonte da nossa vida. 

A separação Dele traz a morte. Na morte física, nosso corpo já não tem sensibilidade do seu meio-ambiente. O corpo físico já não tem consciência das vistas e dos sons, das coisas e das pessoas em derredor. Na morte espiritual, o homem perde sua consciência de Deus, a comunhão com Deus e o companheirismo que possuía originalmente com o Criador. Seu espírito está morto no pecado (Ef 2.1-5). O que o homem necessita não é um esforço para consertar-se e comportar-se melhor, e sim a outorga de uma nova vida, de uma vida espiritual (Jo 1.4,12-13; 3.3,36; 10.10).

A natureza do homem foi contaminada pelo pecado 

Quando Deus interrogou Adão a respeito da sua obediência, o homem lançou a culpa sobre a sua esposa, como que culpando também o Senhor: “A mulher que me deste por companheira” (Gn 3.12). Enquanto ele não reconhecesse a sua própria culpa, não poderia arrepender-se e, sem o arrependimento, não haveria perdão. 
Eva, por sua vez, lançou a culpa na serpente. Alguma coisa radical acontecera com o casal. A sua natureza foi corrompida. O capítulo 4 demonstra que esta tendência ao pecado foi transmitida para a descendência deles.

O homem foi castigado 

A expulsão do Éden, a labuta com fadiga, o sofrimento e, finalmente, a morte física – todas estas coisas advieram como resultado da desobediência do homem. Adão e Eva procuraram justificar-se a si mesmos pelo seu pecado, mas foram declarados culpados. Tinham que sofrer as conseqüências. O julgamento contra a mulher foi: 

1. a dor e a tristeza acompanhariam o parto; 
2. seu desejo seria para o seu marido; 
3. seu marido a dominaria.

O desejo que a mulher sentiria para seu cônjuge refere-se não tanto à paixão física, mas principalmente a submissão ao esposo. Este é um fator indispensável da união conjugal! Deve haver um cabeça na família e Deus ordenou que este fosse o papel do marido (I Co 11.3). A intenção de Deus era para o bem da família, mas o pecado tem pervertido a prática deste preceito. A chefia do homem pecaminoso pode deteriorar-se em tirania e muitos lares são arruinados pela falta de amor e respeito, quando cada um dos cônjuges insiste em impor sua própria vontade. A solução para este problema está no padrão divino apresentado em Efésios 5.21-23. O homem foi castigado pela obrigação de buscar seu sustento mediante labuta cansativa e esgotante. A partir daquele momento, a terra não seria tão produtiva, nem o trabalho tão agradável quanto antes. A própria natureza sofreria os resultados da Queda. O homem teria que lutar com espinhos e cardos ao cultivar a terra.

Adão e Eva foram expulsos do Éden e os querubins da guarda impediram sua volta ao jardim. Não mais poderiam comer da árvore da vida, porque isto implicaria em viver para sempre em pecado. Este ato não era somente de julgamento, mas também de misericórdia. Deus, em Sua bondade, não permitiria que o homem vivesse indefinidamente no pecado. A Bíblia não declara que o homem era imortal antes da Queda, mas as Escrituras nos dão motivo para crer que se Adão tivesse passado no teste, teria recebido o direito de comer da árvore da vida e viver para sempre. E agora temos a promessa: “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus” (Ap 2.7). Tendo fracassado na prova, o homem foi sentenciado à morte. O poder da morte assumiu o controle, e, com o passar dos dias, sua influência seria fatal sobre o homem. Porém, o futuro da raça foi garantido pela procriação.

Adão e Eva foram expulsos do jardim, banidos do Éden. Isso simboliza o fato de que o pecado faz separação entre o pecador e Deus, entre o céu e a vida maravilhosa e feliz que Deus quer que o homem desfrute. Mas, graças a Deus! Cristo veio restaurar aquilo que o homem perdera na queda! Embora ainda soframos as conseqüências, já podemos gozar da comunhão espiritual com Deus e desfrutar das Suas bênçãos. Até mesmo a dor e o sofrimento nos fazem lembrar que, algum dia, iremos àquele paraíso celestial onde não há mais dor, nem tristeza (Ap 21.4). Ali, viveremos para sempre com o Senhor.

A Esperança da Redenção (Gênesis 3.14-15, 20-21) 


Antes de pronunciar o julgamento contra o homem, Deus concede-lhe o vislumbre da vitória futura. Mesmo no julgamento, Deus demonstra a sua misericórdia e abranda o castigo com a esperança do livramento futuro. 

Primeiro, o julgamento recai sobre o tentador. A serpente como instrumento de Satanás é condenada a uma vida de humilhação, arrastando-se no pó da terra (Gn 3.14).

Em seguida, Deus faz uma declaração a guerra entre Satanás e a raça humana, pronunciando a perdição do adversário de nossas almas (Gn 3.15). Kline descreve esta situação ao dizer que, além da mulher, a família inteira da verdadeira humanidade se tornará a descendência espiritual dela pela fé, e que estes familiares estarão em conflito contínuo com aqueles descendentes do Adão caído que, com toda a obstinação, demonstrarem ser filhos espirituais do Diabo (pág. 85). Jesus tratou deste assunto em João 8.33 e 44.

Uma batalha feroz será o clímax do antagonismo. Um descendente de Eva, ferido por Satanás, esmagará a cabeça da Serpente e vencerá definitivamente o Inimigo. Esta promessa é chamada primeiro evangelho. Parece que Adão creu na promessa, pois deu à esposa o nome de Eva, que significa vida. Ele esperava que a vida e a redenção viessem por meio da prole dela. No NT, vemos Jesus Cristo cumprir a promessa. Ele é o Redentor que esmagou a cabeça de Satanás no Calvário.

Deus ainda amava Adão e Eva e lhes providenciou roupas apropriadas, feitas de peles de animais (Gn 3.20-21). Neste ato, vemos tanto um símbolo quanto uma profecia. A vergonha do homem era um problema espiritual que seus próprios esforços não poderiam cobrir (Gn 3.7). Esta ação de Deus demonstrou que Ele forneceria cobertura para o homem pecaminoso e o restauraria ao relacionamento certo com Ele mesmo. Os animais que Deus sacrificou a fim de providenciar roupas apropriadas foram o início do sistema sacrificial. Prenunciavam o Cordeiro de Deus, a quem o Pai sacrificaria a fim de nos fornecer Sua justiça como cobertura dos nossos pecados (Jo 1.29; Sl 132.9).

RIVALDO NASCIMENTO

Hoff, Paul B. Gênesis : manual de estudo independente / Paul B. Hoff ; desenvolvido em colaboração com a Global University Staff ; Especialista de desenvolvimento de instrução L. Jeter Walker ; ilustrações Rick Allen, Jarry McCollough e Faith McCollough ; tradução Gordon Chown. - Campinas, SP : FAETAD, 2005.

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