"Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal."
(2 Co 5.10)
VERDADE PRÁTICA
Todos os crentes deverão comparecer diante do Tribunal de Cristo para que cada um receba a sua recompensa.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Coríntios 3.11-15
11 - Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.
12 - E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
13 - a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um.
14 - Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.
15 - Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.
OBJETIVO GERAL
Mostrar que todos os crentes vão comparecer diante do Tribunal de Cristo para serem recompensados por suas obras.
1- Saber que todos os salvos vão estar perante o Tribunal de Cristo para serem galardoados;
2- Explicar como Cristo vai julgar as nossas obras;
3- Compreender que chegará o dia em que teremos de prestar contas a Jesus das nossas ações.
INTRODUÇÃO
O Ensinador Cristão nos diz que “Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão” (1 Co 3.14). A doutrina do Tribunal de Cristo visa ensinar sobre como a Igreja prestará contas de tudo o quanto fez enquanto esteve presente no mundo. Ali, todas as obras se revelarão, desde as mais complexas às consideradas mais simples. Será um momento de julgamento divino acerca das ações e atitudes dos salvos em Cristo. Entretanto, é importante não confundir o Tribunal de Cristo com o Trono Branco. Este será destinado aos ímpios que serão julgados no final do Milênio, e aquele se destina aos crentes vivos e mortos, que foram ressuscitados pelo Senhor no advento do Arrebatamento da Igreja, a fim de serem julgados e receberem cada um, conforme a verdade de suas ações, o seu galardão.
O julgamento do Tribunal de Cristo se mostra tão sério que o texto base da lição da semana usa a imagem do “fogo” como elemento probatório à “verdade” e “valor” da obra julgada — é importante ressaltar que no Tribunal de Cristo serão julgadas as obras dos crentes. Conquanto a salvação de Cristo é pela graça mediante a fé, o galardão entregue a cada crente será distribuído mediante as obras. Neste aspecto, as obras do crente são essenciais para justificá-los diante do Tribunal de Cristo.
O texto de 1 Coríntios 3 mostra que acerca dos líderes, mas que pode ser aplicado a toda comunidade de crentes, a maneira pela qual eles continuarão a edificar a Igreja de Cristo será julgada neste Tribunal. Aqui, se verificará que tipos de obras tais líderes fizeram: se edificaram o edifício de ouro, se de prata, se de pedras preciosas, se de madeira, feno ou palha. Então, o detalhe de cada obra será manifesto naquela oportunidade. Então, o “fogo” provará a essencialidade de cada obra. Se após a provação do “fogo”, a obra permanecer, o crente receberá o seu galardão; senão, não o receberá. O texto diz que a obra padecerá sofrimento, mas isso não interferirá na salvação do crente. Este será salvo como pelo fogo, ou em linguagem mais contemporânea, “como por um triz” ou “por um fio” (1 Co 3.14).
Professor, estimule aos alunos a viverem o mandamento de Jesus: “Ame os outros como você ama a você mesmo” (Mc 12.31). Explique-os que toda a boa obra na vida do crente deve se fundamentar no princípio mandatório de nosso Senhor: o amor.
O Manual de Doutrina das Assembleias de Deus no Brasil, elaborado pelo conselho de
doutrina da CGADB, nos diz que, após o encontro
da Igreja com o Senhor Jesus nos ares, por ocasião do arrebatamento (1 Ts
4.17), o povo de Deus que foi arrebatado, já com o corpo glorificado,
comparecerá perante o Tribunal de Cristo (2 Co 5.10), para que as suas obras
realizadas na terra, através do corpo, em prol da causa do Evangelho, sejam
aprovadas (1 Co 3.12-15), a fim de que recebam (ou não) galardão.
Em Apocalipse
22.12 está escrito: "E eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo
para dar a cada um segundo a sua obra". Paulo faz referência a isso em 2
Timóteo 4.8, quando diz que a "coroa da justiça" lhe será entregue.
Pedro diz que "quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível
coroa de glória" (1 Pe 5.4).
No Tribunal de
Cristo todos os que foram arrebatados — ressuscitados e transformados —, irão
receber galardão "segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou
mal" (2 Co 5.10).
O que será julgado
Não se trata de
julgamento dos pecados, pelo fato de terem sido eles julgados em Cristo por
ocasião de sua morte (1 Jo 1.7; 1 Pe 2.24), pois Jesus não recorda jamais
aquilo que perdoou (Hb 8.12). No Tribunal de Cristo, o julgamento não será de
condenação (Rm 8.1; Jo 5.24), mas da qualidade do trabalho prestado na obra de
Deus (1 Co 3.12,13). Por outro lado, se o ser-viço prestado foi tão-somente
para a glória pessoal, haverá detrimento (1 Co 3.13-15), mas não estará em jogo
a salvação, somente o prejuízo de não se receber galardão (Mt 6.2,5,16).
I - O TRIBUNAL DE CRISTO E OS CRENTES
1. O julgamento.
Todos os crentes, já transformados e com um corpo incorruptível, vão comparecer perante o Tribunal de Cristo (cf. 2 Co 5.10; 1 Co 1.8). Não se trata de julgamento de pecados, pois os que serão julgados já são salvos. Os ímpios é que passarão pelo julgamento de suas obras e pecados, no juízo do Trono Branco, após o Milênio (cf. Ap 20.11-15). Os salvos em Cristo Jesus, desde que permaneçam fiéis, em santidade, não mais passarão por qualquer tipo de condenação: "Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito" (Rm 8.1). Estar "em Cristo Jesus" é a condição indispensável para ter sido salvo e permanecer salvo. Neste tribunal serão julgadas as obras dos salvos que foram praticadas na Terra, a fim de que recebam, ou não, o galardão (Ap 22.12).
O
significado do tribunal. Existem duas palavras traduzidas por "tribunal" no
Novo Testamento. A primeira é critërion, usada em Tiago 2.6 e em 1
Coríntios 6.2,4. De acordo com Thayer, essa palavra significa "instrumento
ou meio de pôr à prova ou julgar qualquer coisa; lei pela qual alguém
julga" ou "local onde o julgamento é feito; tribunal de juiz; banca
de juizes". (Joseph Henry Thayer, Greek-English
lexicon of the New Testament, p. 362) Conseqüentemente a palavra se referia
ao padrão ou critério pelo qual o julgamento era dispensado ou ao local onde o
julgamento era realizado. A segunda palavra é bêma, a respeito da qual
Thayer diz:
...local elevado cujo acesso se fazia por degraus;
plataforma, tribuna; usada em relação ao assento oficial de um juiz, Atos
18.2,16 [...] assento de julgamento de Cristo, Romanos 14.10 [...] a estrutura,
assemelhando-se a um trono, que Herodes construiu no teatro em Cesaréia e a
qual ele usava para assistir aos jogos e fazer discursos ao povo...(Ibid., p.
101)
Com respeito
ao seu significado e uso, Plummer escreve:
O [...] [bêma] é o tribunal, seja numa
basílica para o pretor numa corte de justiça, seja num acampamento militar para
o comandante administrar disciplina e dirigir-se às tropas. Em qualquer um dos
casos, o tribunal era uma plataforma na qual se colocaria o assento (sella) do
oficial que presidia. Na lxx... [bêma]
comumente significa plataforma ou andaime em vez de assento. (Ne 8.4...) No
Novo Testamento parece significar geralmente o assento [...] Mas em alguns
trechos significa uma plataforma na qual o assento é colocado. No Areópago o
[...] [bêma] era uma plataforma de pedra [...] Por mais afeiçoado que
Paulo fosse a metáforas militares e por mais que gostasse de comparar a vida
cristã à guerra, é pouco provável que estivesse pensando em um tribunal militar
aqui. (Alfred Plummer, A
critical and exegetical commentary on the second epistle to the Corinthíans, p.
156)
De acordo
com Sale-Harrison:
Nos jogos gregos de Atenas, a velha arena tinha uma
plataforma elevada na qual se assentava o presidente ou juiz da arena. De lá
ele recompensava todos os competidores; e lá ele recompensava todos os
vencedores. Era chamado "benta" ou "assento de
recompensa". Nunca foi usado em referência a um assento judicial. (L.
Sale-Harrison, Judgement seat
of Christ, p. 8)
Desse modo,
associa-se a essa palavra a idéia de proeminência, dignidade, autoridade, honra
e recompensa, e não a idéia de justiça e julgamento. A palavra que Paulo
escolheu em referência ao local diante do qual se dará esse acontecimento deixa
prever seu caráter.
A ocasião do bema de Cristo.
O acontecimento aqui descrito ocorre imediatamente após a translação da
igreja para fora da esfera terrestre. Existem várias considerações que apóiam
essa informação.
1) Em
primeiro lugar, de acordo com Lucas 14.14, recompensa está associada à
ressurreição. Visto que, de acordo com 1 Tessalonicenses 4.13-17, a ressurreição é parte
fundamental da translação, o galardão deve ser parte desse plano.
2) Quando o
Senhor retornar à terra para reinar, a noiva é vista como já recompensada. Isso
é observado em Apocalipse 19.8, em que a "justiça dos santos" é
plural ("atos de justiça") e não pode referir-se à justiça imputada
de Cristo, que é a porção do crente, mas aos atos de justiça que sobreviveram
ao exame e tornaram-se a base do galardão.
3) Em 1
Coríntios 4.5, em 2 Timóteo 4.8 e em Apocalipse 22.12, o galardão está
associado com "aquele dia", quer dizer, o dia em que Ele vier para os
Seus. Desse modo, devemos notar que o galardão da igreja acontecerá entre o
arrebatamento e a revelação de Cristo à terra.
Quando se dará?
Segundo Eurico Bergstén, acontecerá no dia em que Jesus voltar. O Salvador voltará e trará o seu galardão consigo (Ap 22.12). Naquele grande dia, todos os crentes que permaneceram fiéis ao Senhor, servindo a Ele com integridade, receberão a sua recompensa. Paulo foi um servo que sofreu muitas tribulações (naufrágio, cadeias, fome, nudez) em favor do Reino de Deus, porém ele esperava o dia em que receberia a sua coroa (recompensa). Ele afirmou que "naquele dia" receberia "a coroa da justiça" que lhe havia sido reservada (cf. 2 Tm 4.8). Não desanime diante das dificuldades enfrentadas neste mundo, pois em breve Jesus virá e recompensará todo o seu trabalho. Esta é a melhor recompensa que um servo ou uma serva de Deus pode receber.
O lugar do bema de Cristo. Não é preciso destacar que
esse exame deve realizar-se na esfera das regiões celestes. 1 Tessalonicenses 4.17 diz que seremos
"arrebatados [...] entre nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares". Visto que o bema segue a translação, os "ares"
devem ser o seu palco. Isso também é apoiado por 2 Coríntios 5.1-8, em que
Paulo descreve os acontecimentos que ocorrem quando o crente "deixar o
corpo e habitar com o Senhor". Desse modo, isso deve acontecer na presença
do Senhor na esfera dos "lugares celestiais".
3. Quem será o juiz?
Não temos dúvida e podemos afirmar, segundo a Palavra de Deus, que o juiz será nosso Senhor Jesus Cristo (2 Tm 4.8). O Pai entregou a Jesus todo o juízo (cf. Jo 5.22). Somente Deus e o seu Filho, no Universo, têm o direito legítimo de julgar os homens. Queira ou não, ninguém escapará da justiça do Todo-Poderoso (Is 43.13).
O Juiz no bema de Cristo. 2 Coríntios 5.10 deixa claro
que esse exame é conduzido diante da presença do Filho de Deus. João 5.22 declara que todo o julgamento foi confiado às mãos do Filho. O fato de esse mesmo
acontecimento ser citado em Romanos 14.10 como "o tribunal de Deus"
mostraria que Deus confiou o julgamento às mãos do Filho também. Parte da
exaltação de Cristo é o direito de manifestar autoridade divina no julgamento.
Os
participantes do bema de Cristo. Pouca dúvida deve haver de que o bema de Cristo está
relacionado apenas aos crentes. O pronome pessoal na primeira pessoa ocorre com
tão grande freqüência em 2 Coríntios 5.1-19 que não pode ser desprezado. Apenas
o crente poderia ter "uma casa não feitas por mãos, eterna, nos
céus". Apenas um crente poderia experimentar "mortalidade [...]
absorvido pela vida". Apenas um crente poderia experimentar o trabalho de
Deus, "que nos preparou para isto, outorgando-nos o penhor do
Espírito". Apenas um crente poderia ter a confiança de que, "enquanto
no corpo, estamos ausentes do Senhor". Apenas um crente poderia andar
"por fé, e não pelo que vemos".
SUBSÍDIO ESCATOLÓGICO
"As Escrituras ensinam que todos os membros da raça humana são responsáveis perante Deus (Jr 17.10; 32.19). Deus julgará tanto crentes quanto ímpios. O julgamento dos ímpios será diante do Grande Trono Branco - um evento descrito em Apocalipse 20.15, o qual ocorre após o reino milenial de Cristo. Este é o último julgamento antes da eternidade futura. Em 2 Coríntios 5.10, Paulo fala sobre o julgamento de todos os crentes: 'Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal'.
O fato de todos serem julgados demonstrará a justiça de Deus perante todas as criaturas. A salvação de alguns será a maior demonstração da graça de Deus que o mundo já viu. O julgamento dos ímpios ratificará seu desprezo pela salvação oferecida por Deus em seu Filho, resultando em condenação eterna" (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p.462).
*O prêmio do Senhor
"Galardão, prêmio a que fará jus o crente que tiver desempenhado bem a sua função no Reino de Deus. O apóstolo Paulo adianta que tais honrarias estarão infinitamente além do que sonha ou cogita o espírito humano: 'Mas, como está escrito: As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam' (1 Co 2.9). Além da Nova Jerusalém com todos os seus indivisíveis e inimagináveis encantos, o maior galardão do crente fiel será a presença do Senhor. Esta união, a que a Bíblia cognomina de as bodas do Cordeiro, representa o cumprimento pleno de nossos anseios que, desde a Queda, vêm nos crivando a alma de expectativas. Não pode haver galardão maior do que a presença de Deus entre seu povo." Leia mais em Dicionário de Profecia Bíblica, CPAD, p.78.
II - AS OBRAS DO CRENTE E O JULGAMENTO DE CRISTO
1. A precisão do julgamento.
O julgamento será preciso, pois passará pelo crivo do Senhor Jesus Cristo. Muitos fazem a obra de Deus e praticam boas ações apenas para serem vistos pelos homens. Estes buscam satisfazer seus interesses pessoais, buscam seus próprios galardões. Mas a Palavra de Deus diz que todas as obras serão provadas pelo fogo. O fogo divino vai purificar e revelar qual é a verdadeira intenção do coração.
A base da
avaliação no bema de Cristo. Devemos observar cuidadosamente que a questão aqui não é
verificar se o julgado é ou não o crente. A questão da salvação não está sendo
considerada. A salvação ofertada ao crente em Cristo livrou-o perfeitamente de
todo o julgamento (Rm 8.1; Jo 5.24; l Jo 4.17). Trazer o crente para o
julgamento do pecado, quer de pecados anteriores ao novo nascimento, quer de
pecados desde o novo nascimento, quer de pecados não confessados, é negar a
eficácia da morte de Cristo e anular a promessa de Deus de que "também de
nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqüidades, para
sempre" (Hb 10.17). Pridham escreve:
Um santo nunca mais será julgado pelas suas iniqüidades
naturais ou herdadas, pois já está legalmente morto com Cristo, e não é mais
conhecido ou tratado com base em sua responsabilidade natural. Ele estava sob
condenação de uma herança natural de ira e nada de bom tinha sido descoberto
na sua carne; mas sua culpa foi eliminada pelo sangue de seu Redentor, e ele é
perdoado livre e justamente por causa de Seu Salvador. Ele é justificado pela
fé, e é apresentado perante Deus no nome e pelos méritos do Justo; e, de sua
nova e sempre bendita condição de aceito, o Espírito Santo é o selo vivo e a
testemunha. Por sua própria conta, então, não poderá entrar em juízo... (Arthur
Pridham, Notes and reflections
on the Second Epistle to the Corinthians, p. 141)
Todo esse
plano está relacionado à glorificação de Deus pela manifestação de Sua justiça
no crente. Comentando sobre 2Coríntios 5.10, Kelly diz:
Mais uma vez, não é uma questão de recompensas como em 1
Coríntios 3.8,14, mas de retribuição no governo justo de Deus, de acordo com o
que cada um fez de bom ou ruim. Isso abrange todos, justos ou injustos. É para
a glória divina que todo o trabalho feito pelo homem deverá aparecer como
realmente é perante Aquele que é ordenado por Deus como Juiz de mortos e vivos.
(William Kelly, Notes on the
Second Epistle of Paul the Apostle to the Corinthians, p. 95.)
A palavra
traduzida por "compareçamos" em 2 Coríntios 5.10 poderia ser mais bem
traduzida por "sejamos manifestos", de modo que o versículo diria:
"Porque importa que todos sejamos manifestos". Isso implica que o
propósito do bëma é fazer uma manifestação pública, demonstração ou
revelação do caráter e das motivações essenciais do indivíduo. A observação de
Plummer: "Não seremos julgados en masse, ou em classes, mas um por
um, de acordo com o mérito individual” (Plummer,
op. cit., p. 157) confirma o fato de ser esse um julgamento
individual dos crentes perante o Senhor.
As obras dos
crentes são julgadas, chamadas "o [...] que tiver feito por meio do
corpo" (2 Co 5.10), a fim de que possa ser apurado se são boas ou más. Com
respeito à palavra mal (phaulos), devemos observar que Paulo não usa as
palavras comuns correspondentes a mal (kakos ou ponêras), que
significam o que é ética ou moralmente maléfico, mas, sim, a palavra que,
segundo Trench, significa:
... maldade sob outro aspecto, não o de maldade ativa ou
passiva, mas de inutilidade, de impossibilidade de gerar qualquer bem [...]
Essa noção de inutilidade ou desvalor é a noção central... (Richard C. Trench, New Testament synonyms, p.
296-7)
Desse modo o
julgamento não determina o que é eticamente bom ou mau, mas, pelo contrário, o
que é aceitável e o que não tem valor. O propósito do Senhor não é punir Seu
filho pelos pecados, mas recompensar seu serviço pelas coisas feitas em nome do
Senhor.
2. Ouro, prata e pedras preciosas.
Na Bíblia, o ouro simboliza aquilo que procede de Deus, as coisas divinas (Jó 22.23-25; Ap 3.18). Podemos comparar o ouro às obras que os crentes fizeram para a glória de Deus (1 Co 10.31). Obras praticadas por crentes que têm um espírito quebrantado e contrito. Estas foram "feitas em Deus" (Jo 3.21), ou seja, em parceria, comunhão com o Senhor. Quando usamos bem os talentos dados por Deus, realizamos obras "de ouro" (Mt 25.14,20). São obras que glorificam não o nosso nome ou ministério, mas a Deus (Mt 5.16).
Na tipologia bíblica, a prata é símbolo de redenção. No Antigo Testamento, a redenção dos filhos de Israel era paga em prata (Êx 30.11-16; Lv 5.15). No Novo Testamento, simboliza a redenção feita por Cristo (1 Pe 1.18; 1 Co 6.20).
As pedras preciosas são símbolos do Espírito Santo, ou da glória de Cristo no crente (Jo 17.22). Os crentes que possuem os dons espirituais têm o adorno do Espírito Santo. São obras feitas pelo poder do Espírito Santo (Fp 3.3; Tt 3.5).
3. As obras que perecerão.
"Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo" (1 Co 3.15). Esse texto mostra que haverá crentes cujas obras não subsistirão quando passarem pelo crivo do fogo divino. Observe:
a) Madeira. Na Bíblia, madeira é símbolo das coisas humanas. É uma figura da árvore, que cresce por si mesma. Há crentes que fazem muitas coisas, mas buscando a glória humana. No fogo do julgamento, elas vão desaparecer. Há quem trabalhe muito na igreja, mas não o faz para a glória de Deus (1 Co 10.31). Madeira não resiste ao fogo.
b) Feno. Feno é capim, erva seca. São obras aparentes, mas sem consistência, sem vida, tais como erva seca (Is 15.6). O capim é perecível (Is 51.12) e representa as obras dos crentes que trabalham somente buscando a glória e a fama para si. Infelizmente, nos dias atuais, há muitos pregadores e cantores que só realizam a obra de Deus pelo dinheiro ou se o evento tiver destaque na mídia. Estes "já receberam o seu galardão", aqui mesmo (cf. Mt 6.2, 5, 16).
c) Palha. A madeira tem certa consistência, mas a palha é muito fraca. Não resiste a força do fogo. O vento a leva com facilidade (Sl 1.4; Jó 21.18; Os 13.3). É instável. Não pode se misturar com o trigo (Jr 23.28); palha representa obras sem firmeza, ou seja, feita por crentes que são inconstantes. Muitos vivem mudando de igreja, de costume, de crenças, etc. São levados, como a palha, por "todo vento de doutrina" (Ef 4.14).
3) uma coroa de vida para os que suportaram a provação (Tg 1.12);
4) uma coroa de justiça para os que amam a Sua vinda (2Tm 4.8) e
5) uma coroa de glória para os que se dispuseram a apascentar o rebanho de Deus (l Pe 5.4). Essas passagens parecem revelar as áreas em que as recompensas serão concedidas.
O resultado do exame no bema de Cristo. 1 Coríntios 3.14,15 declara que esse exame terá duplo resultado: um galardão recebido e outro perdido.
O que determina se alguém recebe ou perde um galardão é a prova pelo fogo, pois Paulo escreve: "Manifesta se tornará a obra de cada um [a mesma palavra usada em 2 Coríntios 5.10]; pois o Dia a demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o provará" (1 Co 3.13). Nessa declaração é evidente, em primeiro lugar, que são as obras do crente que estão sendo examinadas. Além disso, vemos que o exame não é um julgamento baseado em observação externa; pelo contrário, é um teste que apura o caráter e a motivação interna. Todo o propósito de uma prova pelo fogo é identificar o que é destrutível e o que é indestrutível.
O apóstolo afirma que existem duas classes de materiais com que os "cooperadores de Deus" podem construir o edifício cujo alicerce já foi estabelecido. Ouro, prata, pedras preciosas são materiais indestrutíveis. Essas são as obras de Deus, das quais o homem simplesmente se apropria e usa. Por outro lado, madeira, feno e palha são materiais destrutíveis. São as obras do homem, que ele produziu com seus próprios esforços. O apóstolo revela que o exame no bema de Cristo visa a detectar o que foi feito por Deus mediante as pessoas e o que foi feito pela própria força do homem; o que foi feito para a glória de Deus e o que foi feito para a glória da carne. Isso não pode ser concluído pela observação externa, e, portanto, a obra deve ser posta a severa prova, para que seu caráter verdadeiro seja demonstrado.
1. Com base nesse teste, haverá duas decisões. Haverá perda de recompensa para o que for destrutível pelo fogo. Coisas feitas na força e para a glória da carne, independentemente do ato, serão reprovadas. Paulo expressa seu medo de depender da energia da carne e não do poder do Espírito quando escreve: "Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado" (1Co 9.27).
Quando Paulo usa a palavra desqualificado (adokimos), ele não está expressando medo de perder sua salvação, mas de ter sua obra declarada "inútil". A respeito disso, Trench escreve:
No grego clássico a palavra técnica para aplicar dinheiro em algo [...] [dokimê] ou evidência, com a ajuda de [...] [dokimion] ou prova [...] aquilo que é atestado por essa evidência [...] [dokimos, aprovado], aquilo que não é confirmado pela evidência [...] [adokimos, desaprovado ou rejeitado]... (Ibid., p. 260)
Para se garantir contra uma possível interpretação de que sofrer uma perda significa perder a salvação, Paulo acrescenta: "mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo" (1 Co 3.15).
2. Haverá um galardão pela obra demonstrada indestrutível pela prova de fogo. No Novo Testamento existem cinco áreas em relação às quais se mencionam especificamente o galardão:
1) uma coroa incorruptível para os que obtiveram vitória sobre o velho homem (1 Co 9.25);
1) uma coroa incorruptível para os que obtiveram vitória sobre o velho homem (1 Co 9.25);
2) uma coroa de alegria para os ganhadores de almas (l Ts 2.19);
3) uma coroa de vida para os que suportaram a provação (Tg 1.12);
4) uma coroa de justiça para os que amam a Sua vinda (2Tm 4.8) e
5) uma coroa de glória para os que se dispuseram a apascentar o rebanho de Deus (l Pe 5.4). Essas passagens parecem revelar as áreas em que as recompensas serão concedidas.
Algo na natureza das coroas ou recompensas é sugerido pela palavra traduzida por coroa (stephanos). Mayor diz que ela é usada em referência a:
1) coroa de vitória nos jogos atléticos (1 Co 9.25; 2Tm 2.5);
2) ornamento festivo (Pv 1.9; 4.9; Ct 3.11; Is 28.1);
3) honra pública concedida por um serviço notável ou por valor pessoal, como uma coroa de ouro dada a Demóstenes...( J. B. Mayor, The Epistle of James, p. 46)
Contrapondo essa palavra a diadema, Trench escreve:
Não devemos confundir essas palavras só porque o nosso termo "coroa" traduz ambas. Duvido que em algum lugar da literatura clássica [...] [stephanos] jamais seja usada em referência à coroa imperial [.,..] No Novo Testamento é claro que a [...] [stephanos] da qual Paulo fala é sempre a coroa do conquistador e não a do rei (1 Co 9.24-26; 2Tm 2.5) [...] A única ocasião em que [...] [stephanos] parece ser usada como coroa de um rei é em Mateus 27.29; cf. Marcos 15.17; João 19.2. (Trench, op. cit., p. 79).
Desse modo a própria palavra escolhida por Paulo para designar as recompensas está associada à honra e à dignidade concedidas ao vencedor. Embora venhamos a reinar com Cristo, a coroa real será apenas dEle. A nossa coroa é a do vencedor.
Em Apocalipse 4.10, em que os anciãos são vistos lançando suas coroas perante o trono num ato de louvor e adoração, fica claro que as coroas não serão para a glória eterna de quem as recebeu, mas para a glória de Quem as concedeu. Já que essas coroas não são vistas como posse permanente, surge a questão da natureza dessas recompensas. As Escrituras ensinam que o crente foi redimido para trazer glória a Deus (1 Co 6.20). Esse é o seu destino eterno. Colocar um sinal material de recompensa aos pés d’Aquele que está sentado no trono (Ap 4.10) é um ato dessa glorificação.
Mas o crente não terá, nesse momento, completado seu destino eterno de glorificar a Deus. Isso continuará por toda a eternidade. Visto que o galardão é associado a luz e brilho em muitos trechos das Escrituras (Dn 12.3, Mt 13.43; 1 Co 15.40,41,49), o galardão dado ao crente pode ser a capacidade de manifestar a glória de Cristo pela eternidade. Quanto maior o galardão, maior a capacidade dada de glorificar a Deus. Desse modo, no exercício do galardão do crente, Cristo, e não o crente, é glorificado.
A capacidade de irradiar a glória será diferente, mas não haverá sensação pessoal de carência uma vez que cada crente abundará até o limite de sua capacidade, "a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" (l Pe 2.9).
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
O propósito do julgamento dos crentes diante do Tribunal de Cristo é determinar se as obras de cada um foram dignas ou não. O julgamento é apenas para os crentes, de modo que, ainda sofram danos, estes serão salvos. Além disso, aqueles que ali forem julgados terão firmado suas vidas na Rocha, que é o próprio Jesus Cristo (1 Co 3.11,12). O Senhor avaliará as obras dos crentes ao longo de toda a vida. Uma vez que fomos separados para as boas obras que Deus preparou para os crentes (Ef 2.10), deveríamos esperar que Ele examinasse a fidelidade de nossas ações. (LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp. 463,464).
III - A PRESTAÇÃO DE CONTAS DO CRENTE E OS GALARDÕES
Galardões são prêmios. Lauréis a que o crente fez jus, pois desempenhou bem a função para qual foi vocacionado no Reino de Deus.
1. Os pastores darão conta dos seus rebanhos.
Ser pastor é um grande privilégio, mas também uma responsabilidade muito grande. Sabemos que a salvação é individual, mas aqueles que servem ao Senhor como pastores, um dia, terão que prestar contas ao Sumo Pastor. O profeta Ezequiel, criticou os líderes (pastores) de Israel por cuidarem de si mesmo, ao invés de cuidarem das ovelhas do Senhor. Leia Ezequiel 34. O profeta não se calou diante do erro dos líderes do seu povo, mas com coragem e ousadia, apontou o pecado e pronunciou o julgamento divino (Ez 34.7-10).
Ser pastor é um grande privilégio, mas também uma responsabilidade muito grande. Sabemos que a salvação é individual, mas aqueles que servem ao Senhor como pastores, um dia, terão que prestar contas ao Sumo Pastor. O profeta Ezequiel, criticou os líderes (pastores) de Israel por cuidarem de si mesmo, ao invés de cuidarem das ovelhas do Senhor. Leia Ezequiel 34. O profeta não se calou diante do erro dos líderes do seu povo, mas com coragem e ousadia, apontou o pecado e pronunciou o julgamento divino (Ez 34.7-10).
O Senhor dará a justa recompensa a cada pastor pelo seu trabalho. Muitos tem se desgastado fisica e emocionalmente em favor das ovelhas do Senhor. São incansáveis na pregação, no ensino da Palavra, visitando e cuidando de cada ovelha com muito carinho e zelo, seguindo o exemplo do Bom Pastor (Jo 10.10). Estes receberão o justo galardão pelo trabalho realizado. Por isso, se você recebeu de Deus o ministério pastoral, cuide com zelo de suas ovelhas, exerça seu ministério com dedicação, pois em breve Jesus voltará e lhe dará os lauréis pelo seu trabalho.
2. Crentes darão conta de seus talentos.
Todo crente recebeu algum tipo de talento (habilidades, dons) do Senhor. Uns recebem mais e outros menos, pois estes são distribuídos de acordo com a capacidade de cada um, mas todos recebem (Mt 5.14-30). O Senhor espera que venhamos desenvolver nossos talentos com dedicação e zelo, utilizando-os para a glória do Pai. Você é responsável, perante o Senhor, por usar bem aquilo que Ele lhe concedeu. Jesus está voltando, por isso, é tão urgente que venhamos empregar nosso tempo e nossos talentos diligentemente em sua obra. Não aja jamais como o servo negligente, que com medo do seu senhor, enterrou seu talento. Utilize suas habilidades em favor do Reino de Deus, pois o Pai vai lhe recompensar por isso.
Todo crente recebeu algum tipo de talento (habilidades, dons) do Senhor. Uns recebem mais e outros menos, pois estes são distribuídos de acordo com a capacidade de cada um, mas todos recebem (Mt 5.14-30). O Senhor espera que venhamos desenvolver nossos talentos com dedicação e zelo, utilizando-os para a glória do Pai. Você é responsável, perante o Senhor, por usar bem aquilo que Ele lhe concedeu. Jesus está voltando, por isso, é tão urgente que venhamos empregar nosso tempo e nossos talentos diligentemente em sua obra. Não aja jamais como o servo negligente, que com medo do seu senhor, enterrou seu talento. Utilize suas habilidades em favor do Reino de Deus, pois o Pai vai lhe recompensar por isso.
SUBSÍDIO BIBLIOLÓGICO
"A distribuição de recompensas será feita no julgamento. Tais recompensas nunca serão concedidas para satisfazer o ego do crente, mas trazer louvor e glórias a Cristo, aquEle que capacita o fiel a servir (Fp 1.11). Aos que servem com fidelidade são prometidas as recompensas. As boas obras, os frutos de justiça, glorificam aquEle que graciosamente imputou sua justiça aos crentes (Jo 3.21)."
(LAHAYE, Tim. Enciclopédia Popular de Profecia Bíblica. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, pp.463,64).
CONCLUSÃO
No Tribunal de Cristo, os crentes fiéis verão que valeu a pena suportar as aflições do tempo presente: "Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada" (Rm 8.18). Eles receberão seus galardões. Jesus é que fará a criteriosa avaliação das obras dos salvos para dar a cada um conforme o seu trabalho (Ap 22.12).
RIVALDO NASCIMENTO
- Ensinador Cristão Nº 65 do 1º trimestre de 2016. Marcelo Oliveira de Oliveira;
- Tuler, Marcos - Sumário de Escatologia e Soteriologia/Marcos Tuler - Rio de Janeiro: 3D Editora, maio 2013, 3ª edição;
- Tuler, Marcos - Sumário de Escatologia e Soteriologia/Marcos Tuler - Rio de Janeiro: 3D Editora, maio 2013, 3ª edição;
- J. Dwight Pentecost, Th.D. - Manual de Escatologia, e traduzido por Carlos Osvaldo Cardoso Pinto, Th.M. - Editora Vida;
- O texto bíblico aqui empregado é o da "Bíblia de Estudos", tradução de João Ferreira de Almeida. Edição Revista e Corrigida, publicada por Editora Vida;
- Imagens: www.escola-dominical.com.br;
O Manual de Doutrina das Assembleias de Deus no Brasil, elaborado pelo conselho de doutrina da CGADB, Casa
Publicadora das Assembléias de Deus, Rio de
Janeiro, RJ, Brasil - 6ª Edição 2004;
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